PARANÓIA
Abri a porta, cheguei ao corredor e, para não invadir sua privacidade, chamei alto seu nome. Nada ouvi e, com medo que estivesse com alguém, arrisquei seguir em frente. Enquanto os passos me conduziam, os pensamentos me levavam a uma velocidade ainda maior. Momentos intensos e marcantes que vivenciamos juntos, agora se projetavam em minha mente com caráter de estréia e tendo você como protagonista. Eram segundos que pareciam horas e metros que representavam quilômetros porque eu, simplesmente, não chegava àquele quarto! Então, finalmente, após ver e rever, inúmeras vezes, o filme da minha vida, girei a maçaneta e abri a porta lentamente na certeza de enxergar o que não queria ver! E lá estava você, só, à minha espera, com a garrafa de vinho na mão, perguntando-se por que eu demorara tanto para voltar da cozinha com o saca-rolhas.