Monstruosidade Prazerosa

Era uma noite obscura, o céu estava completamente coberto por nuvens densas e cinzentas.

O mundo parecia ter acabado repentinamente, tudo estava muito silencioso, tudo quieto demais.

Olhei para os dois lados da rua, esperando que um carro surgisse. Nada...

A imagem daqueles negros olhos esbugalhados olhando para mim, uma mistura de pavor e algo incontrolável dentro de mim, gritando por mais. Aquele sabor em minha língua, tão adocicado e rejuvenescedor. O ar lhe faltando, o corpo se estrebuchando e minhas mãos segurando firmemente a garganta, esmagando sua traquéia.

Era tão bom.

Voltei a realidade, minhas mãos já em posição de ataque, minha boca aberta, as presas a mostra, no que eu tinha me transformado?

O pavor tomou conta de mim, e então eu soube que nada seria igual novamente, o meu ser não tinha mais cura. Vampiro.

Teria que conviver com este fardo o resto de minha eternidade, então que assim fosse.

Segui a rua deserta, meu sobretudo negro reluzindo a luz do luar, esvoaçando.

Senti então um conforto interno ao lembrar do quanto aquilo foi prazeroso, e me senti bem.

A eternidade estava apenas começando, ainda tinha muito para apreciar.

Os humanos que me aguardem.

Jéssica Curto
Enviado por Jéssica Curto em 15/05/2011
Código do texto: T2970979
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