A menina que nunca deixou de ser ...
A menina não era só.
Era recheada de sonhos que a transpunham para montanhas mágicas, com fadas, magos e margaridas.
Lá montava o seu universo e tecia as mais puras palavras com seus amigos imaginários.
Todos eram bons, sem maldade e com uma vivacidade e inteligência que a encantava.
Nas montanhas, ela e seus amigos, abriam uma imensa toalha de tecido xadrez, colocavam-a sob a grama e, sob o dourado que o sol os abençoava, riam das brincadeiras e “inventavam” contos cheios de ternura.
Sim, todos eram bons e sem maldade! E a menina podia contar pedaço a pedaço de seus sonhos, sem medo. Cada pedaço transbordava mais luz, tamanho os seus desejos. E seus amigos ficavam encantados. Encantados como eram aqueles momentos.
A menina não tinha vergonha. Estava ali no estado mais puro do seu ser e sabia que a vida a reservaria muitas coisas boas, pois a energia do lugar afirmava isto.
Os anos passaram, ela cresceu, passou pela adolescência e, num piscar de olhos, virou mulher.
Nem todas as facetas que a transformaram nesse período fizeram com que ela desistisse de subir às montanhas mágicas para encontrar seus amigos que, por alguma razão desconhecida, continuavam com a mesma idade, as mesmas feições e o mesmo jeito de anos atrás - sempre a aguardando para serem felizes por ali.
Mesmo como mulher adulta, as suas trocas com eles continuavam as mesmas – brincavam, jogavam, confidenciavam ... e o sol continuava a abençoá-los.
E, com todos os revezes da vida, sentiu que ainda havia dentro dela uma criança que sonhava, tinha vida, sensibilidade e liberdade para subir as montanhas mágicas sempre que quisesse.
E foi assim sempre ...
12/10/2011