A canção de Elektra.
Orion, 03 de abril de 3023.
Gazeta de Orion:
“... A grande e caridosa Deusa Hera exigiu que a bela e mortal princesa, fosse imolado ao Deus Netuno... Mas, Zeus inconformado com o tratamento que será dado a sua antiga amante, vestiu literalmente as calças e saiu em defesa de Elektra, mudando a sentença. Ela será dada como concubina para o seu irmão...”.
“... Resta saber qual imolação é mais sofrida, se morrer bebendo cicuta ou viver morrendo por um amor impossível nos braços de um outro!”
Estava andando sem rumo, imersa em meus pensamentos e sentimentos,
Os seres e as paisagens pareciam uma tela borrada em meus olhos úmidos das lagrimas que teimavam em não cair.
Prosseguindo em minha caminhada, enquanto que os elementos da natureza riscavam e cortavam os céus.
Açoitando o meu corpo, castigado e maltratado pela miséria humana. As minhas melenas voavam em volta da minha cabeça como se fossem as serpentes da gordona, pareciam que tinham vida própria.
Os ventos me acariciavam e se insinuavam entre a minha pele e minha roupa, levantando a toga. Expondo o meu corpo a fúria das chuvas e das gélidas gotas que teimavam em escorrer por ele.
Os raios que rasgavam ao éter, iluminando e servindo de archote para a jornada solitária, a qual eu fazia.
No horizonte o mar se encontrava revolto, como se Netuno estivesse irado e quisesse castigar a todos os seres vivos.
Caminhando para a minha imolação, penso no insensato sentimento que alimentei em meu ser.
- Como se um Deus, pudesse amar a uma mera mortal.
No entanto, a minha entrega foi legitima, pois me entreguei de corpo e alma ao grande Zeus.
Cada minuto, cada segundo e cada momento ficaram marcados em minha alma.
Forjado no fogo da paixão, na insensatez dos sentidos!
Da mesma forma que surgiu, o sentimento se extinguiu, fui apenas mais uma para o egoísta Deus.
Restando apenas lembranças dos encontros e uma dor intermitente que machuca ao meu ser a cada respiração dada.
Sigo para cumprir a profecia, assim honrando aos meus familiares, pois Hera não perdoa as amantes do seu marido.
Serei o sacrifício que irá apaziguar o orgulho doentio da grande deusa.
Chegando ao despenhadeiro, olho para trás, vejo a polis ao longe, com suas brancas e imponentes colunas.
Olho para toda a minha vida, para os meus sonhos, para as minhas realizações e feitos.
A minha frente, apenas o oceano, com sua turbulência e violência a espera da incauta vitima.
Sinto pela ultima vez, o vento amado que oscula o meu corpo, retiro a toga e despida, vou para os braços de netuno.
Lanço-me no espaço, sendo envolvida pelo vento amigo e tatuada pelos raios, caiu lentamente no grande oceano.
Sendo amparada pelo grande netuno, que me envolve com os seus braços e me guia para a alcova...
A cada passo dado, o meu coração canta:
Ah!
Tuas lembranças,
Aquecem minha alma,
E fervem o meu corpo noite afora,
Horas escoam,
Rolo e enrolo,
Na cama à toa recordando.
Teus beijos,
Ainda sinto teu sabor,
Em meus lábios,
Aprisionando meu ser ao teu.
Insone, pensativa,
Relembrando a cada instante,
O teu sabor tão marcante,
Quanto peculiar,
Gravado e marcado a ferro e fogo,
Em meu ser.
O amanhecer rasga o véu noturno,
Feito virgindade desfeita,
Na alva cama dos amantes.
E eu,
Estou a pensar em tuas mãos,
Que moldam, contornam e acariciam meu corpo,
Fazendo do mesmo,
Seu objeto de culto,
Não existem mãos mais poderosa e saborosa,
Que as tuas,
Que proporcionaram tanto prazer.