Mirabela- O amargo sabor do destino - Continuação -
Continuação do capítulo anterior..
Enquanto isso o senhor Ulisses despedia-se da filha Mirabela.
- Tem cereza de que não quer mesmo ir á Espanha comigo filha?
- Não pai! hoje mesmo me entregarei a policia. Faça uma boa viagem!
O senhor Ulisses fita-lhe um olhar piedoso enquanto acaricia-lhe os cabelos.
- Filha! eu não conseguirei viver em paz sabendo que estará presa e..
- .. E daí? eu cometí erros, não cometí? agora devo pagar por eles!
Depois de relutar um pouco ele volta-se para ela com uma dúvida no olhar:
- Juro que não entendo você minha filha! Qual o problema de aceitar a ajuda do Santiago? Ele quer contratar o melhor dos melhores advogados prá te defender e..
- Pode parar por aí! isso para mim está totalmente fora de cogitação. Eu cometí crimes: roubei, liderei quadrilhas de bandidos, assaltei, cometí vários estelionatos. Enganei o quanto pude, ferí pessoas tanto física quanto moralmente e agora querer fazer o que muitos fazem, isso eu não quero e nem vou fazer.
E voltando-se para o pai ela prossegue: - O que me adiantaria um bom advogado me conseguir uma pena branda do tipo: um regime semiaberto ou mesmo o pagamento de minha pena com distribuição de cestas básicas para a comunidade carente ou ainda fazer trabalhos comunitários. Tudo isso para mim é uma grande canalhice. Eu que sempre critiquei este tipo de coisa não irei agora concordar com isso, simplesmente porque sou eu a estar do outro lado. Para mim pai, isso é uma injustiça com a própria comunidade. O que me adiantaria distribuir cestas básicas ou fazer trabalhos comunitários para eles se o pior eu já fiz á todos eles?
O senhor Ulisses lança-lhe um doce sorriso: - E quem vai te valorizar, te dar o devido valor, mesmo que você apodreça na cela de uma prisão?
- Eu mesma! Tenho cereteza que eu jamais me perdoaria e nem dormiria em paz se não pagasse por todos os meus crimes. Deste jeito não ia fazer valer todos os seus ensinamentos e principalmente os de minha avó.
Ela agora cai num pranto desesperador e entre soluços encara o pai com admiração.
- Pai, você e minha avó me ensinaram muita coisa boa! Obrigada por tudo! É uma pena que minha avó não esteja mais aqui para agradecê-la também.
Com a ponta do dedo, o senhor Ulisses retira uma lágrima que escorria do rosto sofrido da filha.
- Você já agradeceu á ela muitas vezes filha! Só não se deu conta disso. Tenho certeza que ela iria se orgulhar muito de você neste momento, de uma atitude tão nobre da sua parte.
Respirando fundo ela continua: - Que nada! Minha avó morreria de vergonha de mim ao ver que a neta que ela criou como uma santa acabou se transformando num demônio!
- Não diga bobagem! Você errou, mas foi para defender a sua própria avó! E ela soube disso antes de sua morte. Da mesma forma que eu que tive que fazer coisas erradas por amor á você.
Pai e filha se abraçam fortemente, um abraço terno e caloroso.
- Vai com Deus, pai. Se cuida, o senhor é a única familia que tenho agora. Eu te amo muito, grande guerreiro grego.
- Eu também te amo minha ameixa amarela, pequenina e doce.