Mirabela- O amargo sabor do Destino - continuação-
Semanas após a morte de Lindamar, O sr.Caldeira visitava os pais de Santiago, o senhor Manuel e a senhora Flora..
- O que tenho a dizer é que, Se arrependimento matasse, com certeza eu estaria morto e sepultado junto com a minha filha.
- Pode ter certeza de que nós também senhor Caldeira, O Manuel e eu nos arrependemos muito por termos forçado o fracassado casamento dos nossos filhos e...
O senhor Manuel interrompe a esposa em alto e áspero tom de voz.
- Alto lá Flora! Não faça julgamentos precipitados a meu respeito e não tente falar por mim.
- Do que está falando Manuel?
- Desta sua mania de está sempre colocando palavras na minha boca.
Desta vez o senhor Caldeira é quem interfere: - Espere um pouco, Manuel! Está dizendo que não se arrepende de ser um dos responsáveis pelo casamento dos nossos filhos?
Calmamente o senhor Manuel responde-lhe num tom irônico.
- Não! Eu costumo dizer que só me arrependo das coisas que não fiz. E mesmo que me arrependesse, Já seria um pouco tarde não é mesmo?
Muito revoltado e com um brilho diferente no olhar, O senhor Caldeira o encara sacudindo levemente a cabeça.
- Fala assim porque não foi o seu filho quem morreu..
- Escuta Caldeira! Eu sinto muito pela morte da sua filha, Imagino que perder um filho naquelas circunstâncias não deve ser nada fácil. Mas, de uma certa forma o meu filho também há muito tempo que está morto em vida.
- E tudo por culpa daquela criminosa! Eu ainda vou ver aquela maldita da Mirabela apodrecer na cadeia.
O senhor Manuel aproxima-se dele com um copo de bebida e após sorver um gole do líquido o encara dizendo-lhe:
- A sua filha Lindamar era uma moça culta, inteligente e esperta o suficiente para saber que Santiago não a amava. Ele sempre deixou isso muito claro. Ninguém a obrigou a se casar com ele, ela se casou porque quis.
- Agora você está passando dos limites Manuel! Está querendo responsabilizar a minha filha por sua própria morte?
Já um tanto alterado por causa do efeito da bebida, O senhor Manuel abre uma das mãos já que com a outra segurava o copo, estendendo os braços num gesto de afirmação seguido de dúvida.
- Eu não sei Caldeira! Quem pode saber? Nenhum de nós estava lá no dia do acidente.