Paradeiros da Verdade - Capítulo 3:Uma Reunião,uma Notícia Inesperada...e o começo de uma conspiração.

O ministro do palácio esperava por Meredy na porta de seu quarto. Uma boa quantidade de horas já havia se passado desde que ela retornara ao castelo e, quando recebeu a notícia de que teria de estar presente em uma reunião, trancou-se imediatamente no seu quarto.

- Princesa Meredy... - começou o ministro, desanimado.

Já aguardava a filha do rei por nada menos que meia hora e não parecia que ela sairia dali tão cedo. Tais pensamentos do Ministro estavam equivocados, entretanto: Como se obedecesse a um sortilégio, a jovem abriu a porta.

- Com todo o respeito, princesa... - tornou o ministro, sorrindo discretamente. - Mas como pode se demorar tanto?

- Você nunca entenderia.

Auster - pois esse era o nome do ministro - se calou e a conversa morreu ali. Meredy foi conduzida pelo velho senhor através do castelo.

"Tolices.", pensou. "Conheço esse castelo quase tão bem quanto a palma da minha mão."

Pensamentos verdadeiros, sem sombra de dúvidas. Não que fosse pequena aquela construção, não; muito pelo contrário:Havia dezenas de corredores, varandas, passagens...Mas se Meredy conhecia 9/10 delas, era porque desde menina vivia explorando tudo - o que sempre causava problemas a Oswald -. A única parte do castelo que nunca havia visto era a ala subterrânea. Assim sendo,só algumas pessoas conheciam aquele lugar melhor do que ela: Quem quer que já tivesse ido a ala subterrânea- pouquíssimas pessoas -e, é claro, o arquiteto.

***

Naquele dia já havia sido obrigada a aturar a "conversa fiada real" de seu pai - por ter fugido do castelo outra vez. -, então não tinha planos de chegar ao salão aonde seria realizada a reunião antes que a mesma começasse. Por isso tanto havia enrolado aquele ministro. O pobre Auster já era velho e um bocado de cabelos lhe faltavam. Sua voz já não era tão firme quanto antes e, muito provavelmente, o raciocínio já não deveria ser dos melhores também. Para Meredy, manipular o pobre ancião de acordo com a situação era simples.

"Mais essa agora...", ela começou a pensar a certa altura. "Uma reunião? E meu pai quer que eu participe... Como se eu não soubesse o que ele quer com isso."

Até onde ela sabia não havia nenhuma ameaça ao reino no momento¹...e isso a levou a conclusão de que aquilo nada mais seria do que uma discussão demasiadamente enfadonha a respeito de política. Mas seu plano deu certo, na verdade. Quando chegou a porta do salão de reuniões encontrou-a aberta:Ela foi a penúltima a chegar. Com um olhar atento, divisou algumas das pessoas que ali estavam: Embaixadores, Marechais, Ministros, alguns Magos, um bocado de Ricos e afins. Também estavam presentes alguns soldados renomados, como o General Gzestein. Para completar, estavam ali os representantes de Vermilio-Ciel, a "maior cidade do mundo".

Devo esclarecer esse ponto: Vermilio-Ciel era chamada a maior cidade do mundo, mas não porque fosse uma grande metrópole. Falando sinceramente, Mel-Evine tinha o dobro de seu tamanho...mas só se considerássemos apenas a Vermilio-Ciel que havia nos seus arredores. Pois tal cidade era dividida em nada menos que 25 partes mundo afora. Tendo sido criada com o objetivo de ajudar aventureiros dos mais variados lugares, ela acabou por receber através dos tempos caridosas doações como agradecimento, o que a tornou uma das forças políticas daquela era.

Mas ora vejam...minhas explicações já estão demasiado longas e devo retomar a narrativa.

***

- Se me permite dizer...está simplesmente divina, Princesa Meredy. - falou o ministro do Reino, Africus.

- Um dia há de se tornar ainda mais bela do que nossa falecida rainha.

Esse último elogio - que provavelmente não era o mais adequado a se fazer a filha da rainha em questão - foi feito por parte de uma maga. Meredy agradecia a todos os elogios, entretanto. Era modesta e teimava em dizer que estavam exagerando. Quanto a sua mãe, ela morrera menos de um ano após dar-lhe a luz, e passado todo esse tempo desde sua morte Meredy era mais do que capaz de manter um sorriso - mesmo que falso. - quando alguém mencionava a rainha Sofia.

- Mas a que devemos sua presença nessa reunião, Meredy? - perguntou Gzestein a certa altura, ressabiado. - Eu já a vi em reuniões de todos os tipos, mas nunca nas de política. A que se deve seu repentino interesse?

Gzestein. Um renomado general do exército de Mel-Evine. Fizera nome após seus heróicos atos em guerra e por ter se mostrado também um grande estrategista. Levara anos para chegar aonde estava...mas é certo que desde que começou como um mero recruta ele simplesmente subiu, e muito, na hierarquia do exército. Usava uma armadura de aço negro e esta possuía detalhes em dourado. Seu olhos eram penetrantes e cinzentos. Suas feições eram severas e sua barba era mal feita, tendo a cor negra semelhante a dos seus cabelos lisos que caíam iam até pouco abaixo dos ombros. Era alto e musculoso, mas não em excesso. Meredy sentia uma certa desconfiança sempre que via aquele homem. Ia responder-lhe, mas seu pai tomou a palavra, se aproximando.

- A princesa já está prestes a alcançar a maioridade, general. Está mais do que na hora de esquecer-se de certas coisas e começar a pensar no reino. Foi por esse motivo que eu quis a sua presença aqui hoje. Não é, Meredy?

Ela respondeu com um sorriso e nada mais. O rei Sigmund Schneizen VIII...seu pai. Já era um homem velho- não tão velho: tinha 48 anos -, mas forte e disposto. Sua barba era relativamente grande e ele ainda era capaz de trajar sua armadura dourada. Era um senhor meio alto e apesar de alguns de seus cabelos já serem grisalhos qualquer um que o olhasse saberia que se tratava de um rei respeitável, um legítimo descendente de Atlas Schneizen, o primeiro dessa dinastia...principalmente por seu olhar tranquilo e ao mesmo tempo severo. A sua capa era feita de um veludo de valor inestimável. Meredy conhecia bem o pai que tinha e sabia perfeitamente bem que ele estava se vingando. A princesa já havia participado de inúmeras reuniões; melhor do que ninguém o rei sabia que ela as detestava. Uma de política entretanto lhe seria uma experiência nova. Mas não esperava que fosse qualquer coisa além de irritante. Teria que ouvir todas aquelas pessoas discutindo coisas que em nada lhe interessavam, sem contar que quando fosse falar deveria demonstrar cortesia e prestimosidade.

"Por isso detesto reuniões", murmurou de um canto da sala. "Quase nunca as pessoas falam o que realmente pensam."

***

Quando o último convidado - o Arcebispo Friedrich Marian - chegou, todos tomaram seus lugares a mesa, fazendo silêncio. Friedrich era um senhor dos seus 60 e tantos anos. Sendo assim, era já um ancião...mas mesmo assim muito influente na Igreja. Tinha a postura normal - nem um pouco encurvada. -, olhos castanhos, nenhuma barba e também era calvo e tinha a pele branca - deixo claro que não era albino. Trajava roupas comuns a arcebispos. Quanto a sala, era uma digna de um castelo, sem muito a mais a dizer sobre ela. Um lustre iluminava o local e ao centro do salão havia uma grande mesa em formato retangular. Ao redor da mesma inúmeras cadeiras estavam preparadas para os convidados. A mobília era da mais alta qualidade e também havia uma espécie de lareira no recinto. Meredy foi uma das últimas a encontrar seu lugar, e quando ela se sentou seu pai tomou a palavra.

- Meus leais súditos, meus nobres amigos, meus valorosos companheiros!...Sinto-me feliz em reunir no meu castelo tantas pessoas renomadas.

"Temo que meu pai esteja apaixonado pela própria voz."- pensou Meredy. - "Espero que essa reunião não se torne uma palestra."

- Estamos juntos aqui para discutir variados problemas, já que não é novidade alguma que os temos diversos... - prosseguiu Sigmund. - Mas o motivo principal da reunião há de ser dito mais tarde.

Meredy pôde ouvir uma espécie de zumbido pela sala, alguns dos presentes se entreolhavam, enquanto outros cochichavam.

- Paciência, meus caros.- pediu o Ministro do Reino. - Por hora, vamos aos assuntos de sempre.

As conversas cessaram e todos concordaram em esquecer o que poderia ser o motivo que o rei mencionou...por hora. Além disso, duas pessoas já sabiam que se tratava de uma decisão a respeito de um certo assunto...Gzestein e o Arcebispo.

***

Uma reunião enfadonha, como Meredy suspeitava. A grande maioria dos ali presentes lhe pareciam nada mais do que bajuladores. E chatos. E políticos - ela detestava políticos. Políticos bajuladores e chatos. Assim sendo,concluiu que não precisava prestar atenção aquelas estúpidas conversas.

***

- O que você pensa a respeito dessa situação, princesa Meredy?

- Como!?

Falou sem perceber. Estava a ponto de dormir quando ouviu a voz do marechal Tres. Alguns dos presentes logo cochicharam a respeito da falta de atenção da princesa e Meredy precisou de um formidável auto-controle para não dizer nada a eles.

- É verdade...- ela falou, afinal. - Talvez meus pensamentos estivessem distantes...e talvez eu vos deva desculpas.

Novos cochichos por parte dos ali presentes. Ela não lhes dedicava muito de sua atenção, entretanto: Estava observando o local. Ao que parecia, pelo menos momentaneamente seu pai não se encontrava no recinto.

"Essa princesa...", cochichavam uns. "Sequer tem vergonha de admitir que não ouvia uma única palavra do que dizíamos!"

"Pelo contrário. Ela é sincera e não omitiu seu erro.",murmuravam poucos.

Todos estes falavam muito baixo, então Meredy manteve a serenidade. Pelo menos até o Arcebispo abrir a boca.

- Silêncio amigos! Afinal, vocês não podem culpar a princesa por não prestar devida - e ele deu maior entonação a palavra DEVIDA. - atenção a assuntos que uma garota de 17 anos jamais entenderia, princesa ou não.

Meredy sorriu. Dirigindo um olhar sereno ao arcebispo, ela respondeu:

- Ou talvez eu não tenha intenção alguma de ouvir discussões a respeito de fatos que já são de meu conhecimento prévio. Como por exemplo...o último censo acusou um aumento de 15% na população do reino correto?Exceto na região de cidades como Wickebridge, que devido a migrações tem sofrido um severo declínio no número de seus habitantes. Talvez eu já saiba muito bem que Mel-Evine começou a interagir com Vermilio-Ciel a exatamente 27 dias, o que ainda não nos deu benefício algum...

Um dos representantes de Vermilio-Ciel ficou pálido, mas ia abrir a boca quando a princesa prosseguiu:

-...por enquanto. Mas é um fato já comprovado que Vermilio-Ciel tem um grande potencial bélico, assim como uma posição invejável nos rankings da política e outros assuntos que, certamente, uma garota de 17 anos não compreenderia. Mas até uma princesa mimada que cresceu presa nas muralhas de um castelo sabe que a influência da Igreja aumentou consideravelmente nos últimos meses. Também sabe que você tem subido na hierarquia de tal instituição mais rápido do que um dragão dourado sobe aos céus, Friedrich. Talvez uma princesa possa saber que você anseia mais do que ninguém por um acordo com meu pai...

O arcebispo ia falar, mas Meredy continuou o que dizia, de forma que sua voz não foi ouvida e ele viu-se obrigado a calar-se. Não podia entrar em discussão com a princesa ali...precisava manter certas...aparências.

-...o que definitivamente colocaria também este reino, como posso dizer? As palavras fogem a mim...Ah, sim!Colocaria este reino nas suas garras? Quanto mais dinheiro haveria de ganhar expandindo seu território de tal forma...Vossa Santidade?

Friedrich manteve o sorriso, como se fosse um arcebispo benevolente: Havia se esquecido que a 7 anos Meredy estudava para se tornar uma maga. Qualquer coisa poderia lhe faltar, menos conhecimento. Um considerável desconforto se apossou dos presentes e ninguém teve coragem de dizer algo. Mas para o Arcebispo, Meredy merecia uma resposta.

- Meu objetivo é pura e simplesmente levar a palavra do senhor² a todo o mundo, e você me acusa dessa forma? Insinua que sou movido pela ganância?Aonde aprendeu a falar língua de serpente³?

- Eu não falo esse tipo de língua, felizmente.-retrucou Meredy, indiferente. - Mas se a conhecesse, certamente que teria aprendido com Vossa Santidade.

Friedrich ficou pálido. Garota insolente! Ela pagaria...se pagaria. Cedo ou tarde...Mas antes que ele falasse qualquer coisa divisou o rei retornando a sala. Ninguém pronunciou uma palavra e o Arcebispo pensava:

"Paciência Friedrich...", ponderou. "A sua hora irá chegar..."

- Então...- começou Sigmund.-...perdi alguma conversa importante?

- Certamente que não, meu pai.- respondeu Meredy, um sorriso angelical em seu rosto. - Eu simplesmente dialogava com o Arcebispo sobre como não é sensato discutir com magos, a menos que você tenha sabedoria e conhecimento em alta conta.

Se o cálice de Friedrich fosse de vidro, ele o teria esmagado. A pressão que ele exerceu sobre o recipiente foi algo grande o suficiente para ligeiramente amassá-lo.

***

Meredy já não aguentava mais aquilo.

"Quanto tempo já se passou? Quase 2 tempos?"

Tempo era uma unidade de medida comumente usada pelas pessoas daquela era. Um tempo equivalia a uma hora e meia. Mas eu mesma já me vejo acostumada com o sistema de horas, então não tenho intenções de fazer uso dessa medida antiga, caso contrário posso acabar comprometendo um pouco a compreensão da narrativa.

Meredy acertara em cheio: Quase três horas já haviam decorrido desde o início da reunião. Mas para sua felicidade - bem como da grande maioria dos ali presentes - o rei tomava a palavra, se erguendo. Meredy pensou:

"Já não era sem tempo. Se esse lengalenga continuasse..."

Não continuaria mesmo. Todos observavam o monarca, no aguardo da declaração que ele prometera no início da agregação. Sigmund por sua vez, permaneceu calado por alguns instantes, como se decidisse por onde começar. Mas não demorou muito e ele falou:

- Eu sei...- disse.- Que aquilo que estou prestes a dizer haverá de surpreendê-los. É uma situação que já foi muito discutida, e finalmente cheguei a uma decisão.

Tomando um gole da bebida que tinha consigo, Sigmund prosseguiu.

- Essa declaração diz respeito ao futuro da capital, e consequentemente do reino. Venho conversando sobre a questão com Friedrich e Gzestein, em particular. Hoje, após os mais variados assuntos terem sido discutidos, escolhi o caminho mais adequado...em todos os aspectos.

Todos prestavam total atenção ao rei, aguardando o que ele diria.

- Decidi que devo me casar novamente e conseguir um herdeiro para o trono.

***

Houve um burburinho no ar. Todos se mexeram nas cadeiras...e começou a agitação. Aquilo era uma notícia e tanto, pois significava que a dinastia dos Schneizen não iria acabar. A rainha morrera antes que ela e o rei tivessem um filho e muitos temeram a morte do rei antes que um herdeiro - um homem.- nascesse.Todos pareceram felizes com a notícia...mas Gzestein tomou a palavra. Tanto ele quanto Friedrich pareciam ligeiramente incomodados, como se algo não tivesse saído da forma que queriam.

- Meu rei...se me permite perguntar,porque não casar Meredy com algum nobre que seja de seu agrado?- falou o general,com fingida preocupação na voz.

- Tolices, general!- retaliou o rei, antes que a princesa dissesse qualquer coisa. - Muito pouco ou quase nada Meredy sabe da vida. Para se fazer um bom rei precisa-se de uma boa criação. E certamente que uma garota tão jovem não tem condições de ajudar nesta boa criação!

Pela primeira vez Meredy concordava com seu pai. Não se sentia nem um pouco capaz de dar educação a alguém...e também não estava interessada em nenhum nobre. Muito menos em se casar tão jovem. Mas foi a vez de Friedrich falar:

- Sábias são as vossas palavras, Realeza.- começou o Arcebispo.- Porém, foi o senhor mesmo quem nos orientou que valorosas características de um rei são a coragem, a força e a sabedoria. E isso certamente quem ensinaria a criança seria o pai...com todo o respeito a todas as mães do mundo...

- Mas um rei também deve ser benevolente e saber o que é melhor para seu povo e seu reino. E quem melhor para mostrar como se importar com os outros do que uma mãe, sempre zelando pelo bem de seu filho?Além disso, como poderíamos saber que a escolha do homem para Meredy seria acertada?

Gzestein e Friedrich se entreolharam e concordaram com o rei...aparentemente.

- Longa vida ao rei Sigmund, sábio dentre os sábios. Perdoe nossa insolência. Apenas desejamos o melhor para o reino...

Depois disso, apenas algumas perguntas foram feitas. Ao cabo de 2 minutos o rei respirou profundamente...e encerrou a reunião.

- Bebamos! - falou ele, erguendo seu cálice.

-...ao reino? - perguntou Gzestein.

-...a Igreja? - indagou Friedrich.

- Ao futuro! - falou o rei.

- AO FUTURO! - repetiram todos.

Beberam. Finda a reunião, cada um seguiu seu caminho...e Meredy pensava.

"Estou com um mau pressentimento sobre tudo isso. Tomara que seja só impressão. Tudo bem...meu pai pode cuidar perfeitamente bem do reino sem eu estar por perto...e eu realmente não pretendo estar por perto por muito tempo."

***

Algumas horas depois,duas pessoas que haviam tomado parte na reunião discutiam entre si. Longe do castelo, é claro. Nos aposentos do Arcebispo Friedrich, distantes dos olhos e ouvidos de qualquer pessoa.

- Aquele velho estúpido já esteve demasiado tempo no trono, Gzestein. - falava o Arcebispo. - Ele sequer aceitou nossa proposta de dividir o comando entre nós três...um poderoso Triunvirato!

- Bom, pretendíamos envenená-lo pouco depois, mas enfim...- falou o general, rindo.

- Agora só nos restou o outro caminho para assumir de vez as rédeas desse lugar...

Gzestein riu ainda outra vez. Recostando-se na parede mais próxima, ele concordou.

- Estamos de acordo então que é chegada a hora de realizar um coup d'état?

- "É chegada a hora"?- vociferou Friedrich. - A tempos já passamos da hora, Gzestein! Tudo porque você tem med...

Gzestein manteve o sorriso na face.

- Não, não é medo, meu caríssimo Friedrich. É uma coisa que eu chamo de PRUDÊNCIA. P-r-u-d-ê-n-c-i-a. Vezes e vezes a história já provou que movimentos descuidados em qualquer campo de batalha não te levam a nada além de uma morte prematura.

Friedrich se calou. Bebeu mais um gole de seu vinho e então dirigiu mais uma vez a palavra a Gzestein.

- Seja. Mas se você diz...seus soldados estão prontos para o momento?

- Mais do que prontos, Arcebispo. - respondeu Gzestein. - E não apenas eles. Cada uma das peças está no lugar que deveria estar. Derrubaremos não apenas o rei, mas também cada um dos seus aliados mais valiosos...

O Arcebispo sorriu.

- Muito bem...cada um dos meus homens está a sua disposição. Eles fariam qualquer coisa pelos meus "santos propósitos".

- "Santos propósitos"? Você é mesmo um piadista, Friedrich.

- Pelo que as pessoas estariam mais dispostas a lutar...do que por aquilo no que acreditam?...que forma melhor de influenciá-las, senão pela religião?

- Você não vai ter um bom destino quando chegar ao outro mundo... - falou Gzestein, saindo da sala.

A porta se fechou,e Friedrich pensava...

"Como se você fosse ter um bom destino..."

***

Continua.

¹ Mel-Evine era a capital do reino, cujo nome era Lusdamix. Devido a esse fato,era lá que eram decididas as ações a serem tomadas em situações de risco e outros. Para a infelicidade de Meredy, também era lá que mais frequentemente ocorriam reuniões de política,economia e outros.

²Embora eles usassem o mesmo tratamento para com seu deus que atualmente usamos, deixo bem claro que eles não se referiam a Deus,o pai de Jesus, e sim a outro ente...todavia naquela época, era para aquele povo o único deus admitido. Qualquer pessoa que adorasse um outro deus...certamente seria chamado pela Igreja um herege. E a Igreja tinha uma influência muito vasta naquela época: Eu não estaria mentindo se dissesse que estava entre as 3 maiores forças daquela era...

³Novamente aqui há uma semelhança marcante com a forma que a Igreja atual costuma chamar um dos maiores - se não o maior - inimigo de Deus. Mas nesse caso o arcebispo não está se referindo a uma serpente que tenha aparecido em uma história religiosa, e sim dizendo que Meredy tem uma língua bifurcada e traiçoeira...como a de uma serpente. Além disso,também significa que a pessoa que fala tem veneno na boca, tal qual uma serpente.

Lyzz
Enviado por Lyzz em 22/09/2011
Reeditado em 12/10/2012
Código do texto: T3235151
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.