Mirabela - O amargo sabor do destino- Continuação -
CAPITULO XII
Santiago decide encontrar Mirabela no lugar em que ela combinara. Havia uma marquise cheia de pixações num lugar muito afastado da cidade, Onde pessoas maltrapilhas e famintas tentavam driblar a fome drogando-se. Ele caminha pelo meio daquelas pessoas jogadas no chão como se fossem qualquer coisa com vida, menos seres humanos. É necessário andar com cuidado para não pisotear nenhum deles.
Jovens e velhos sujos e doentes, alguns em estado torpe. Santiago observa toda aquela sujeira com um olhar mais piedoso do que crítico. Por um momento consegue olhar para dentro de sí mesmo e descobre o quanto fora impassivel com relação a todos que estão á margem da sociedade, portanto, marginalizados. Não que fosse insensivel, mas por está tão envolvido com sua vida e seus problemas considerava a triste vida daquelas pessoas como um impasse.
Naquele momento seu coração encontrava-se partido de tristeza. Porém, tristeza maior foi ver Mirabela, A sua Mirabela exatamente como uma daquelas pessoas, jogadas ás mãos do desprezo. Muito suja, com suas roupas encharcadas de lama. Seus belos cabelos, Dantes longos e loiros agora mais pareciam um grande emaranhado de fios imundos. Santiago mal consegue se aproximar daquela que sempre foi o único amor da sua vida, O mal cheiro que dela exalava era portanto insuportável. Ao vê-la naquele estado cruel, ele assusta-se:
- Por Deus! Mirabela o que houve?
- É uma longa história! Trouxe as roupas?
- Sim! E também trouxe comida. Mas por que está suja de lama?
Com uma ternura no olhar, ao mesmo tempo em que emanava uma certa tristeza, ela o fita ofegante:
- Minha roupa ainda estava impregnada com o maldito sangue daquele desgraçado. Não tive outra alternativa a não ser mergulhar na lama. Afinal, é muito melhor o fétido cheiro da lama do que do sangue daquele maldito.
Baixando lentamente a cabeça depois passando a mão nos cabelos com muita força, ele a encara com uma certa preocupação.
- Então você cumpriu mesmo com a sua promessa..
- Alguém tinha que fazer isso, não tinha?
Muito irritado, Santiago esbraveja: - Mas por que tinha que ser você Mirabela?
- Porque só eu tive a coragem que ninguém até hoje teve. Liquidar com a vida de um assassino! E também porque tinha que ser assim. Aquele infame nunca seria preso, e se fosse continuaria destruindo vidas inocentes de dentro da cadeia.
Cheia de coragem, encarando Santiago bem dentro dos olhos, ela continua:
- A única solução para o mundo seria mesmo aquele homem morto. E eu não me arrependo em nada do que fiz.