Leitura
A fumaça dos fogos de artifício tomou conta do beco naquela noite de maneira especial e o menino com a bola embaixo do braço foi atrás das luzes brilhando para encontrar os amigos. Enquanto corria pelas vielas ouviu uma voz suave que seguiu por hipnose embora não soubesse direito o significado disso. Parou diante de uma casa de madeira com uma menina de capuz vermelho entrando. Imediatamente teve o impulso de impedi-la de entrar, mas uma força maior forçou-o a observar e esperar. Em alguns minutos um forte lenhador entrou pela mesma porta e ouviu alguns grunhidos saindo da casa. Quando percebeu que não estava mais com a bola embaixo do braço viu um coelho correr mata adentro segurando sua bola acima da cabeça. Sem pensar muito correu atrás do coelho e antes que pudesse entender o que estava acontecendo deparou-se com um menino que segurava uma rosa protegida por um vidro e perguntava a todos que passavam se alguém havia visto seu planeta.
O menino desiludido com a perda de sua bola sentou na beira de um riacho para chorar e viu sua própria imagem refletida nas águas incessantes e azuis, mas seu reflexo era de um homem que lembrava os traços esquecidos de seu próprio pai desaparecido há tanto tempo. E antes que pudesse de fato derrubar suas lágrimas viu o coelho passando do outro lado do riacho e correu por cima das águas que refletiam as lembranças de seu pai para tentar resgatar sua tão estimada bola e todos os gols e comemorações que já tinha feito.
- Acorda Vitor! disse Letícia ao seu amigo distraído com as histórias que estavam lendo.
- Precisamo devolvê os livros pra tia e pegá outros – disse Gabriel enquanto desciam o morro.