Sangue de Dragão - Cap. 42

--- Depois Da Batalha ---

A luta entre as forças do Reino do Norte e os guerreiros de Greenmória pela retomada dos fortes ocupados, às margens do Rio Vermelho, foi acirrada e com conseqüências para ambos os lados.

Das quatro fortalezas que as forças do norte mantinham próximas a planície Sathar, duas foram retomadas. O forte Ulsther foi totalmente destruído depois do ataque do dragão Balgast, e agora estava em ruínas. Um destes postos avançados ainda permanecia sob o comando das forças de Grennmória. Muitos bravos guerreiros morreram no campo de batalha, com alguns apresentando seqüelas para toda a vida.

Três semanas se passaram e a normalidade parecia voltar à Ordem da Magia, isso depois de muito trabalho para a equipe médica logo após os combatentes de Menizaia terem chegado do conflito. Os corredores da ala médica ficaram cheios de soldados e magos feridos. O vai e vem dos magos curadores foi intenso, servindo como excelente teste para Sarina, que agora fazia parte da equipe como aprendiz dos magos mais experientes.

Enquanto isso Lorde Borgus, chefe do conselho da ordem, avaliava os resultados da investida à Menizaia reunindo-se com os demais representantes e mais duas figuras importantes que acabavam de chegar: o general Aldus, comandante do exército do norte na batalha, e Dinomedes, conselheiro real. Eles vieram a pedido do próprio Rei para transmitir um relatório geral do conflito em Menizaia e também para repassar novas ordens.

---- Seja bem vindo nobre conselheiro Dinomedes --- disse polidamente Lorde Borgus, levantando-se de sua poltrona de veludo azul, sendo acompanhado pelos demais na sala.

---- Obrigado pela recepção Lorde Borgus --- disse o conselheiro, que olhando também para o general Aldus, o cumprimentou com um gesto de cabeça ---- Bem, obviamente os senhores do conselho da Ordem da Magia sabem a causa da minha vinda. Trago as determinações do nosso soberano rei.

---- Devido ao período de recrutamento obrigatório para o exército norteano --- continuou Dinomedes ---- muitos jovens estão se deslocando para Taram no intuito de realizarem os testes iniciais. Essa atividade está consumindo bastante tempo por parte dos oficiais, principalmente porque o Rei ordenou um aumento nas tropas. A maioria dos altos oficiais, como o general Aldus aqui presente, recebeu ordens para se dedicarem a esta empreitada.

---- Mas o recrutamento sempre foi realizado normalmente, independente das manobras de guerra --- interrompeu um dos conselheiros da Ordem ---- Além domais, precisamos guarnecer as forças que ficaram em Menizaia.

---- Não deve se preocupar em relação a estas tropas conselheiro --- disse o general Aldus ---- enviamos uma ordem para que retornem imediatamente para Taram.

---- O que? Eu não entendo general --- falou lorde Borgus ---- logo agora que estamos tão perto de encontrar o local onde eles se escondem. Você estava lá general. Sabe que é uma questão de tempo.

---- Eu sei. Mesmo não tendo o resultado pretendido, nós conseguimos causar um estrago em sua frente de defesa. Mas...

---- Mas o dever de todos nós aqui presentes --- interrompeu Dinomedes ---- é não questionarmos as ordens do nosso rei. Você disse, Lorde Borgus, que é uma questão de tempo para obter a vitória. Mas sabemos que há muito tempo combatemos as criaturas de Menizaia e ainda não foi encontrado esse suposto esconderijo de que tanto se fala. Muitas manobras foram realizadas, causando a morte de vários soldados, enfraquecendo com isso as forças do reino. Ainda tem a questão da magia, que torna bastante desigual o embate de forças, mesmo com a ajuda dos magos da ordem. Portanto, para preservar vidas e recompor as tropas do reino, o soberano Rei do Norte determina: A retomada de Menizaia e a destruição final das criaturas que ali residem passa a ser agora um assunto exclusivo da Ordem da Magia.

Os conselheiros da ordem se surpreenderam e começaram a falar todos de uma vez. A sala se encheu de vozes indignadas.

---- Como isso pode acontecer? --- disse uma voz.

---- Isso nunca ocorreu antes! --- disse outra voz.

---- Não temos membros suficientes para tomarmos uma área tão grande como Menizaia! --- falou outro mago do conselho.

Lorde Borgus estava pensativo ouvindo as reclamações dos seus irmãos de ordem. Logo após ele se ergue e levanta as mãos para os demais pedindo calma a todos. As vozes se acalmam e o silêncio retorna ao local.

---- Irmãos do conselho! --- começou a falar ---- O nobre conselheiro real Dinomedes está com a razão. Não devemos questionar as ordens do nosso soberano Rei, pois devemos lealdade acima de tudo. Já que agora Menizaia é de inteira responsabilidade da Ordem da Magia, devemos nos preparar para melhor combater o inimigo.

---- E como faremos isso Borgus? --- gritou um dos magos.

---- Encontraremos uma forma, pois temos capacidade para isso. Se nosso Rei de alguma forma perdeu a confiança em nós, devemos retomá-la e mostrar-lhe que honramos nossa pátria.

As palavras do Lorde Borgus foram seguidas de uma salva de palmas, mostrando que todos os anciães da ordem o apoiavam. Logo em seguida o conselheiro Dinomedes se ergueu e saiu da sala, acompanhado de perto pelo general Aldus e um grupo de magos da Centúria, que servia de guarda pessoal.

Assim que os participantes da reunião se retiraram, Borgus se recolheu em sua sala privada. Ficou lá durante boa parte do dia, pensativo.

“Garoto miserável. Se ele acha que só porque ocupa o trono pode menosprezar uma instituição como minha Ordem, está muito enganado. Sua juventude e inexperiência vão arruinar o reino do norte. Não tenho outra escolha senão iniciar meu plano muito mais cedo do que imaginei. Mas ainda preciso de uma pessoa para que dê certo.”

De repente alguém bate a porta do seu aposento, interrompendo seus pensamentos.

---- Entre.

---- Vim assim que recebi sua mensagem senhor --- disse um dos magos da equipe médica, que acabara de entrar na sala ---- Em que posso ser útil?

---- Só quero saber de uma coisa. Como ele está?

---- Continua com suas funções vitais estáveis --- respondeu o mago curador, já sabendo do que se tratava ---- Mas seu quadro mental não se alterou. Nós tememos que..... --- o mago baixou a cabeça, constrangido.

---- Temem o que? --- perguntou furiosamente Borgus.

---- Que Farmenis jamais acorde de novo.

“Maldição”

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 25/03/2011
Código do texto: T2870378
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