Lenda do olhos e do coração
Lenda dos olhos e coração
Segue o cavalheiro errante pelas florestas, com seu cavalo e sob seus cascos rudes um punhado de musgo verde como os olhos de sua amada, vão se juntando a saudade.
E lá se vão anos em busca do pedaço perdido de seu coração banhado em sangue derramado pelos bárbaros.
Bárbaros que perderam o poema do amor em suas pontas de espadas e armas em couro e flechas.
O cavalheiro adormece, sonha com tempos vindouros de poesia, e arrebatado pelo encontro com a amada, ele então foge de sí mesmo.
Derrotado e de mãos vazias, olhos ressecados sem ver ao longe o vestido rubro tão tocado e de aroma de lírios silvestres, levanta-se e vai à marcha solene.
Mergulha em sono profundo até o abismo que o leva a desafiar aquele que roubou o corpo da mortal pagã e tão docilmente amada.
Ele encontra o punhal de pedras cor de jade, e assim a temida revelação vem na mente perdida, apaixonada...
A mente que fala ao coração.
O cavalheiro invade o antro do inimigo disfarçado de peregrino, e o apunhala durante o sono impiedoso do bárbaro enriquecido a custa de muita devassidão e audácia.
Com o sangue que escorre em suas vestes roubadas, ele banha os olhos e solta seu grito voraz e cavernoso.
O filete vermelho o leva como um sinal até sua amada mortal, que dorme o sono eterno, linda como jamais as trevas verão e assim o cavalheiro ao seu lado lacra seus próprios olhos com amor e magia.
Ele nunca mais a verá sem vida, mas no coração viva e amada para todo o sempre.
E assim, a minha lenda diz, que eles se encontraram nos campos de relvas perfumadas, fontes cristalinas, e pontes que os uniu por tempos e tempos, até o fim da era medieval, para reaparecer na renascença em pinturas jamais esquecidas.
Mônica Ribeiro
19/09/2010