A luz e o tempo

E então tempo parou, as árvores já não balançavam mais, pois o vento havia sido roubado, o som não passava de uma lembrança, uma sufocante lembrança, pois tudo o que se podia escutar era o som do próprio coração, um lembrete de que já havia escutado canção igual, mas naquele momento, esse coração estava sozinho. Seu dono, a única partícula viva, móvel, não encontrava explicações, apenas aflições.

Após alguns minutos de desespero, começou-se a perguntar, se todas as suas lembranças não passavam de alucinação, mas os cheiros, os barulhos, as sensações, que lhe pareciam tão reais, tão próximos, seriam de fato um peça que sua cabeça havia lhe pregado?

Não, isso seria triste de mais, ele sabia que havia presenciado tudo aquilo, cores e sabores, afinal de contas, nunca fora muito criativo, eram detalhes demais a serem lembrados para sua fraca capacidade inventiva, pelo menos é o que esperava, ansiava com todas as forças do seu agora, barulhento e insuportável coração.

Mas então ele olhou para o céu, se lembrou da luz, do calor que dela emanava, suas preocupações se dissiparam, sua caminhada estava chegando ao seu objetivo, e quando virou a ultima esquina, acabara de ser transportado para o mundo que conhecia e do qual sentia tanta saudade, as pessoas se movimentavam, o barulho ensurdecedor de seu coração já era aceitável, pois ambos já haviam se acalmado, estavam em casa e a solidão estava acabada.

Rimoli
Enviado por Rimoli em 03/10/2011
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