Pequeno Conto em Poesia...O Leão e a Gazela II
A gazela estava a passear na savana
Era tão cedo, o sol ainda espreguiçava
A alvorada aquarelada no horizonte sumia...
Quando percebeu a gazela seu velho predador.
Não havia duvida, conhecia o seu fiel algoz
Tinha seu rastro gravado a leveza e a esperteza
Sabia bem o seu jogo, seu rosnado e sua corrida
Já o tivera em seu calço, ele tinha dado uma trégua...
Mas agora pelo visto voltava, com a barriga vazia.
Não ia ser ela o prato do dia, com calma ia fugir...
Deixava-o na espreita, ia fingir ir ao riacho, iludir...
Depois correr desgarrada para a mata fervilhando,
Até perder seu predador de vista, tudo rápido e planejado.
Mas o dia nada tinha determinado como pensara...
Ao fingir beber água um buraco no riacho encontrou,
Bem ali sua perna quebrou, que final mais tonto e louco...
Além de virar prato do dia do leão, estaria na bandeja,
Na bandeja do apetite voraz do leão sem outra solução.
Surpreendem-se mais uma vez com o dia, ao ver o leão
Vindo calmo em sua direção, passo firme olhos brilhando...
Olhou, fungou e puxou-a do buraco com ela petrificada.
Pegou sua perna, lambeu e abocanhou o osso puxando...
Colocou no lugar a perna, enquanto ela era só gemido.
O leão examinou-a, deixando sua juba esfregar na perna ferida.
Lambeu e mergulhou no infinito do seu pavor com seu olhar brilhante...
E sem mais rosnou, para que ela que dali sumisse, sem perguntas.
Afinal, ele era o leão, não o anjo do dia na savana ardente.
Um prato sem o gosto da caça é comida sem tempero, insossa...
Outro dia ele a pegaria na corrida excitante, estimulante de sempre...
Flamejante, no vôo da gazela na savana arfante.
Ou quem sabe como tantas vezes já fizera...
Deixaria ir só pra tê-la novamente, voando
Em outro amanhecer perfumando o ar,
Com a beleza da sua corrida na savana .
A corrida que tem o dom de explodir seu ser,
De ser o rei da selva desejoso da bela gazela.