Sem tempo para amar formato conto

Lembranças vagas, porém verdadeiras tenho eu de um sonho vivido numa dessas noites, em que embora rodeado de amigos...

Alojou-se no quarto ao lado – nós que havíamos nos hospedados num hotel a beira de uma montanha, afim de um desses feriados prolongados gastar, - uma linda meiga menina. De longos cabelos, fios de ouro, tão louros que eram; olhos de natureza densa, virgem. Frios demonstravam precisar de carinho e proteção.

O tempo é hostil quando se fala de sonhos. Tomado eu e esta menina de um estranho e verdadeiro sentimento de cumplicidade, bastantes pelas poucas trocas de olhares tão familiares, que apresentações foram assim dispensadas. Derradeiramente encontrávamos nós, já às escondidas.

Em sonhos, vagamos... Mãos frias, assim conheci seu toque, seus beijos.

Quão estranho quando esta agradeceu-me pelo seu primeiro beijo. Confessou-me haver sentido a vida novamente.

De tormentos e dúvidas tomado, sabia muito pouco eu de sua vida e família.

Vi-me sozinho novamente, e caminhei sem rumo, sem direção ate fitar meus trêmulos olhos.

A minha frente uma fazenda. A mesma fazenda qual Juliana entristecia-se nas poucas vezes que tocara no assunto revelou-me o nome.

Em seu alto, uma grande placa de madeira velha e apodrecida o nome do meu espanto já em tinta descascada pelo tempo, fazenda Juliana.

Avistei de muito longe. Tempo suficiente para percorrer e desvendar as belezas daquele lugar único. Andei a seu encontro. Dizia, pois, ser aquela a última vez que nos veríamos.

Tristeza não foste necessária. Havia eu a tornado, uma das pessoas mais felizes como ninguém o fizera antes. Qui-lo acreditar e aceitar, se não relutasse a idéia de não mais vê-la. Caminhando, a vi desaparecer no horizonte.

Carregava consigo uma luz imensa que iluminava tudo a seu lado.

Decidi andar às tantas. Passei por uma estrada velha. Tempo muitas vezes não e importante em sonhos, mas sentia-me andar por horas, qual cansaço fora eu tomado. Deparei-me com uma velha porteira, balançando ao vento novamente. Decide adentrar e quem sabe encontrá-la de novo.

Senti-a presença de Juliana, embora não pudesse ver. Vivi um dos sentimentos mais profundos, jamais vivido ao lembrar-me, que eu por amar fazia Juliana viver dentro de mim.

Conduzi-me, ao atravessar a pequena porteira, a uma velha casa grande com imensas janelas, de vitrais quebrados.

Lápides avistei nesse transcorrer. Ventos tão fortes e frios arrepiava-me o corpo inteiro.

Lápides de carne, de dor de separação.

Escritas vermes que me comiam o coração ali naquela pedra gélida “Juliana 07/09/1980 à 15/05/1995”.

Parte do solo. Forças faltas e pernas derrubadas.

Ajudado por uma velha, de cabelos esbranquiçados como a pura neve de feições sofridas e marcas profundas na face, tal era minha invalidez, indaguei o que Juliana ali jazia.

Torvo foi o relato de uma mãe sobre a triste menina.

Partira há 7 anos, qual Pai autoritário retira-lhe a vida, quão numerosas foram as proibições aos anseios de juventude. Acabara por fraquejar e despertar dia-a-dia sem mais esperanças de assim libertar-se. Fizera-o quando não mais vida possuía. Pulsos cortados; o Pai tardiamente culpava-se, buscando Juliana para junto de si com um tiro no próprio coração.

Da velha, abandono e surpresa.

Indagava-se como pudera eu tê-la conhecido.

Aprendera certamente que para amar, servil é a existência da eternidade, onde sonhos podem e são representações da realidade.

Vagner Silva Penna
Enviado por Vagner Silva Penna em 05/08/2011
Reeditado em 11/08/2011
Código do texto: T3141486
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