"Maravilhoso e Estranho Amor"
Tudo começou quando eu tinha de doze para treze anos.
Morávamos eu e minha família que eram, dois homens, eu e meu pai e três mulheres sendo minha mãe e duas irmãs.
De todos eu era o mais novo.
O meu dia se resumia a ir a escola de manhã e a tarde era só recreação, nadar e pescar.
Naquele sábado não tinha aula e eu queria passear no porto onde tinha uma feira e meu pai vendia peixes.
Mexendo em algumas madeiras, derrubei uma grande tábua que rasgou uma rede de pesca que estava lá para secar.
Meu pai que era de poucas palavras entrou em ação deixando minha bunda e costas ardendo.
Além do que, nada de feira.
Como o dia estava horrível o melhor seria dormir, porém se meu pai era ruim eu era pior.
Fui nadar no Costão.
Só quem mora na praia sabe que quando o mar está de ressaca, não se brinca com ele.
Como minha mãe proibiu minha saída, aí é que resolvi ir mesmo.
Comecei nadando em mar aberto, depois fui em direção a um rochedo que conhecia muito bem.
Mas a força das ondas começou a me arrastar contra as rochas.
Em vão tentei sair daquele redemoinho não consegui.
Fui sugado para o fundo, com a falta de ar mais e mais fundo, desmaiei.
Quando acordei estava em uma praia subterrânea.
A praia embora pequena tinha quase cinqüenta metros.
E terminava em paredes de pedra a direita e à esquerda.
Explorei a caverna em todos os detalhes, não tinha saída a não ser pelo mar.
Tentei sair nadando, mas era impossível, pois a água não deixava me trazendo sempre de volta.
A luz da caverna era como se fosse uma tarde de chuva, sem vento e sem sol, apenas, apenas aquela claridade que parece, sair das paredes de coral
Cansado dormi outra vez.
Tive sonhos, ou melhor, eram pesadelos, que estava sendo agarrado e examinado, acordei assustado.
Não abri os olhos, sentia que alguém me tocava, no cabelo, no rosto, nas pernas pegava em meu pé.
As mãos que me pegavam eram suaves, mas frias.
O toque era bom, mas eu não conseguia agüentar e abri os olhos.
Colado ao meu, vi o rosto mais lindo de minha vida.
Era uma mocinha com longos cabelos escorridos, lábios carnudos, estava nua e seus seios de menina moça eram lindos pareciam dois pêssegos, só que maiores.
Eu a assustei e ela correu para uma das pontas da praia.Passado um tempo, ela foi voltando e eu já calmo sorri para ela, e ela retribuiu.
Estendi a mão para pegá-la, ela se encolheu.
Depois deixou que eu a tocasse e me tocou também.
Ela não falava só balbuciava em uma língua estranha palavras desconexas.
Próximo havia um amarrado de algas com vários siris.
Ela mostrou a boca, eu entendi e comi, pois estava com
Bastante fome.
Conforme me alimentava descascando siri eu dava pequenos pedacinhos para ela.
Quando acabaram ela foi até umas pedras onde jorrava uma fonte límpida.
E tomou alguns goles.
Rindo me mostrou a água que também tomei.
Por gestos mostrei para ela que queria ir embora.
Ela assustada acenou que não e mostrou como algo de grande e mau estivesse na água e seria perigoso.
Quando cansado deitei de novo ela deitou ao meu lado
Ela foi suavemente se apossando de mim, suas carícias eram gostosas, seus beijos doces e seu corpo pareciam um vulcão.
Foi minha primeira experiência amorosa, mas acho que foi a melhor de todas.
A partir daí não fazíamos mais nada além de brincar, namorar e nos amar.
Ela trazia comida, comíamos, às vezes trazia banana, e umas frutinhas doces que eu não conhecia.
Ficamos viciados em amor.
Ela vinha correndo, abraçávamos, nos beijávamos e amávamos, era nossa rotina.
Com o decorrer dos dias, meses, fui ficando adulto, a barba crescendo como um eremita, só ela não mudava.
Tornei-me adulto e ela menina.
Às vezes me envergonhava de aproveitar de uma criança.
O tempo passou, envelheci, já não correspondia ao calor do seu amor, que continuava igual ou maior que antes.
Meu cabelo e barba ficaram grisalhos, ela gostava de brincar com minha barba.
Comecei a ficar com a vista fraca e meus dentes começaram a cair.
Ela levou-me ao fundo da caverna onde eu ainda não tinha estado.
A nossa frente apareceu uma planta monstro.
A planta ao perceber sua presença parece que ficou feliz e começou a fazer barulho.
Abraçaram-se como namorados, sei lá algo muito esquisito.
Da planta saiam bulbos como seios, ela mamou parece que a ninava.
Pegou-me pela mão e insistia para que eu fizesse o mesmo.
Parecia ter sentimentos, não queria deixar mamar em suas tetas.
Ela acarinhou a planta, mostrava os bulbos e fazia gestos para que eu mamasse.
Com um pouco de medo bebi aquela seiva doce.
Em poucos dias me recuperei, meu cabelo escureceu,fiquei novo outra vez.
Por quanto tempo estou aqui, não sei, mas eu, ela e a planta temos um estranho relacionamento.
Quando ela chega do mar grita de uma maneira fina e aguda.
Em qualquer lugar que eu estivesse ouvia imediatamente.
Como os dois usavam a seiva mágica a planta começou a definhar.
Percebi que ao chegar do mar ela desesperada ia à planta e sugava, sugava.
Parece que a seiva que saia para ela não era suficiente.
Como não saia dali eu sempre me abastecia.
Percebi que ela ficava nervosa e irritada.
Eu estava tirando sua vida e sabia disso.
Naquele dia amanheci decidido, iria acertar a situação.
Fiz-lhe muito carinho, beijei-a bastante e fizemos amor à noite todo.
De manhã fingi dormir, ela olhou para mim longamente depois se atirou nas águas.
Pelos meus cálculos só voltaria à tarde trazendo comida.
Aguardei um pouquinho e pulei na água também.
Nadei muito, cheguei a pensar que não conseguiria, mas de repente vi uma claridade enorme.
Nadei naquela direção e mesmo com os olhos fechados, o sol me feria bastante.
Caminhei pela areia tropeçando, pois pouco podia ver, estava desacostumado com a claridade do sol.
Caminhei muito e quando pensei ver a vila caí desmaiado.
Quando acordei todo suado está com toda família a cabeceira.
Minha mãe falou você desfaleceu, é isto que dá, o castigo veio.
Bateu com força a cabeça nas pedras do penhasco.
Só não morreu por causa dos pescadores que te salvaram.
Caçamba, então foi tudo um sonho?
Parece que sim.
Mas a noitinha quando fico à janela, pois estou muito fraco para andar, ouço aquele grito fino que vem dos rochedos.
Será que é sonho ainda?Sei lá este barulho. Este grito me perseguiu por certo tempo depois simplesmente parou.
Uuiiiiiiiii...
OripêMachado.
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