Mortinha numa pretensão ...

O silêncio não é inocente, produz ecos que não consigo ler.

Pessoas feitas como peças de lego que não encaixam.

Encaixo-me no dia de hoje.

Rejeito o café, mordo o pau de canela.

Diariamente finjo que caí, mas estou em pé!

Sanidade à beira do abismo, quero subir ao alto da montanha e soltar a noite.

Estou sozinha nessa pretensão. Paciência!

Lamento profundamente quem sabe como deve ser e depois não é.

Já não imagino uma mão a segurar a minha.

Estou só, parece-me…

Ideia marginal como uma estrada.

O carteiro passa num aceno de quem já não entrega cartas de amor.

Peço um café curto e escaldado para mexer com uma colher de metal.

Fico parada, nesse intervalo, a ouvir-me respirar.

O carteiro passa e volta a acenar, digo-lhe adeus também…

Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 06/03/2011
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