Nas Nuvens
NAS NUVENS
O voo transcorria na mais absoluta tranqüilidade. E da janelinha do avião, tenso, Eduardo, que muito pouco se utilizava daquele meio de transporte, imaginava como era possível a aeronave acertar o rumo do próximo aeroporto, no meio daquela escuridão. Não entendia como aquele amontoado de mostradores à frente do comandante e do copiloto, tomando quase toda a visão, servisse para orientá-los para destino da enorme máquina voadora. Não considerava que o voo já havia sido determinado por um plano pré-estabelecido. Tudo estava de acordo com os computadores, nas torres de controle dos aeroportos, como nos de bordo, nas próprias aeronaves.
A maioria dos passageiros ficara em Salvador, primeira etapa da viagem, depois da decolagem em São Paulo. Eram turistas estrangeiros. O colorido extravagante dos blusões e bermudas revelava. “Diferentes dos brasileiros, que viajam sempre bem vestidos, principalmente ao exterior”. Pensou com seus botões.
Os poucos passageiros restantes se distribuíram pelas poltronas da frente. Eduardo preferiu permanecer em seu lugar, na última fileira de trás. Sentia-se mais seguro ali. Viu uma vez na televisão pessoas que sobreviveram a um desastre porque escolheram justamente aquelas poltronas.
Sem o falatório das diversas vozes dos “gringos”, num mesclado de línguas diferentes, o ambiente voltou à calma. Na penumbra, destacavam-se alguns pontos de luz individuais acesos. Era um convite à reflexão e até a um breve cochilo. Os olhos de Eduardo pesavam ao efeito das duas doses de uísque que ingeriu, para espantar o medo que o dominava. Mesmo assim se esforçou em acompanhar o vai-e-vem da bela comissária pelo corredor.
Elegantíssima dentro do vistoso uniforme da companhia aérea, com os seus cabelos castanhos, bem lisos e presos, formando um pequeno “rabo-de-cavalo” atrás da cabeça arredondada, ela admirava, em lances suaves do seu olhar esverdeado e brilhante, o executivo, nas suas idas e vindas pelo corredor entre as poltronas da aeronave. Eduardo era, realmente, um tipo bem afeiçoado, tinha mesmo traços de galã de novelas, como já ouvira de admiradoras. Era um quarentão numa forma física invejável; de impressionar mesmo o bom gosto feminino.
O avião, que se mantinha em perfeita estabilidade, acabava de entrar numa zona de turbulência. Os avisos luminosos recomendavam “usar cinto e não fumar”. A tripulação também se sentou em lugares vazios na parte traseira da aeronave, restando uma poltrona vazia ao lado da de Eduardo, onde Angelina se acomodou, afivelando seu cinto de segurança.
Amedrontado, com os olhos semicerrados, ele pôs a mão esquerda no braço direito de Angelina, que procurou demovê-lo do pavor que o tomava.
-- Está com medo? Perguntou-lhe gentilmente a bela funcionária.
Eduardo não acreditou no que estava acontecendo.
-- Meu nome é Angelina.
-- O meu é Eduardo.
-- Isto é normal durante o vôo. Não se assuste. Pegue a minha mão e aperte forte. Isso o ajuda a espantar esse medo bobo. Falou delicadamente no ouvido do seu protegido passageiro, que não acreditou no que ouviu. Ele se desfez do braço de Angelina e entrelaçou seus dedos frios nos dedos quentes da comissária.
-- Será que estou sonhando? Interrogava-se.
Eduardo, envolvido naquela troca de palavras inesperada, esqueceu a noiva, que o aguardava no Recife. Casaria na semana seguinte. O voo voltou à normalidade. Angelina, que segurava firme a mão esquerda de Eduardo, passou o dedo indicador de sua mão direita na grossa aliança de ouro, que revelava, na mão direita de Eduardo, o seu compromisso de noivado.
-- Noivo, hein? Meus parabéns! Disse-lhe sorridente.
-- Eu era noivo, Angelina, respondeu de pronto. E completou:
-- Vá lá no w.c., por favor, e jogue esta porcaria no vaso sanitário. Retirou bruscamente a aliança do dedo e a colocou na palma da mão de Angelina.
Qué, qué isso, meu querido?!
Contrariou a atitude de Eduardo, enfiando a aliança no seu dedo. E, não se contendo, agarrou a cabeça do seu passageiro, trazendo bem perto da sua e lhe beijou a boca ardentemente. Ao mesmo tempo, ele apalpava as suas coxas, forçando a mão por baixo da saia justa de Angelina, em busca de tocá-la mais intimamente. Com o polegar e o indicador da mão direita acariciava os mamilos enrijecidos dos seus seios pequenos e arredondados. Ela se retorcia na poltrona, quase em êxtase. Mas retribuía amassando delicadamente o volume genital do parceiro. E murmurava, lambendo todo o seu ouvido, tal qual uma felina no cio. O roído lento das turbinas abafava a respiração ofegante dos amantes. Eduardo sentia os batimentos acelerados do seu coração.
O soar indesejável de uma campainha pedia a presença da comissária.
-- Puta merda! Logo agora. Reclamou, indignada, Angelina.
-- Pronto. Agora vamos terminar no banheiro. Decidida, determinou.
Com a blusa totalmente aberta, mostrava os seus lindos seios desnudos, oferecendo-os a Eduardo, que os sugou alternadamente, faminto de desejo, enquanto a comissária se contorcia como uma naja excitada pelo sibilo do flautim dos domadores de serpentes. Naquele reduzido ambiente do w.c. do “boeing”, ela encontrava meios de se agachar, excitando o companheiro com toques suaves com a sua língua, oferecendo-lhe o mais delicioso sexo oral que já experimentara. Contudo, Angelina queria mais. Desejava o orgasmo total para os dois. Queria ser penetrada o mais profundo possível. Implorava, emitindo lascivos gemidos, o que fez lembrar a Eduardo uma cadela no cio.
Eduardo parecia anestesiado. Não sentia mais o pavor de estar ali em cima, nas nuvens, na iminência, como antes imaginava, de uma aterrissagem forçada, ou mesmo de uma catástrofe, sem sobreviventes para contar a história da queda daquele avião. Seu pensamento direcionava unicamente para o corpo de Angelina. Desejava beijá-la também em suas partes mais íntimas, para corresponder às carícias que recebia. Mas faltava-lhe habilidade no cubículo do w.c.
-- Senhores passageiros! Dentro de poucos minutos estaremos aterrissando no Aeroporto dos Guararapes, no Recife. A temperatura local é de 30 graus...
O aviso ressoou por todo o recinto de bordo. O comandante já iniciava os procedimentos de descida da aeronave.
Não chegaram ao clímax, infelizmente, porque alguém tocou no ombro de Eduardo, despertando-o para posicionar verticalmente a sua poltrona. Era a comissária, que não era bonita nem era Angelina.
-- “Puta que pariu!" Eduardo por pouco não gritou.
A sua noiva e familiares o receberam com beijos e abraços, no saguão de espera do Aeroporto do Recife.
(Obs. Adotei a nova ortografia da Língua Portuguesa)
O voo transcorria na mais absoluta tranqüilidade. E da janelinha do avião, tenso, Eduardo, que muito pouco se utilizava daquele meio de transporte, imaginava como era possível a aeronave acertar o rumo do próximo aeroporto, no meio daquela escuridão. Não entendia como aquele amontoado de mostradores à frente do comandante e do copiloto, tomando quase toda a visão, servisse para orientá-los para destino da enorme máquina voadora. Não considerava que o voo já havia sido determinado por um plano pré-estabelecido. Tudo estava de acordo com os computadores, nas torres de controle dos aeroportos, como nos de bordo, nas próprias aeronaves.
A maioria dos passageiros ficara em Salvador, primeira etapa da viagem, depois da decolagem em São Paulo. Eram turistas estrangeiros. O colorido extravagante dos blusões e bermudas revelava. “Diferentes dos brasileiros, que viajam sempre bem vestidos, principalmente ao exterior”. Pensou com seus botões.
Os poucos passageiros restantes se distribuíram pelas poltronas da frente. Eduardo preferiu permanecer em seu lugar, na última fileira de trás. Sentia-se mais seguro ali. Viu uma vez na televisão pessoas que sobreviveram a um desastre porque escolheram justamente aquelas poltronas.
Sem o falatório das diversas vozes dos “gringos”, num mesclado de línguas diferentes, o ambiente voltou à calma. Na penumbra, destacavam-se alguns pontos de luz individuais acesos. Era um convite à reflexão e até a um breve cochilo. Os olhos de Eduardo pesavam ao efeito das duas doses de uísque que ingeriu, para espantar o medo que o dominava. Mesmo assim se esforçou em acompanhar o vai-e-vem da bela comissária pelo corredor.
Elegantíssima dentro do vistoso uniforme da companhia aérea, com os seus cabelos castanhos, bem lisos e presos, formando um pequeno “rabo-de-cavalo” atrás da cabeça arredondada, ela admirava, em lances suaves do seu olhar esverdeado e brilhante, o executivo, nas suas idas e vindas pelo corredor entre as poltronas da aeronave. Eduardo era, realmente, um tipo bem afeiçoado, tinha mesmo traços de galã de novelas, como já ouvira de admiradoras. Era um quarentão numa forma física invejável; de impressionar mesmo o bom gosto feminino.
O avião, que se mantinha em perfeita estabilidade, acabava de entrar numa zona de turbulência. Os avisos luminosos recomendavam “usar cinto e não fumar”. A tripulação também se sentou em lugares vazios na parte traseira da aeronave, restando uma poltrona vazia ao lado da de Eduardo, onde Angelina se acomodou, afivelando seu cinto de segurança.
Amedrontado, com os olhos semicerrados, ele pôs a mão esquerda no braço direito de Angelina, que procurou demovê-lo do pavor que o tomava.
-- Está com medo? Perguntou-lhe gentilmente a bela funcionária.
Eduardo não acreditou no que estava acontecendo.
-- Meu nome é Angelina.
-- O meu é Eduardo.
-- Isto é normal durante o vôo. Não se assuste. Pegue a minha mão e aperte forte. Isso o ajuda a espantar esse medo bobo. Falou delicadamente no ouvido do seu protegido passageiro, que não acreditou no que ouviu. Ele se desfez do braço de Angelina e entrelaçou seus dedos frios nos dedos quentes da comissária.
-- Será que estou sonhando? Interrogava-se.
Eduardo, envolvido naquela troca de palavras inesperada, esqueceu a noiva, que o aguardava no Recife. Casaria na semana seguinte. O voo voltou à normalidade. Angelina, que segurava firme a mão esquerda de Eduardo, passou o dedo indicador de sua mão direita na grossa aliança de ouro, que revelava, na mão direita de Eduardo, o seu compromisso de noivado.
-- Noivo, hein? Meus parabéns! Disse-lhe sorridente.
-- Eu era noivo, Angelina, respondeu de pronto. E completou:
-- Vá lá no w.c., por favor, e jogue esta porcaria no vaso sanitário. Retirou bruscamente a aliança do dedo e a colocou na palma da mão de Angelina.
Qué, qué isso, meu querido?!
Contrariou a atitude de Eduardo, enfiando a aliança no seu dedo. E, não se contendo, agarrou a cabeça do seu passageiro, trazendo bem perto da sua e lhe beijou a boca ardentemente. Ao mesmo tempo, ele apalpava as suas coxas, forçando a mão por baixo da saia justa de Angelina, em busca de tocá-la mais intimamente. Com o polegar e o indicador da mão direita acariciava os mamilos enrijecidos dos seus seios pequenos e arredondados. Ela se retorcia na poltrona, quase em êxtase. Mas retribuía amassando delicadamente o volume genital do parceiro. E murmurava, lambendo todo o seu ouvido, tal qual uma felina no cio. O roído lento das turbinas abafava a respiração ofegante dos amantes. Eduardo sentia os batimentos acelerados do seu coração.
O soar indesejável de uma campainha pedia a presença da comissária.
-- Puta merda! Logo agora. Reclamou, indignada, Angelina.
-- Pronto. Agora vamos terminar no banheiro. Decidida, determinou.
Com a blusa totalmente aberta, mostrava os seus lindos seios desnudos, oferecendo-os a Eduardo, que os sugou alternadamente, faminto de desejo, enquanto a comissária se contorcia como uma naja excitada pelo sibilo do flautim dos domadores de serpentes. Naquele reduzido ambiente do w.c. do “boeing”, ela encontrava meios de se agachar, excitando o companheiro com toques suaves com a sua língua, oferecendo-lhe o mais delicioso sexo oral que já experimentara. Contudo, Angelina queria mais. Desejava o orgasmo total para os dois. Queria ser penetrada o mais profundo possível. Implorava, emitindo lascivos gemidos, o que fez lembrar a Eduardo uma cadela no cio.
Eduardo parecia anestesiado. Não sentia mais o pavor de estar ali em cima, nas nuvens, na iminência, como antes imaginava, de uma aterrissagem forçada, ou mesmo de uma catástrofe, sem sobreviventes para contar a história da queda daquele avião. Seu pensamento direcionava unicamente para o corpo de Angelina. Desejava beijá-la também em suas partes mais íntimas, para corresponder às carícias que recebia. Mas faltava-lhe habilidade no cubículo do w.c.
-- Senhores passageiros! Dentro de poucos minutos estaremos aterrissando no Aeroporto dos Guararapes, no Recife. A temperatura local é de 30 graus...
O aviso ressoou por todo o recinto de bordo. O comandante já iniciava os procedimentos de descida da aeronave.
Não chegaram ao clímax, infelizmente, porque alguém tocou no ombro de Eduardo, despertando-o para posicionar verticalmente a sua poltrona. Era a comissária, que não era bonita nem era Angelina.
-- “Puta que pariu!" Eduardo por pouco não gritou.
A sua noiva e familiares o receberam com beijos e abraços, no saguão de espera do Aeroporto do Recife.
(Obs. Adotei a nova ortografia da Língua Portuguesa)