ASAS PRIMITIVAS

Jutimbiara era a índia mais bonita da aldeia. Tinhas os olhos claros, meio azulados.

Todos já estavam acostumados com a sua beleza “diferente”. Ela era fruto da paixão de sua mãe por um navegante francês, quando de sua chegada à aldeia.(*)

Jutimbiara não conheceu o pai, mas ouviu falar muito dele através das conversas de sua mãe com outras índias mais velhas.

Tibiri cortejava Jutimbiara, mas ela, apesar de achá-lo belo, tinha por ele afeição e carinho, como se fosse um irmão.

O cacique estava treinando Tibiri para ser o seu sucessor. O Conselho dos Anciãos já havia se manifestado favorável ao pleito de Tibiri, que ainda não tinha perdido as esperanças de se unir à Jutimbiara.

Um belo dia, Jutimbiara ficou horas acocorada em um promontório, com o olhar fixo no horizonte.

Seu ser ansiava por novos rumos. Queria conhecer o Novo Mundo, onde ficavam as cidades que permaneciam iluminadas durante a noite.

De repente decidiu-se. Amanhã seria o GRANDE DIA. Não seria mais obrigada a dormir cedo. Na cidade dos seus sonhos ela dormiria quando o sono chegasse. Iria conhecer a terra onde seu pai havia nascido.

Desceu do seu posto de observação e foi em busca de bambus. Cortou-os do mesmo tamanho e com uma espécie de cipó amarrou-os. Ainda improvisou um pequeno remo com as sobras das varas.

Escondeu tudo numa ramagem que ficava à beira da praia.

Tibiri e os outros não poderiam ficar sabendo dos seus planos.

No dia seguinte acordou bem cedo. Correu para a praia, sem ser vista, e banhou-se demoradamente.

Saiu do mar e foi apanhar a jangada e o remo.

As águas estavam calmas...azuis...tranqüilas.

Remando suavemente, foi pouco a pouco afastando-se da costa.

Enfim iria conhecer a “civilização”!

Seu destino final : PARIS.

(*) Invasão francesa ao Rio de Janeiro em 1555.

MURILO
Enviado por MURILO em 15/08/2011
Reeditado em 22/10/2011
Código do texto: T3162198