A IMAGINAÇÃO
A imaginação misturada com a realidade. Passava então da meia noite, e as luzes da cidade nesta hora estavam apagadas, e pelo adentrar da hora, todos já se encontravam recolhidos em suas casas dormindo a sono solto. Era uma noite fria e nebulosa, com um vento ensurdecedor, que nos fazia tremer todos os ossos. Tratava-se de mais um inverno tempestuoso. Daqueles que quase não víamos o sol. Na minha rua, existe uma casa abandonada, que por sinal era defronte a minha. Todo tipo de fenômenos nela se passava, muitos de cortar o coração.
De repente acordo as sobrestado com o estalido de um trovão. E um raio acoplado a um clarão que corta o céu da noite sinistra, me deixando tremulo. Levanto agitado e vou em direção a janela do meu quarto. É um assombro. Fico a perguntar de onde será que estar vindo este barulho estarrecedor? Calço o chinelo, abro a porta do quarto e vou ligeiro, em direção a rua, para espreitar o movimento a rua. Não vejo nada e nenhum pé de sombra de gente. De repente, um novo clarão e mais uma vez, um raio rasga o céu, trazendo com ele um fecho de luz, que tende a piscar e se misturar ao estrondo que aumenta aos poucos. Fecho a porta depressa e volto para meu quarto. Em vão tento me esconder. Mas a minha curiosidade é enorme e volto para espreitar entre as persianas da janela da sala. Neste exato momento, há uma grande movimentação de pessoas, em frente a casa assombrada. Em frente de onde eu moro. Novamente a luz começa a acender e apagar. Pergunto-me? Será que me vejo a sonhar? Ou é a realidade misturada com a minha imaginação? O barulho de gente, e a luz, que teima a piscar, junta ao meu medo, misturando com uma vontade de alguém está ao meu lado. Cadê a minha família que não acorda? Tudo se mistura. Será que está acontecendo, alguma coisa ou será que estou imaginando?
Fico a vaguear. E o sono me rende, ele é maior. Volto para meu quarto e deito-me na cama, como que a sonhar, com a realidade da minha imaginação. Amanhã, será outro dia e quando eu acordar pela, a rotina da minha vida, estará normal. Tenho certeza. Fecho os olhos e adormeço.
Pela manhã, faço um relato detalhado do que eu presenciei durante a noite, para todos que estão na mesa, inclusive a minha mãe, que desde cedo, está atarefada na preparação do nosso café. Sua vida é muito feliz, pois ela está sempre radiante e fazendo-se acreditar que tudo transcorre normalmente. Para ela, seus filhos ao seu redor, é o bastante. Beija um a um e abençoa. Na minha vez, afaga meus cabelos, e na sua paciência, diz que eu tenho uma imaginação de dar inveja a qualquer um, para minha idade. Que um dia ela ainda irá se orgulhar de ter um filho belo, e escritor de suspense, na sua família. Depois ela começa a lembrar que a escola nos espera e nos conduz até o ônibus da escola. Sempre falando e gesticulando sobre tudo. De como está esperando ansiosa, seus filhos voltarem para casa depois de um dia de aula e com um almoço delicioso. Dá novamente adeus e fica acenando, até o ônibus se perder da vista dela. Caminha de volta para casa e começa as tarefas do seu dia-a-dia. Como limpar a casa e preparar a comida de seus pequeninos, que vão está famintos no retorno para casa.
Eu como sempre, gosto do final do ônibus escolar. Desta vez, preciso meditar sobre o acontecido da noite. A lembrança ainda está viva na minha memória, não me sai um só instante. A aula demora a passar e as explicações dos professores ficam distantes. Não vejo à hora de a aula acabar e eu retornar a casa para tirar a limpo o mistério da madrugada passada. Com muito esforço chega ao fim. Sigo direto para a casa assombrada e resolvo dar uma espiadela.
Ao chegar a frente à casa abandonada, observo o detalhe do portão velho e enferrujado, que está entreaberto. A curiosidade me faz entrar e querer desvendar tudo. “Será que esta casa, está me fazendo um convite para adentrar?” Entro devagarzinho. A princípio noto que não existe de diferente nesta casa, parece até muito comum. Bastante suja, por sinal. O telhado e as janelas quebradiços. A porta da frente, que é de madeira e sem cor, está emperrada. Com muito esforço, consigo abrir. Entro e neste momento, o meu desespero é maior, porque o vento teima em soprar forte, fazendo com que o restante das portas, que existe na casa, se abram. Decidido a desvendar o mistério, começo a percorrer os cômodos um a um.
Sinto um arrepio e a visão dos moveis empoeirados e velhos, cobertos por panos brancos, é horrível. As telhas do telhado estão esburacadas. Quase que uma me acerta, passa rente a minha cabeça. Estão despencando aos montes, uma a uma. A luz do sol é que adentra a casa, dando uma iluminação sombria. Subo então os degraus, para vasculhar os quartos. Por sinal são enormes e com camas de madeira rústicas. Uma poeira se alastra em todos os cômodos da casa.
Como eu sou uma pessoa valente, continuo investigando o ocorrido da noite passada e chego à cozinha, espaçosa, de poucos azulejos, porque a maioria já se despregou das paredes.
Agora me vejo no quintal, como está descuidados, o capim está a cobrir quase tudo. Vou caminhando mato adentro e de repente, descubro uma piscina, que pelo primeiro impacto, foi um dia foi bela e majestosa. Então veio o maior susto de toda a minha vida.
Não agüentei e desmaie.
Este foi o primeiro conto que o meu filho Tarcysio, escreveu. Sou uma mãe coruja. Achei ótimo.
TARTAY/Março-2011