A saga do Cavaleiro Cigano
Como já pressagiado no Vento Zíngaro, o vento, sem tréguas, vem cumprindo o prometido quando dos oráculos a consultar: a carta número 01 do baralho cigano, O Cavaleiro! No canto superior direito dela, vemos o símbolo do Planeta Mercúrio.
A energia é uma só. Contudo, a depender das mentes que a colocarão a serviço da magick, o símbolo varia. É assim que o cavaleiro no baralho cigano, o planeta mercúrio na astrologia, o deus Hermes na mitologia grega, o deus Thoth na mitologia egípcia, o orixá Exu na Umbanda e os santos Cosme e Damião no cristianismo são figuras animadas por um mesmo ideal, qual seja: levar e trazer num eterno ir e vir.
E já não é de hoje a trajetória do cavaleiro cigano; ele, degredado do Reino de Portugal, adentra as terras da colônia brasileira onde, para o desespero das gentes e usando do dialeto cigano das muitas gerigonças, reúne seu bando que fora descaracterizado quando do degredo – a habilidade de uma comunicação prática e racional se deu muito pela violência perpetrada sobre a ciganada: queriam, os gadjés, despojá-los da mater língua.
Compunha-se a caravana cigana de trinta e seis personalidades que a partir da articulação cavalheiresca (o cavaleiro tem ares de gentleman!) se alquimiam na saga que conduz a um só destino: alma e luz - fio condutor de muitas vidas!
Quando se aventura pela inconsciência lúdica dos próprios desejos, o cavaleiro desce o décimo primeiro caminho cabalístico rumo às luzes da sabedoria; quando se movimenta a partir da percepção do que lhe enseje vontade de ação, ele desce o décimo segundo caminho cabalístico rumo ao transcendental conhecimento.
Nos dogmas crististas nunca haveria de haver acolhida para a originalidade do que quer que fosse um dia o sonho de liberdade acalentado (e de certa forma vivido) pelo povo cigano – ao invés de depositarem o dízimo, eles doaram seus corações à Umbanda e nela vem mentando a poesia onírica das suas multicolores essências: runas, cartomancia, cristais, quiromancias...
Se concebidos pela emoção cigana, Exu e Pombagira deleitam-se com a exuberância que cintila e deixa transparecer ao longo dos caminhos o desdobramento da compreensão cósmica na consciência do cavaleiro.
É mitológico o domínio sedutor de Exu sobre as encruzilhadas. Nascido com o dom da malandragem, ele vagava mundo adentro sem riqueza, sem profissão, sem paixão, sem sonhos... Até que o chamado do Pássaro Sol o levou à casa de Oxalá. Foram dezesseis anos observando o velho orixá se esmerar no fabrico de humanos. As modelagens, conformes à época, eram perfeitas e Exu aprendeu rápido aquele ofício.
Ocorreu que, com o fim do ciclo do deus sacrificado da civilização judaico-cristã (finda Era de Peixes), deuses aquarianos que hibernavam por força do cristianismo retomaram as suas plenas cenas de liberdades mil.
O sexo deixava de ser pecado... As concepções aperfeiçoam-se, o fim dos martírios “crististas” significa para os ávidos por nascer promessa de prazer, de beleza, de originalidade, de felicidade... Uma nova era por acontecer: a de Aquário cujo herdeiro é Hórus, um deus guerreiro e conquistador... Um deus andrógino.
Lá na oficina de Oxalá, uma nova realidade se impunha: pelo bem da originalidade uraniana, novas tecnologias teriam que ser desenvolvidas para a modelagem das gentes porque o corpo ganhara formas mais densas e, a depender da opção, ele seria andrógino.
Oxalá vinha recebendo das almas presentes em troca de corpos que fossem talhados de acordo com a complexidade dos novos tempos. Tais presentes eram deixados nas encruzilhadas – foi aí que Oxalá as doou a Exu para que ele recebesse os presentes e fizesse a triagem dos pedidos. Exu passou a morar na encruzilhada, tornando-se, por força das oferendas, rico e poderoso!
Logo, quem dá movimento ao cavaleiro é o Exu que entre o céu e o inferno tem o passe livre a fim de nos intermediar o paraíso terreno – a Terra se lança no espaço para seguir o seu amado Sol... Somos seguidores involuntários deste amor sem finitudes... O equilíbrio dela tem nos garantido a integridade e tem nos feito pressupor a força dos contrários...
A encruzilhada encerra o poderio do Exu. Sendo assim, imbuído deste poder, o cavaleiro do baralho cigano movimenta-se com hábil objetividade na busca ou do nosso consciente, ou do nosso inconsciente (isso vai depender das lâminas que o circundem). Ele raciocina no sentido de que através da novidade (seja boa, seja ruim) sua comunicação com o mundo terá o condão de levá-lo incessantemente a lugares dos quais sempre partirá. Dá-se, assim, o nomadismo cigano.
Todas as noites, o cavaleiro retorna a encruza das almas (algumas penadas... outras menos calejadas), desata-lhes os nós e segue o pueril caminho das estrelas notívagas... Acaso dele saiba notícias pelas mãos do teu oráculo, atente: não tenhas medo de ficar só consigo porque o momento que te espera é o recomeço a partir do raciocínio mercuriano. É quando deixamos de lado a memória instintiva da lua e intuímos a lógica dos exatos. Serão as nossas possibilidades de escolhas racionais e não se diga aqui que o errante cavaleiro não tem emoção porque é alado nele tudo que tenha a ver com o coração...
O cavaleiro determina que Nadir, negra das mais sábias, prepare seu cavalo; pois, como já quase meia noite, o caminho se te impunha o profundo mistério das almas encruzas – havia em especial uma que o estava preocupando. Ela era do signo do Peixes e não parava de fazer indagações acerca da leveza que a sustentava.
Antes de deixar o singelo aposento, o espelho se te refletiu. Ele tem os cabelos alaranjados como o Planeta Mercúrio, tem o corpo magro e alto e não há profundidade em seu olhar porque ele não permanece em nenhum lugar; somente há na sua alma desejo e vontade que o tempo urge por realizar. A jovialidade esbanja o sorriso desse encantador cavaleiro.
Nadir mexe o caldeirão e o cheiro da porção dá ao cavaleiro o aval da partida. Cavalgando o breu do próprio coração, ele necessita que a flecha do Sagitário o leve ao Sol que subjaz àquela escuridão – segundo Zênite, branco de soberba postura, Sol não haveria que não fosse o de meio dia; dizia ainda que o cavaleiro blasfemava ao pensar que o Sol subjazeria um dia que fosse.
Mas, o cavaleiro sabia por que Nadir já a ele havia revelado que o Sol brilha para todos ainda que na escuridão e que também do infinito à luz de nossos corações o Pássaro Sol está a desejar a plenitude das criaturas.
Ele acreditava que a fortuna sob todos os aspectos da vida seria uma dádiva. Ele a desejava; logo, com a velocidade de um raio cavaleava à procura da flecha do Sagitário que o levaria ao encontro de um Sol mais recôndito e não menos brilhante: aquele que dá à luz os nossos corações!
A flecha do Sagitário está no canto direito da carta número 02 do baralho cigano: O Trevo!
Quando do texto relativo à carta 02, o cavaleiro encontrará a flecha do Sagitário e tentará um acordo com ele para expandir os horizontes da alma pisciana que já não mais suporta se sustentar a partir da própria leveza.
Como já pressagiado no Vento Zíngaro, o vento, sem tréguas, vem cumprindo o prometido quando dos oráculos a consultar: a carta número 01 do baralho cigano, O Cavaleiro! No canto superior direito dela, vemos o símbolo do Planeta Mercúrio.
A energia é uma só. Contudo, a depender das mentes que a colocarão a serviço da magick, o símbolo varia. É assim que o cavaleiro no baralho cigano, o planeta mercúrio na astrologia, o deus Hermes na mitologia grega, o deus Thoth na mitologia egípcia, o orixá Exu na Umbanda e os santos Cosme e Damião no cristianismo são figuras animadas por um mesmo ideal, qual seja: levar e trazer num eterno ir e vir.
E já não é de hoje a trajetória do cavaleiro cigano; ele, degredado do Reino de Portugal, adentra as terras da colônia brasileira onde, para o desespero das gentes e usando do dialeto cigano das muitas gerigonças, reúne seu bando que fora descaracterizado quando do degredo – a habilidade de uma comunicação prática e racional se deu muito pela violência perpetrada sobre a ciganada: queriam, os gadjés, despojá-los da mater língua.
Compunha-se a caravana cigana de trinta e seis personalidades que a partir da articulação cavalheiresca (o cavaleiro tem ares de gentleman!) se alquimiam na saga que conduz a um só destino: alma e luz - fio condutor de muitas vidas!
Quando se aventura pela inconsciência lúdica dos próprios desejos, o cavaleiro desce o décimo primeiro caminho cabalístico rumo às luzes da sabedoria; quando se movimenta a partir da percepção do que lhe enseje vontade de ação, ele desce o décimo segundo caminho cabalístico rumo ao transcendental conhecimento.
Nos dogmas crististas nunca haveria de haver acolhida para a originalidade do que quer que fosse um dia o sonho de liberdade acalentado (e de certa forma vivido) pelo povo cigano – ao invés de depositarem o dízimo, eles doaram seus corações à Umbanda e nela vem mentando a poesia onírica das suas multicolores essências: runas, cartomancia, cristais, quiromancias...
Se concebidos pela emoção cigana, Exu e Pombagira deleitam-se com a exuberância que cintila e deixa transparecer ao longo dos caminhos o desdobramento da compreensão cósmica na consciência do cavaleiro.
É mitológico o domínio sedutor de Exu sobre as encruzilhadas. Nascido com o dom da malandragem, ele vagava mundo adentro sem riqueza, sem profissão, sem paixão, sem sonhos... Até que o chamado do Pássaro Sol o levou à casa de Oxalá. Foram dezesseis anos observando o velho orixá se esmerar no fabrico de humanos. As modelagens, conformes à época, eram perfeitas e Exu aprendeu rápido aquele ofício.
Ocorreu que, com o fim do ciclo do deus sacrificado da civilização judaico-cristã (finda Era de Peixes), deuses aquarianos que hibernavam por força do cristianismo retomaram as suas plenas cenas de liberdades mil.
O sexo deixava de ser pecado... As concepções aperfeiçoam-se, o fim dos martírios “crististas” significa para os ávidos por nascer promessa de prazer, de beleza, de originalidade, de felicidade... Uma nova era por acontecer: a de Aquário cujo herdeiro é Hórus, um deus guerreiro e conquistador... Um deus andrógino.
Lá na oficina de Oxalá, uma nova realidade se impunha: pelo bem da originalidade uraniana, novas tecnologias teriam que ser desenvolvidas para a modelagem das gentes porque o corpo ganhara formas mais densas e, a depender da opção, ele seria andrógino.
Oxalá vinha recebendo das almas presentes em troca de corpos que fossem talhados de acordo com a complexidade dos novos tempos. Tais presentes eram deixados nas encruzilhadas – foi aí que Oxalá as doou a Exu para que ele recebesse os presentes e fizesse a triagem dos pedidos. Exu passou a morar na encruzilhada, tornando-se, por força das oferendas, rico e poderoso!
Logo, quem dá movimento ao cavaleiro é o Exu que entre o céu e o inferno tem o passe livre a fim de nos intermediar o paraíso terreno – a Terra se lança no espaço para seguir o seu amado Sol... Somos seguidores involuntários deste amor sem finitudes... O equilíbrio dela tem nos garantido a integridade e tem nos feito pressupor a força dos contrários...
A encruzilhada encerra o poderio do Exu. Sendo assim, imbuído deste poder, o cavaleiro do baralho cigano movimenta-se com hábil objetividade na busca ou do nosso consciente, ou do nosso inconsciente (isso vai depender das lâminas que o circundem). Ele raciocina no sentido de que através da novidade (seja boa, seja ruim) sua comunicação com o mundo terá o condão de levá-lo incessantemente a lugares dos quais sempre partirá. Dá-se, assim, o nomadismo cigano.
Todas as noites, o cavaleiro retorna a encruza das almas (algumas penadas... outras menos calejadas), desata-lhes os nós e segue o pueril caminho das estrelas notívagas... Acaso dele saiba notícias pelas mãos do teu oráculo, atente: não tenhas medo de ficar só consigo porque o momento que te espera é o recomeço a partir do raciocínio mercuriano. É quando deixamos de lado a memória instintiva da lua e intuímos a lógica dos exatos. Serão as nossas possibilidades de escolhas racionais e não se diga aqui que o errante cavaleiro não tem emoção porque é alado nele tudo que tenha a ver com o coração...
O cavaleiro determina que Nadir, negra das mais sábias, prepare seu cavalo; pois, como já quase meia noite, o caminho se te impunha o profundo mistério das almas encruzas – havia em especial uma que o estava preocupando. Ela era do signo do Peixes e não parava de fazer indagações acerca da leveza que a sustentava.
Antes de deixar o singelo aposento, o espelho se te refletiu. Ele tem os cabelos alaranjados como o Planeta Mercúrio, tem o corpo magro e alto e não há profundidade em seu olhar porque ele não permanece em nenhum lugar; somente há na sua alma desejo e vontade que o tempo urge por realizar. A jovialidade esbanja o sorriso desse encantador cavaleiro.
Nadir mexe o caldeirão e o cheiro da porção dá ao cavaleiro o aval da partida. Cavalgando o breu do próprio coração, ele necessita que a flecha do Sagitário o leve ao Sol que subjaz àquela escuridão – segundo Zênite, branco de soberba postura, Sol não haveria que não fosse o de meio dia; dizia ainda que o cavaleiro blasfemava ao pensar que o Sol subjazeria um dia que fosse.
Mas, o cavaleiro sabia por que Nadir já a ele havia revelado que o Sol brilha para todos ainda que na escuridão e que também do infinito à luz de nossos corações o Pássaro Sol está a desejar a plenitude das criaturas.
Ele acreditava que a fortuna sob todos os aspectos da vida seria uma dádiva. Ele a desejava; logo, com a velocidade de um raio cavaleava à procura da flecha do Sagitário que o levaria ao encontro de um Sol mais recôndito e não menos brilhante: aquele que dá à luz os nossos corações!
A flecha do Sagitário está no canto direito da carta número 02 do baralho cigano: O Trevo!
Quando do texto relativo à carta 02, o cavaleiro encontrará a flecha do Sagitário e tentará um acordo com ele para expandir os horizontes da alma pisciana que já não mais suporta se sustentar a partir da própria leveza.