Anjo do Mal, do Bem

Como era de se esperar, Lucius chamava a atenção por onde quer que passasse: fosse na rua, no shopping, ou até mesmo na igreja! Mesmo com essa história de acabar com o preconceito, o coitado era vítima de olhares suspeitos e até de bullying por conta de sua cor. Muitas pessoas, só ao vê-lo, mudavam de caminho. Outras, tomadas pelo susto, saíam correndo. As desesperadas, começavam a rezar sem parar. Mas também havia um reduzido número de pessoas, as hipócritas, que o temiam, que rezavam, mas que usavam sua fantasia no halloween, faziam más, ou até irreversíveis escolhas na vida e colocavam a culpa nele.

Contudo, Lucius não era comum. Vinha de uma família com uma reputação que não era das melhores, é verdade. Mas ele sempre fora diferente. E sabia disso. Desde criança, não gostava de seguir os costumes da família e por isso ficava muito tempo sozinho. Na adolescência, que já é uma fase complicada, ficou ainda mais sozinho, se é que era possível. Quando adulto, nunca conseguiu se casar, muito menos ter filhos e constituir família. Quando alcançou a velhice, já estava acostumado à solidão e morreu como era de se esperar...sozinho. Assim, quando ele achou que havia encontrado a paz indo para o céu junto com as pessoas boas...ele realmente encontrou. Pois no céu, a sua cor já não importava, e o brilho que o pobre Diabo reluzia, era suficiente para os Anjos não notarem sua aparência.

Laís Caixeta
Enviado por Laís Caixeta em 18/05/2011
Reeditado em 18/05/2011
Código do texto: T2978602