Sangue de Dragão - Cap. 38
--- A Transformação Se Completa ---
Kiron não acredita no que acabara de ver. O guerreiro centauro observava de olhos arregalados o que aquele sangue de dragão tinha feito contra os dois golens de ferro. Nunca tinha visto tamanha demonstração de poder em sua vida. Rajagul, seu grande amigo e condutor de um dos golens, tinha morrido num piscar de olhos.
“Por Gaia. Que tipo de poder é esse” pensou Kiron, que percebendo a gravidade da situação deu ordens aos seus guerreiros para segui-lo. Abandonou a batalha, aproveitando a distração das tropas inimigas, e começou a cavalgar, liderando os centauros numa carga vigorosa.
---- Centauros! --- disse em meio à corrida ---- Nossos planos mudaram. A prioridade agora é aquela coisa logo à frente. Custe o custar, ela tem que morrer. Por Greenmória!
---- Por Grennmória! --- responderam os guerreiros, cavalgando velozmente com escudos apostos e lanças em riste.
Do alto da muralha, Lantara e seus arqueiros já estavam com seus arcos apontados para o sangue de dragão. Ao seu lado Arlam Fucalt e Gunta observavam estupefatos o que se desenrolava logo abaixo.
---- O que está acontecendo Arlam? --- perguntou Lantara ---- Você conhece os sangue de dragão melhor do que nós. Que tipo de habilidade é essa?
---- Eles não são capazes de realizar magias dessa ordem --- respondeu Fucalt ---- Eu não sei o que está acontecendo.
---- Talvez os magos tenham guardado este truque nas mangas para nos surpreender. Mas eu não vou esperar para ver o que mais essa criatura pode fazer. Atenção arqueiros! Disparar a vontade! --- ordenou a líder elfa.
Uma chuva de flechas incandescentes saiu voando dos arcos élficos na direção de Orogi. O sangue de dragão percebeu o ataque e olhou para cima. Seus olhos brilhavam intensamente e seu braço amputado não sangrava mais.
Orogi cruzou os braços protegendo o rosto quando as flechas mágicas o atingiram ferozmente, numa saraivada de explosões que encheu o ar de fogo e fumaça. Farmenis, que estava próximo do impacto, protegeu os olhos com as mãos enquanto uma nuvem de poeira e calor o engalfinhava.
Quando a nuvem se dissipou, Orogi ainda permanecia de pé como se nada tivesse acontecido. Ainda olhando para seus agressores no alto da muralha, ele deu um poderoso grito de advertência. A mensagem era clara: não se intrometam.
Lantara, Fucalt e Gunta olhavam incrédulos o sangue de dragão sair incólume das explosões.
As explosões provocadas pelas flechas élficas tinham fornecido um momento precioso para Farmenis. Aproveitando o momento de distração do sangue de dragão, o mago resolveu se mover. Invocando sua técnica, Mãos Gigantes de Terra, Farmenis partiu para o ataque com um forte soco. O golpe atingiu em cheio o rosto de Orogi, que saiu voando alguns metros e caiu no chão. A energia em volta do seu corpo diminuiu de intensidade.
Com a confiança renovada, Farmenis parte para o combate. Agachando-se, ele bate com os punhos cerrados no solo. Obedecendo ao seu comando, as duas mãos gigantes do elemento terra se chocam contra o pequeno corpo de Orogi, afundando-o no chão. Quando Farmenis se preparava para um segundo golpe, foi surpreendido.
Um imenso chicote de energia vermelha saiu de dentro do buraco onde Orogi se encontrava e se enroscou nas duas grandes mãos de terra de Farmenis, partindo-as em vários pedaços menores. O sangue de dragão flutuou pata fora da cratera e encarava furiosamente o mago a sua frente.
---- Há há há há! Você não tem noção do meu poder Urami!
Sem acreditar no que via, Farmenis percebeu que aquele chicote de energia não era realmente um chicote, mas sim uma espécie de calda. A energia em volta de Orogi ganhou força e cresceu cada vez mais, tomando uma forma imensa e poderosa.
No final, uma criatura sem corpo físico, mas feita de uma pura energia levemente translúcida, tomou forma diante de todos no campo de batalha. Farmenis só conseguia observar com os olhos arregalados. E no alto da muralha o mago renegado Arlam Fucalt tinha sua confirmação.
---- Pelos deuses. A profecia estava certa.