SfallowGates : Da Origem à Criação | Prólogo

PRÓLOGO

Há muito tempo, existiu um grupo de guerreiros, composto por amigos de diversas batalhas, que vagavam por uma terra distante chamada Nureaf: o feiticeiro Jon Balrok, uma criatura com aparência humana de 3m de altura e com asas de dragão dourado; o clérigo Natan Stollen, um caçador de mortos-vivos; o guerreiro Henriko Askaban, um antigo rei, machucado por ter perdido recentemente sua esposa e seu reinado; o feiticeiro Azengard, um homem misterioso e cheio de tatuagens que possuía um estranho dom sobre o líquido vital de todos os seres vivos; a maga Millena Strengten, uma linda mulher que antes fora dominada por um poderoso lich e, por último, Feng Daimon, um paladino meio-orc, esperançoso de que sua raça pudesse viver entre os homens de igual para igual.

Para esse grupo, apenas uma coisa era certa: “o mal jamais triunfaria enquanto ainda este grupo estivesse de pé”. E, por isso, eles vagavam por toda Nureaf em busca de qualquer força maléfica presente. A busca pelo mal durara décadas. Por muitas vezes, o grupo esteve em seu limiar de força e esperança, mas eles não podiam falhar. Essa jornada levou a comitiva a muitos lugares sequer imaginados por qualquer criatura e a descobrir outros mundos ainda não explorados. Após algum tempo de batalhas épicas e muitos sacrifícios, já se passara enfim 10 anos que os heróis não encontravam nada verdadeiramente maligno. “Deverá o mal ter sido liquidado”?

A caravana de guerreiros não escondia a fadiga e, quando finalmente a noite caiu, eles resolveram pela primeira vez descansar. Logo à sua frente, avistaram um lago que refletia a lua cheia, fornecendo uma iluminação natural e revelando um lugar feio, escuro e horripilante que, além disso, exalava um forte odor de enxofre e carniça. Pela grande experiência adquirida nas contendas travadas ao longo de tantos anos, todos já podiam sentir o perigo. O mal estava por perto. Mantiveram-se em guarda, mas o local permanecia calmo, apesar do ar ameaçador e opressivo, praticamente obrigando-os a recuar instintivamente até o lago que, sendo uma exceção ao restante do ambiente, se mostrava divinamente límpido: ainda não tinha sido entregue às trevas. Era ainda não corrompido pela maldade e pela podridão. Seria bem provável que os deuses ali ainda exercessem uma forte influência.

Tocaram as margens e ali se instalaram, decidindo por banharem-se mais tarde e beber daquelas águas tão cândidas. Após mergulharem, no momento em que voltaram à superfície das águas, perceberam que tinham sido todos transportados para outro lugar. Esse lugar era puro e vazio, vasto e extenso, de uma natureza vibrante. Podiam ser vistos, além de uma imensidão de montanhas verdejantes, pássaros voando sobre os vales ainda não tocados pelas criaturas que habitam Nureaf. Naquele momento, ainda não podiam crer que estavam realmente em outro mundo, ou em outro plano. Para se certificarem disso, desviaram o olhar para o lago que ali ainda existia. Foi aí que tudo voltou ao normal. Aquela paisagem negra e violenta voltou a encher seus olhos de fogo e ódio contra as forças maléficas que provavelmente levaram um lugar tão belo a se transformar naquele inferno.

O lago ainda era a única coisa viva que resistia naquele lugar. Um “milagre”. E, apesar do local opressor, ainda não tinham visto perigos ali, naquela terra. Foi então que, logo após o amanhecer, um nascer de dois sóis surpreendeu a todos, ao despertarem de seu sono depois de se alternarem na guarda enquanto os demais ainda dormiam. Os sóis eram fortes e pulsantes. Parecia que brilhavam pela primeira vez. Ao redor do grupo, gramados apareceram onde nada existia na noite anterior. Ah sim! Isso, eles tinham a certeza de que não existia realmente! O solo era morto e grosso. Incomodava tanto que, para dormir, não podiam sequer dispensar suas armaduras, mas agora estava diferente.

Contudo, essa transformação não ocorreu em todos os lugares. Na verdade, aconteceu somente no alcance de algumas turvas quadradas. Um dos integrantes chegou a afirmar que somente onde eles andaram é que brotaram as plantas. Decidiram permanecer ali por mais alguns dias até que vasculhassem toda aquela área e, tão logo se certificassem de sua tranqüilidade, partiriam. Sete dias se passaram e algo se confirmou: em todos os lugares nos quais pelo menos uma única vez qualquer um dos integrantes andasse, o mesmo fazia com que plantas crescessem, o solo se fertilizasse, a vida germinasse; eles podiam mudar completamente aquele ambiente conforme a sua vontade. Algo tinha acontecido na semana que passou. E, com certeza, aquela visão no lago foi a responsável por essa mudança.

Eles tinham adquirido poderes divinos!

Davam a vida!

Faziam nascerem plantas!

Montanhas eram movidas!

Deuses, agora, todos eram!

Sobre o lago sagrado foi erguido o que é hoje o castelo de Sfallow. Askaban foi coroado rei e soberano desta nova terra. Já havia passado um ano desde que chegaram àquelas terras e nunca haviam visto uma ameaça qualquer. Até aquele dia fatídico. Naquele dia, uma legião de mortos-vivos e aberrações sobrenaturais invadiu os arredores do castelo, fazendo com que o antigo grupo de guerreiros enfrentasse mais uma vez uma guerra contra mal. Mas as forças do mal já não tinham mais o conhecimento sobre os rivais que, agora, eram divindades sagradas. E, como deuses, agiram como tal e dizimaram aquelas aberrações. Algumas regiões daquela terra, que agora se chamava Sfallow, ainda permaneciam afundadas em trevas; ainda não haviam sido banhadas pelos raios gêmeos dos astros maiores - os dois irmãos que brilhavam em sinal de paz e esperança, agora sobre o castelo de Sfallow.

Jon Balrok, o rei Askaban, Millena, Azengard, Feng e Natan resolveram percorrer aquela imensidão de terras à procura de criaturas inumanas e malignas que ameaçavam destruir toda e qualquer criatura que respirasse o ar puro trazido de volta àquelas terras pelos novos deuses. De forma divina, os seis deuses percorreram, em poucos dias, mais de um milhão de turcunas, exterminando todas as ameaças existentes e levando luz às regiões que antes eram apenas trevas. Os seis deuses estavam tendo sucesso em sua empreitada pela paz e ordem até que descobriram algo perturbador e fatídico. Millena encontrou uma caverna em uma determinada área da nova terra e, por meio de suas técnicas mágicas, decidiu avisar logo aos companheiros que, prontamente, atenderam-na. Em um segundo, todos já estavam reunidos à frente dessa misteriosa caverna, na qual todos entraram logo após. E uma batalha jamais presenciada estava para começar. Dentro daquele local, algumas dúvidas eram esclarecidas, enquanto outras permaneciam ainda mais inexplicáveis. Foi então que encontraram um rival de tamanho poder, que não temeu enfrentá-los.

A batalha durou mil anos, mas para os olhos mortais se passaram apenas alguns dias. Toda a realidade foi exposta a tamanho poder que, como se podia imaginar, não agüentou. Um colapso, uma espécie de paradoxo aconteceu naquele plano. Finalmente, a luta chegou ao seu ápice e o demônio foi derrotado. Ao retornar para a superfície, um impacto súbito e um ódio profundo tomou conta dos deuses vencedores. Sfallow novamente estava afundada em trevas e nem mais o castelo estava de pé. Uma legião de mortos-vivos havia tomado conta da superfície de Sfallow. Alguma atitude haveria de ser tomada. Os seis deuses agora tinham de fazer algo que desse fim àquelas malditas criaturas das trevas e, utilizando-se de seus novos poderes divinos, invocaram uma magia capaz de cercar aquela área da caverna de onde os mortos saíam, assim evitando que invadissem novamente as novas terras de Sfallow, que começaria a ser construída no raiar dos sóis. Uma área aproximadamente de mil turcunas foi selada e de lá as criaturas negras jamais sairiam. E assim se deu origem à segunda mais antiga cidade de Sfallow, a cidade dos mortos, a cidade Mausoléu.

“–-Agora Sfallow será reerguida e jamais as trevas retornarão!” – assim disse Jon Balrok, que abriu suas enormes asas douradas e alçou vôo, recitando em voz alta algumas palavras em idioma dracônico para, diretamente do fundo de sua alma, conjurar uma magia espetacular que criou uma dimensão de terra que se transformaria, futuramente, em uma cidade flutuante. Sua magia não criou apenas aquela nova terra, mas também um portal feito e trabalhado em mármore e ouro que abrigaria, a partir daquele dia, um dos alicerces para que Sfallow continuasse eternamente protegida daquelas criaturas horrendas. O grande e poderoso líder dos mortos havia sido aprisionado dentro de uma gema que foi logo dividida em quatro partes. Com a ajuda de seus companheiros, Jon Balrok criou outros três portais baseando-se no primeiro, e os espalhou nas outras direções, para que um deles ficasse no norte, o outro no sul, outro no leste e o último em algum lugar do oeste. Esses portais levam a outros lugares aleatoriamente. Jamais será possível descobrir para qual lugar o portal aponta, sendo este um dos efeitos colaterais da poderosa magia.

O mundo de Sfallow gira sem parar de alguma forma em um plano paralelo. Se por acaso uma das portas for fechada, uma catástrofe acontecerá. O mal será libertado e a morte será certa, já que o inimigo estaria se preparando em sua dimensão solitária para uma vingança sem escrúpulos. Devido a isso, o nome do mundo foi definido “SfallowGates”, ou seja, “as Portas de Sfallow” ou os “Portais de Sfallow”. O reino de Sfallow foi reerguido e dessa vez nada mais causou problema algum. Os deuses então se dividiram e saíram em busca de seus antigos sonhos que, antes de se conhecerem, eram seus principais objetivos, com exceção de Askaban, que permaneceu em Sfallow, recebendo refugiados de outros mundos que de alguma forma eram guiados até Sfallow, assim dando início aos primeiros povoados de SfallowGates.

Muito tempo depois, o conhecimento de um novo mundo que tinha em sua descrição “O Paraíso dos Deuses”, mostrando que os deuses também viviam entre os seres mundanos fez crescerem a cobiça e a ambição de inimigos inescrupulosos que trouxeram as guerras de volta a Sfallow. Deuses e semideuses tentaram sobrepujar os senhores de Sfallow, como era de se esperar. Uma nova e impiedosa guerra teve início, com origens jamais vistas. Uma guerra de deuses. Uma guerra sagrada. Era assim que era chamada pelo povo de Sfallow. Novamente o grupo de Jon Balrok, Millena, Natan, Azengard, Feng e do rei Askaban foi o vitorioso. Depois de tudo começar a voltar ao normal, eles decidiram viver em outro plano. Um plano divino, onde pudessem olhar e influenciar SfallowGates quando necessário.

Askaban apaixonou-se por uma linda mulher do povoado de Sfallow, casou-se com ela e teve oito filhos. Todos foram iguais ao pai e reinariam como verdadeiros reis.

Jon Balrok tinha como objetivo fazer os dragões viverem em harmonia com os humanos e outras raças. Sendo assim, ele retornou até Nureaf e trouxe consigo um filhote de cada tipo de dragão, e os criou em uma ilha no oeste de SfallowGates, que hoje é chamada de a “Cidadela dos Dragões”. Cidade que ainda é um mistério para todos.

Feng criou a primeira cidade de orcs de SfalowGates e, finalmente, realizou seu sonho. Homens, elfos e orcs vivem juntos e em harmonia naquela cidade. É claro que existe a diferença que, de tempos em tempos, os leva a algumas brigas raciais, mas são coisas de alguns bêbados e mendigos.

Natan ficou responsável pela segurança de SfallowGates, mantendo Mausoléu selada como sempre haverá de estar.

Azengard vive livre e desimpedido pelo mundo de SfallowGates, como sempre quis.

Já Millena criou uma escola de magia que estuda única e exclusivamente as possessões e as criaturas lich. Uma ordem de seguidores foi criada pelo povo de SfallowGates, e templos foram erguidos para receber as divindades quando decidissem visitar as outras cidades.

Mas tudo já estava decidido! Jon, Natan, Millena, Askaban, Azengard e Feng foram para outro plano e deixaram as terras de SfallowGates. Legiões de poderosos clérigos, druidas e paladinos continuam o trabalho de seus deuses e, até hoje, acredita-se que eles ainda recebem ordens e sugestões diretamente das divindades.

Já se passaram 12 milhões de anos desde que SfallowGates foi criada e 3 mil anos desde que os deuses deixaram a terra.

-- Capítulo 1... ---

Derley G Hassen
Enviado por Derley G Hassen em 27/05/2011
Reeditado em 28/05/2011
Código do texto: T2997305
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