Sangue de Dragão - Cap. 61

--- Cercados Pelo Inimigo ---

---- Você não morreu? O que aconteceu? Por onde andou? --- muitas perguntas passavam pela mente de Sarina.

---- Desculpe, mas não consegui mandar nenhuma notícia de onde estava.

---- Onde você ficou por todo esse tempo?

---- Num lugar chamado Grennmória. Foi para lá que me levaram depois da batalha que participei como sangue de dragão. Estava muito ferido e fui resgatado pelo mestre Fucalt --- Orogi olhou para o mago.

---- Mestre Fucalt? --- Sarina queria saber o porque da reverência de Orogi.

---- Sim, pequena aprendiz --- respondeu Fucalt, entendendo a indagação da garota ---- Eu sou um mago, mas não faço mais parte da Ordem da Magia.

---- Não faz mais parte? --- indagou Sarina, confusa.

---- É uma longa história --- disse Fucalt.

---- Ele mora em Grennmória e cuidou de mim enquanto me recuperava. Me mostrou muitas coisas sensacionais por lá. Espero que um dia você possa visitar e conhecer os.......

---- Orogi! --- interrompeu Fucalt ---- Não temos tempo para detalhes sem importância, lembre-se do seu objetivo.

---- Objetivo? --- indagou Sarina.

---- Sim, Sarina --- disse Orogi ---- Eu quero voltar para a Ordem e preciso falar com o mestre Farmenis. Ela deve está preocupado e achando que eu estou morto, mas quero falar com ele para que possamos voltar a servir à Ordem. Uma coisa aconteceu comigo e preciso dizer a ele.

Sarina fez uma expressão séria e ficou cabisbaixa.

---- Sinto muito Orogi, mas não será possível falar com o mestre Farmenis.

---- Como assim? O que aconteceu?

---- O mestre Farmenis fugiu da Ordem da Magia.

Aquela informação atingiu Orogi como uma bomba.

---- Fugiu? P...porque? --- perguntou.

---- Não sei ao certo. O que dizem é que ele feriu o Lorde Borgus numa luta. Agora ele é considerado um criminoso e está sendo procurado por isso.

---- Sabe-se para onde ele foi? --- perguntou Orogi.

---- O que se sabe é que ele saiu de Taram. Para onde, não sei.

Há quilômetros dali, um homem acaba de escalar um dos montes que compõem o Vale das Cinco Pontas. Vestido com um manto e capuz negro, que balançava ao sabor do vento, ele olha em volta até encontrar o que procurava. E lá estava ele, incrustado na rocha firme do vale. O Olho do Norte.

Para surpresa do estranho observador, outros visitantes também chegavam à imponente fortaleza pela íngreme estradinha entalhada no paredão rochoso. Fato que ele passou a observar atentamente com um leve sorriso macabro nos lábios. Aquelas pessoas teriam uma grande surpresa.

Tarlius, Azura e mais dois magos da Centúria acabavam de chegar às proximidades do Olho do Norte. Eles traziam uma mensagem urgente do Lorde Borgus, cujo conteúdo o grupo não sabia o que era. Assim que chegaram perto do portão principal, Tarlius percebeu algo.

---- Tem algo estranho acontecendo.

---- O que houve? --- perguntou Azura.

---- Nenhum sinal de sentinelas nas torres --- disse Tarlius olhando para cima ---- Esses postos nunca ficam desguarnecidos.

---- Pode ser o período de troca da guarda --- disse um dos centurianos.

---- Não --- falou o outro mago do grupo ---- As trocas são feitas na torre para que não haja intervalos na vigília.

---- Isso mesmo. Fiquem atentos, vamos bater o portão --- disse Tarlius, o líder.

O grupo parou em frente ao portão principal da fortaleza. Tarlius bateu com força repetidas vezes, mas não houve resposta. Realmente algo sério estava acontecendo naquele lugar.

---- Não temos outra opção --- disse Tarlius ---- Azura, prepare-se para derrubar o portão.

O centuriano obedeceu e se afastou um pouco. Precisava ganhar impulso para sua técnica. Logo depois saiu correndo em direção ao portão, fez um movimento com as mãos e liberou a magia.

---- BOLA DE FOGO!

Durante todo seu treinamento na Centúria, Azura aprimorou bastante suas técnicas do elemento fogo, dando mais poder explosivo a elas. Sendo assim, sua magia gerou uma forte explosão que arrebentou uma parte do portão, dando passagem para o restante do grupo.

Assim que o grupo entrou, ainda em meio à fumaça da explosão, um ser alado passou voando por eles com extrema rapidez, agarrou um dos magos centurianos e o levou para o alto, sumindo entre as rochas. O que se ouviu foram gritos de dor e som de magia sendo lançada. Depois veio o silêncio.

Assim que a poeira baixou, os centurianos se depararam com uma enorme quantidade de feras com asas de morcego, que rosnavam ferozmente. Elas tomavam conta de todo o pátio central, no chão, penduradas nas paredes e em cima de caixotes e barris.

---- Pelos deuses, o que é isso? --- se impressionou um dos magos.

---- Que espécie de criatura é essa? --- perguntou Azura.

---- Sejam o que forem, parece que elas são a causa de não haver mais ninguém aqui --- disse Tarlius.

---- Não acredito que mataram todos os centurianos. Malditos! --- a raiva crescia dentro de Azura. A união entre os membros é muito forte dentro da Centúria. Quando um morre em batalha, todos sentem.

De repente, uma das criaturas ergue vôo e avança, sendo seguida pelas demais. Logo um verdadeiro enxame se forma, atacando com garras e dentes.

---- Lartan, rápido! Use sua técnica para dispersá-las! --- gritou Tarlius enquanto corria na direção de uns barris de água.

Lartan fez alguns gestos com as mãos e depois as juntou, liberando sua magia.

---- CONE DE AREIA!

Um imenso jato de areia saiu da boca do mago na forma de um leque e atingiu bem no meio das criaturas. Muitas foram arrastadas e caíram ao chão, soterradas. Ao lado, Azura mais uma vez lança sua Bola de Fogo e atinge um bom número de feras, que se batem no solo enquanto são consumidas pelas chamas. Por fim, Tarlius, com os barris de água abertos ao seu lado, lança sua técnica mágica.

---- BOTE DAS SEIS SERPENTES DE ÁGUA!

De dentro dos barris saem seis fortes jatos de água em forma de serpentes. Eles chicoteiam ferozmente as bestas aladas, arremessando-as para trás vários metros.

Mesmo diante dos poderosos ataques dos três centurianos, as criaturas continuam avançando e atacam Azura, que só teve tempo de sacar sua espada e se defender do primeiro golpe das garras afiadas e esquivar de mais dois. Ele já estava totalmente cercado.

Por sorte Tarlius envia três de suas serpentes de água e derruba mais uma leva dos furiosos homens-dragão. Aproveitando a situação, Azura usa toda sua técnica de luta e acaba com mais uns cinco, cortando e perfurando com sua espada. Mas eram muitos, não tinha como se defender de todos ao mesmo tempo. Foi quando sentiu unhas afiadas rasgando suas costas, tirando um grito dos seus pulmões. Juntando forças o garoto centuriano consegue afastar a criatura de suas costas. Precisava de espaço para utilizar magia.

Mais uma vez as serpentes de Tarlius o salvaram de ser retalhado por uma das feras, afastando um pequeno grupo. Era a brecha que Azura precisava. Fazendo rapidamente os movimentos de mão necessários, Azura lança sua técnica bem quando um dos homens-dragão estava prestes a atingi-lo.

---- PUNHO FLAMEJANTE!

O braço direito de Azura se incendiou furiosamente numa chama poderosa. Seu golpe atingiu em cheio o oponente, explodindo e varrendo uma área de dez metros à sua frente. Num outro ponto do pátio, Lartan se protegia criando uma redoma de terra, fazendo algumas criaturas se chocarem contra ela. Logo a redoma estava repleta delas, golpeando para tentar entrar. Mas como um passe de mágica, Lartan surge do lado de fora, saindo do chão como se fosse um fantasma.

Fazendo um gesto de mão ele faz com que a redoma se abra e aprisione os homens-dragão. Logo em seguida a prisão de terra afunda no solo, levando todos consigo. Mas Lartan é surpreendido quando uma das criaturas morde seu braço e o ergue do chão. O mago grita de dor, saca sua espada e a enfia no peito da besta, que mesmo assim continua subindo até sair por cima da muralha da fortaleza em direção ao vale. Lá, fera e centuriano, caem no abismo profundo.

---- Lartannnnnnnn! --- grita Tarlius. O mago enfurecido junta os punhos cerrados, unindo suas serpentes em uma enorme massa de água em forma de cobra gigante e ataca com tudo. A magia acerta um grande número de inimigos e se choca contra a muralha da fortaleza numa explosão de água e rocha.

Tarlius e Azura estavam exaustos e feridos. Usar técnicas mágicas e de luta corporal exige muita energia. Nesse ritmo não durariam muito.

Mas de repente os homens-dragão pararam o ataque, como que obedecendo a um comando invisível, e pairaram no ar a certa distância. Muitos estavam mortos no chão, mesmo assim uma quantidade enorme ainda flutuava observando os dois magos guerreiros solitários. Azura e Tarlius aproximaram-se e ficaram parados, um de costas para o outro.

---- O que está acontecendo? Porque pararam de atacar? --- perguntou Azura.

---- Não sei e não quero ficar para descobrir --- disse Tarlius ---- Vamos ter que usar transportação.

---- Mas estamos no alto de uma montanha. O alcance do pergaminho é limitado. E se formos jogados no vazio do vale? Cairemos para a morte --- alertou Azura.

---- Pelo menos temos uma chance de dar certo. Se ficarmos aqui é que morreremos com certeza. Lance o pergaminho --- ordenou Tarlius. Quando Azura retira o pergaminho do seu manto, os centurianos ouvem um grunhido poderoso que ecoa por toda a fortaleza. Era Alzimuth que aparecia em cena.

A presença do antigo Dragão de escamas amarronzadas arregalou os olhos de Tarlius e Azura. Um dragão agora reinava no Olho do Norte e tinha matado todos os seus habitantes. A caça tinha caçado os caçadores. Triste ironia do destino.

Os magos ativaram o pergaminho de transportação e sumiram numa explosão de fumaça branca, para um destino incerto.

Enquanto isso Alzimuth ria dos seus tolos adversários fujões. Quando parariam de importuná-lo, se perguntava. Sua risada é bruscamente interrompida quando uma figura encapuzada aterriza no pátio, rachando o chão com a potência da queda.

---- Vocês Urami estão testando minha paciência! Quem é você desgraçado?! --- pergunta Alzimuth.

---- Vejo que esta carcaça imunda nublou sua visão.... irmão --- responde Balgast no corpo de Farmenis.

---- Não ouse blasfemar contra a poderosa raça dos dragões, humano. Pagará caro por sua ousadia. Prepare-se para morrer.

Balgast abre um sorriso e seus olhos brilham num vermelho intenso.

---- É.......parece que vai ser do jeito mais difícil.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 08/06/2011
Código do texto: T3020864
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