“Garrafinha de Água!”
Em uma tarde estava eu num evento na avenida paulista, no céu havia nuvens escuras carregadas de água, o evento já estava no fim, as pessoas caminhavam apressadas em direção as estações do metro, eu estava com muita sede, era tanta que minha saliva parecia gelo seco, entrei em um bar para comprar uma garrafinha de água ao procurar dinheiro na carteira vi que não tinha meu Deus, fui furtado, procurei nos bolsos, nada de ter dinheiro, agora eu to perdido, sou tímido, não tenho coragem de pedir, o que irão pensar de mim? Que sou um desocupado, um vagabundo qualquer, odeio que pensem coisas ruins a meu respeito, sai do bar meio desolado, sem saber o que fazer, quando derrepente avistei uma garrafinha de água entre o meio-fio e o asfalto, as pessoas quase pisavam em cima dela, outras se desviavam, opa, agora mato a minha sede, pensei; ao me aproximar da desejada garrafa, veio um sujeito fortão vestido te terno e gravata e tropeçou nela, ai raiva; novamente tentei pega-la, me deu um momento do acanhamento, caramba, vão pensar que pego coisa no lixo para beber, eu fiquei entre a duvida de pegar e a vergonha, naquele momento eu me preocupava muito com o que os outros iriam pensar de mim, sem eu perceber, vinha de longe um sujeito puxando uma carrocinha com material reciclado, ele vinha procurando objetos que pudesse reciclar nos sacos a beira rua, e vinha do mesmo lado que eu estava, a minha cabeça doía, eu desejava muito pegar a água, mas a timidez não deixava, já estava conformado em caminhar mais de quarenta quilômetros a pé, mas a água naquele momento era meu objeto de primeira necessidade, o carroceiro aproximou-se da garrafinha, sem pestanejar, abaixou, pegou, passou a mão suja na tampinha, abriu e entornou de uma vez só no gargalo, em seguida, jogou o meu objeto de desejo dentro da carrocinha para reciclar, caramba, agora aonde vou encontrar outra? Neste momento eu senti uma sensação de lembrança retardada, sabe quando a gente se lembra de algo do nada? Isso aconteceu; peguei uma agendinha de bolso que um amigo me deu para entregar a sua mãe, abri, não acreditei, uma nota de vinte reais novinha pronta para ser trocada, me deu uma injeção de animo, agora vou comprar uma garrafinha de água só para mim, pagar minha passagem e ficar tranqüilo, neste momento o céu se descortina em água, as pessoas começam a correr para fugir da chuva, outras entram na estação do metro, eu também acelerei meus passos, já quase correndo, entrei no hol da estação, comprei uma garrafa de água, abri com tanto gosto que num gole ingeri a metade do desejado liquido cristalino, quando senti um puxãozinho do meu lado direito, olhei, era um menino de uns dez, ou onze anos, ele me pedia a água, moço, moço, me da esta água pra mim; eu nem acreditei, para não ser malvado, disse a ele, eu já bebi a metade, ele me olhou com aquele jeito carente, não tem problema, só quero matar a minha sede, dei a água para o garoto, o trem já vinha chegando, entrei, sentei e fui em direção a estação Corinthians Itaquera zona leste.
Esta historia é mera imaginação do autor, moral da historia; nunca devemos deixar a duvida atrapalhar o nosso progresso, caso tenhamos duvidas, devemos antes de prosseguir, avaliar todas as possibilidades para avançar, mas nunca desistir. Sejamos água, mas se preciso for, sejamos pedra, beijo a todos com carinho fraterno.
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