A Máquina de Gravar Sonhos - (parte 1; sonho narrado pelo cientista onírico que assiste ao sonho de um menino gravado em uma das fitas de sua imensa coleção de sonhos do mundo todo.. Mas sonho algum tinha o poder de encantá-lo quanto os daquele menino...)

No Entardecer...

Aquele sonho era muito lindo... O menino estava apreciando o Sol que estava imóvel no limiar do horizonte... Seu sonho era amarelo e dourado... As nuvens, vermelhas, rosas e lilases... E ele se perguntava:

- O Sol não irá embora?

De repente, uma meiga voz lhe disse:

- Jamais...

Então o menino olhou para o lado direito e viu um velhinho sorrindo na janela de sua velha e singela casinha de madeira... E com muita curiosidade, perguntou para ele:

- Mas por que o Sol não se põe aqui?

E o velhinho, com alegria lhe contou:

- Aqui onde eu construí a minha casa, eu posso admirar essa maravilha eternamente...

- Mas como o senhor pode fazer isso? O senhor mora aqui? – perguntou o menino, curioso e encantado.

E o velhinho com muito carinho lhe respondeu:

- Eu moro na parte mais bela e emocionante do Tempo, sempre desejei muito morar aqui... Eu moro no Entardecer...

Amarrei as horas nó pé do abacateiro, por isso há tantos números espalhados pelo quintal, mas aqueço a minha visão no horário das borboletas dançantes...

Então o menino sonhador sentiu uma profunda emoção em seu coração e, logo depois, resolveu olhar tudo ao seu redor, ele via árvores se espreguiçando, pássaros voando sem bater as asas, patinhos numa lagoa de baunilha, até perceber que, no horizonte qual ficava do outro lado, as nuvens nunca paravam de mudar de cor e de forma... Infinitas imagens se criavam trazendo puros e coloridos sentimentos de mágicas fantasias em seu coração...

Aquele querido velhinho, observando o menino com seu doce olhar, lhe contou outra estória incrível:

- Garoto... No outro lado do entardecer eu plantei outra casinha... O quintal é muito grande, no final dele há um pequeno rio por onde descem todas as manhãs do mundo... Lá você pode ouvir que o calor da tranqüilidade é mais azul e perfumado... As nuvens descansam no velho telhado e depois se recolhem pela chaminé, se aconchegando dentro da caixa d’água... Num tempo mais antigo elas desciam pelo chuveiro que realizava reluzentes e cristalinos banhos celestiais...

Giuliano Fratin (do livro A Máquina de Gravar Sonhos, 2010)

Giuliano Fratin
Enviado por Giuliano Fratin em 15/07/2011
Reeditado em 16/07/2011
Código do texto: T3096395
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.