E O MAR O ENGOLIU...
O sonho de Claudionor era conhecer o mar; mas, ficava muito distante de sua terra natal; e, ele, menino pobre, não tinha dinheiro para pagar a passagem de ônibus. E ficava sonhando como seria. Talvez, uma grande cachoeira, tão grande, que não dava para ver suas quedas que desapareciam no horizonte. Queda de água salgada. Deveria ser horrível! Mas, como, se todos se dizem maravilhados? Mistérios da natureza. E resolveu que um dia iria conhecer o mar.
O tempo passou. Claudionor agora já era um homem. Tinha 18 anos, Carteira de Identidade e estava servindo o Tiro de Guerra de sua Cidade, mas continuava sem o dinheiro para a viagem de seus sonhos.
Foi quando um amigo, filho de um fazendeiro da Cidade convidou-o para vir com ele ao Rio de Janeiro, passar um final de semana com a sua família que tinha um apartamento em Copacabana, de frente para o mar.
Que felicidade!!! Mal conseguia se conter. Abraçou agradecido o amigo. Arrumou as malas rapidamente e partiu ao encontro do seu destino.
Ficou deslumbrado! Maravilhado! Estonteado com tanta beleza! Sua primeira providência foi provar a água, para saber se era mesmo salgada. E era. Virou um croquete na areia. Seu amigo, de longe, fingia não o conhecer, mas estava feliz por poder proporcionar-lhe tanta alegria.
Voltou para sua Terra e resolveu que o mar seria o seu destino. Fez concurso para a Escola Naval. Tornou-se um oficial da Marinha e foi viajar, desbravando os Oceanos.
Isto é que era vida! Nem as imposições do regime militar lhe incomodavam. Era a sua vocação.
Um dia, seu navio foi à pique e começou a afundar. Todos corriam de um lado para o outro desesperados.Claudionor mantinha sua calma. Sua paixão pelo mar era tanta que não se importava em morrer ali.
E foi o que aconteceu... O mar o engoliu e não fez questão de devolver seu corpo para a terra. E, em sua lápide, em um túmulo apenas simbólico, lia-se: "Aqui não jaz, quem nunca foi da terra, pois, está no mar, a quem sempre pertencera."