MORTINHA POR NÃO ME IMPORTAR ...

Como quem cala meias verdades e houve falsas mentiras há uma vida que colecciona vidas e já não conta histórias de pasmar.

Sonâmbula, liberta, perfumada, género feminino (gaja), número singular (infinito) e numa reprimida indiferença, recolho as mensagens caídas no chão.

No código dos risos permaneci como se fosse ontem. Seduzo a sombra do que fui, as barreiras são surdas. O tempo espelha o presente, o futuro, esquece a cópia do passado. Uma metáfora camuflada, sob a folha murcha de uma biografia que revela uma leitura inacabada.

Cresce a consciência do renascer, talvez um dia eu não me importe de ouvir a porta bater.

Talvez um dia eu não me importe que não se levantem para me receber. Gestos que tropeçam na indiferença, sem contorno de acção, porque já não importa agradar.

Talvez um dia eu não me importe de recolher pedacinhos de mim e formar o puzzle que constrói o destino.

Talvez um dia eu não me importe de ignorar palavras mudas, caladas por quem não soube corresponder, nem compreender as mesmas palavras que se queriam correctas.

Quando olho para trás, afinal estava infeliz e não sabia…

Ele, género masculino numero (muito… muito) singular!

Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 20/05/2011
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