Coisas de Natal

Era pequenina quando o pai, pela primeira vez, levou-a pra ver um presépio diferente daquele quietinho que sua avó montava em cima da cômoda do quarto. Ao entrar na casa onde ficava o presépio, a menina teve uma surpresa: o cenário do nascimento de Jesus Menino ocupava uma sala inteira! Eram caminhos, casinhas, homens trabalhando na roça. A maior surpresa veio quando o senhor Ovidinho, o homem que fazia o presépio, apertou um botão e surgiu, do meio da montanha de papel pintado, uma cascata que formou um rio, que moveu uma roda, que fez funcionar um pilão, que socou o milho. Parecia que tudo estava em movimento. Os bichos, os pastores, o anjo, a estrela, José e Maria e a manjedoura, caminha vazia que esperava o Menino Jesus que iria nascer à meia-noite, quando chegasse o dia de Natal. As luzes das casinhas. Tudo era fascinante. E também a música suave.

O pai havia lhe contado, enquanto a avó montava seu presépio que, uma vez, São Francisco, o santo que vivera em Assis, Itália, no século treze, quis celebrar o Natal de maneira bem verdadeira. Primeiro, pediu permissão ao Papa, que era de costume. Tendo-a recebido, no final ano de 1223, ele escolheu um estábulo, conhecido também como estrebaria, que segundo a história, foi num lugar assim que Jesus havia nascido, pra fazer sua celebração. Cobriu com muitas palhas, pra ficar bem macia, uma manjedoura_ cocho onde se coloca comida para animais como bois, carneiros, bodes_ pra deitar o Jesus Menino que estava pra nascer. E, pra ficar bem autêntico, mandou entrar na estrebaria um boi, um jumento e outros bichos de verdade. Tem gente que conta que foram São Francisco e Santa Clara que fizeram o papel de José e Maria. Pode ter sido. Bem. À meia-noite, antes de começar a celebrar a missa, São Francisco colocou uma imagem do Menino Deus na manjedoura e ouviram-se as mais belas músicas de Natal compostas até então, que cantar músicas próprias para o Natal já era um costume mil anos mais antigo do que fazer presépio. Essa cena do presépio feita por São Francisco ficou tão bonita, mas tão bonita, que a notícia se espalhou pela Itália inteira, pela Europa toda, por todos os povos cristãos. Aqui, do outro lado do mundo, demorou um pouco mais para chegar. Tem-se notícia de que os primeiros presépios no Brasil foram feitos lá pelos anos de mil e oitocentos.

Como o presépio tinha uma história, a menina quis saber a da árvore de Natal. Gostava tanto daquelas árvores feitas de cipreste bem verdinho, cobertas com algodão, enfeitadas com bolas brilhantes, de muitas cores, tão frágeis como casca de ovo. Primeiro, o pai lhe disse que uma árvore representa vida_ a árvore faz brotar a flor, a flor se transforma em fruto que nos dá alimento e semente para uma nova árvore, uma nova vida_ e que é por isso que árvore é um bom símbolo para o Natal. Então, o pai lhe contou, que havia lido em algum lugar, que o costume de enfeitar a árvores para saudar o nascimento de Jesus Menino surgiu pelos anos de mil e quinhentos, quando os sacerdotes celtas, gente dos lados da Alemanha, decoravam árvores com maçãs douradas na época do Natal. Como nessa época do ano aquela região fica toda coberta de neve, as árvores eram cobertas com algodão, pra lembrar árvores cobertas de neve

E os presentes? E o Papai Noel? Bem. Esses também têm suas razões, como as velas que representam a luz das estrelas que guiaram os três reis magos até o lugar onde Jesus nascera e os sinos que representam um anúncio, um chamado: “atenção, todos, atenção, o Menino Jesus nasceu em Belém!” Dar presentes é um costume muito antigo no mundo. Para alguns, o costume de dar presentes de Natal está relacionado aos presentes que os reis magos levaram ao Menino Jesus_ falou o senhor Ovidinho, apontando no seu presépio os reis magos numa estrada, ainda distantes da estrebaria. E continuou, completando a fala do pai da menina ainda pequenina: para outros, está relacionado a São Nicolau, um benfeitor que viveu na Turquia no século quatro e que presenteava as pessoas mais pobres na época do Natal. Ah! O Papai Noel? O tão esperado velhinho, gordo, que sempre usa uma roupa vermelha enfeitada de arminho branco e que carrega um saco vermelho cheio de brinquedos, que não esvazia nunca? Sua origem também pode estar relacionada a São Nicolau. Mas suas roupas vermelhas, como ele usa hoje, foram inventadas pelos americanos e não faz muito tempo não.

No entanto, de uma coisa, o pai da menina e o senhor Ovidinho estavam convencidos. Numa época de Natal, a figura mais importante é a do Menino Jesus. Mas, se a menina ainda pequenina quisesse, poderia colocar seus sapatinhos perto da árvore de Natal pra esperar os presentes do Papai Noel. Que acaba que é o Menino Jesus que abençoa, pra que os presentes cheguem direitinho como as crianças vêem em seus sonhos.

Diante da alegria da menina, os dois homens falaram da estrela que representa esperança em uma nova vida, dos anjos que tocam trombetas, das guirlandas de ramos de pinheiro, de comidas gostosas da noite de Natal, da Missa do Galo que a avó nunca havia perdido, por nada deste mundo........ Depois de se deslumbrar com o cenário, com as história e as belas canções, a menina ainda pequenina saiu da casa do presépio com os olhos brilhando todos os brilhos das luzes de Natal. Certa de que iria pedir ao pai para que todo ano, nas vésperas do Natal, a levasse de novo a casa do senhor Ovidinho pra ver aquele presépio, o mais bonito que ela já vira em toda a sua vida.

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Caros leitores,

desejo a todos um Natal muito feliz e um 2007 abençoado.

Terezinha Pereira
Enviado por Terezinha Pereira em 16/12/2006
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