MONSTROS
A noite está fria.
Escura e fria.
Tremo inteira.
Se é medo ou frio
Pouco importa,
meu fim se aproxima.
Não posso afugentar tantos monstros.
Um a um eles se aproximam,
Encurralam-me, torturam-me.
Não tenho armas,
Não tenho nada.
Diminuta eu sou,
Um quase nada,
Imperceptível até.
Ninguém me vê!
Nem mesmo os monstros!
Que ironia!
Só eu os vejo.
Eles me apavoram,
São muitos, enormes e feios,
mas, eles não querem nada comigo.
Que paradoxo!
Sou eu que os seguro,
Prendo-os. Creio mais neles do que eles próprios.
Eles querem partir, estão desconfortáveis.
Não sabem o que estão fazendo ao meu redor.
O medo e o frio machucam-me um pouco mais.
Porém, vejo que os monstros estão perdidos.
Me animo um pouco
Digo-lhes que podem ir embora,
Mas, eles nem sequer me ouvem.
Grito, e nada.
Grito mais forte. Fujam malditos!
Eles apenas se movem.
Percebo que eles não tem para onde ir.
Tomo fôlego, dou alguns passos, eles não notam.
Sinto uma sensação estranha,
um misto de desapontamento e coragem;
Tomo a minha decisão. Sigo por outro caminho.
Os monstros ficam para trás, perdidos.