Sangue de Dragão - Cap. 57

--- Onde Está O Dragão? ---

---- Você tem a noção do risco que correrá se tomar essa decisão? --- pergunta o Gai-Khan. Fucalt tinha acabado de relatar sua intenção em ir para Taram, a capital do Reino do Norte, a pedido de Orogi.

---- Entendo perfeitamente. Mas o garoto precisa ver a realidade com seus próprios olhos.

---- Para a Ordem da Magia você é o Mago Renegado, um criminoso perigoso, procurado há muitos anos. O menino é um Sangue de Dragão, provavelmente tido como morto. Temo pela vida dos dois caso sejam descobertos pelos magos. Além disso, vamos retirar o selo do pergaminho, e precisamos de você para o interrogatório.

---- O procedimento pode muito bem ser realizado sem mim. Mesmo porque o meu conhecimento como ex-controlador de sangue de dragão só seria útil caso as energias ainda estivessem fundidas --- disse Fucalt.

---- Mesmo assim minha opinião ainda permanece --- disse o Gai-Khan ---- Mas também entendo que, apesar de conviver conosco durante todos esses anos, a presença de alguém da sua raça deve ter mexido com você --- Fucalt baixou os olhos diante destas palavras.

---- Obrigado pela compreensão Gork.

---- Está bem. Você irá para Taram, mas não sem companhia. Eu designarei Yrta e Kel-Doma para acompanhá-los. Sabe o que fazer para evitar que as informações que carrega a nosso respeito não sejam roubadas.

---- Sim, tomarei as providências mágicas --- falou Fucalt ---- Retornarei o mais rápido possível.

Orogi ficou muito feliz com a possibilidade de poder voltar para Taram, depois de dias vivendo em Greenmória, uma terra que apesar de ser acolhedora, ainda era estranha. Os preparativos para a viagem não demoraram muito, já que os guerreiros elfos não precisavam de muitas provisões devido a sua alta capacidade de sobrevivência em contato com a natureza. Obteriam o que fosse necessário na floresta.

Taram está a pelo menos dez dias de viagem. Num primeiro momento atravessariam o Vale Verde a pé, e logo depois recobrariam as forças em um dos Fortes que ainda estavam sob o comando dos greenmorianos, as margens do Rio Vermelho. De lá partiriam na direção sul, com destino a capital do reino do norte.

No dia seguinte, o quarteto composto por Arlam, Orogi, Yrta e Kel-Doma deixaram Grennmória em direção a Taram. Uma antiga saudade bateu no peito de Fucalt. Como estaria a sua cidade natal depois de todos esses anos? O que sentiria ao rever a Ordem da Magia, a instituição que o decepcionou no passado? Velhas sensações afloraram de maneira tímida. Fucalt sentia que essa viagem seria necessária para afastar os resquícios de sentimentos antigos.

Enquanto isso, no subsolo do Domo, numa câmara destinada a estudos mágicos profundos, Gork, o anão líder de Grennmória, observa atentamente, e com certa apreensão, a abertura do selamento que mantinha presa a essência mágica do dragão Balgast. Uma poderosa barreira foi erguida no intuito de evitar que a energia caótica da criatura escapasse ao controle. O objetivo dessa operação era manter contato com o dragão, e retirar informações importantes, principalmente sobre a existência e a localização de outros da sua espécie.

Um grupo de elfos se posicionou e acionou seus olhos mágicos, liberando uma técnica que os permitia enxergar as energias mágicas de forma profunda. Era a Abertura da Segunda Visão. Assim que os elfos deram o sinal informando que estavam prontos, o selo que prendia o pergaminho foi quebrado, liberando toda a energia contida.

Houve uma forte explosão de luz vermelha e fogo que expandiu-se furiosamente em todas as direções, chocando-se com as paredes da barreira mágica. A força da essência draconiana era grande, mas rapidamente os elfos começaram a vasculhar a grossa massa de energia no intuito de descobrir qualquer tipo de magia que o dragão pudesse lançar, e manter um contato direto com a criatura.

A energia do elemento fogo vibrava e brilhava com intensidade, pulsando dentro de sua prisão mágica, buscando encontrar uma saída. Após alguns minutos de busca, um dos elfos arregalou os olhos, pois tinha descoberto alguma coisa.

---- O que descobriu? --- perguntou o Gai-Khan.

---- Senhor, o dragão não está aqui. Não consigo perceber nenhuma presença consciente.

Diante daquela revelação todos os presentes ficaram estupefatos. Como isso seria possível? O selamento foi realizado com sucesso.

---- Como não? --- perguntou o Gai-Khan ---- Estamos diante de sua essência aprisionada. Ele deve estar usando alguma espécie de mágica para ocultar sua presença.

---- Também pensei assim --- disse um dos elfos ---- Mas o simples fato de utilizarmos nossa técnica causaria uma interferência psico-mágica dolorosa na criatura, forçando-a a reagir e se manifestar.

---- Mas estamos falando de um dragão, a raça mais poderosa que já pisou no mundo --- disse o Gai-Khan.

---- Sabemos que gostaria de uma confirmação senhor, mas essa é a única que podemos dar.

---- Pelos deuses. Então o selamento não se completou. De alguma forma a consciência do dragão conseguiu resistir e fugir. Mas para onde? E como?

---- E se a parte consciente do dragão ainda permanece no corpo daquele garoto? --- perguntou um dos elfos, espantado.

---- É possível --- disse um outro.

---- Por Gaia! --- falou o Gai-Khan ---- O pedido do garoto. Arlam pode estar correndo um risco ainda maior de morte. Precisamos avisá-lo rapidamente. Mande um mensageiro e informe-o que precisa retornar a Grennmória imediatamente.

---- Sim, Senhor!

“Cuidado Arlam, você pode estar indo para uma armadilha” pensou o anão Gork.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 06/05/2011
Código do texto: T2952204
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