O abajur no deserto

Na terra dos Moinhos do noroeste, dois mágicos discutiam sobre um velho abajur encontrado por um menino sobre a areia de um deserto nas proximidades dali. Salazar, o mais velho dizia que aquilo era apenas sucata, não tinha nada de especial, quanto menos magia. Já seu amigo Belchior era do contra, acreditava que aquilo era um tesouro dos antepassados, uma obra perdida do grande mago Alhin, e sim, possuía uma grande fonte de poder oculto naquele artefato.

Os dois ficaram ali por pelo menos duas horas, discutindo se o velho abajur era especial ou não, até que o abajur resolveu dar sinais de vida, começou a acender e apagar rapidamente, eram apenas lampejos de luz, e isso durou alguns segundos, até se apagar novamente.

- Suricatos me mordam! - Disse Salazar - esse objeto está reagindo!

- Eu não te falei - responde Belchior - isso está repleto de magia antiga!

E ficaram ali admirando o belo objeto, na esperança de que pudessem descobrir a real utilização daquilo, Salazar agora passava a crer no que seu amigo havia dito, aquilo não era mais normal, era valioso.

Mais algum tempo se passou e o abajur não acendeu mais, como se tivesse perdido toda a força, e as dúvidas voltaram na cabeça dos dois, será que aquilo que tinham visto era mesmo real? Os dois já estavam indo embora, quanto o abajur mágico resolveu aprontar mais uma das suas, dessa vez lançou um brilho forte, como o de um curto-circuito, mas era contínuo, o abajur estava se manifestando mais uma vez, e dessa vez era pra valer!

De dentro do objeto saiu muita fumaça, e um espírito repousou na frente dos dois velhos mágicos, que não pronunciavam uma sequer palavra. A figura ali na frente decidiu falar então, num idioma antigo, mas que os dois mágicos conseguiam entender:

- Sou o Sultão Zael e tenho observado os dois desde cedo, estão buscando desvendar os mistérios da magia, não é? - aquilo era surpreendente - Darei poder e desejos para quem me responder com precisão uma pergunta, mas se errarem, perderão o direito da liberdade e o transformarei em pedra eternamente, vocês podem se decidir se querem ou não responder!

Até ali, os dois estavam perplexos, mas dedicaram boa parte de sua vida ao estudo da magia antiga, Belchior tinha muita convicção que seria um questionamento sobre esse assunto, e ele acertaria, não teve dúvidas em aceitar a proposta, afinal, se tivesse o domínio da magia antiga seria o rei de seu povo! Já Salazar não teve muita certeza, pensou em sua vida, mesmo com o sacrifício diário, todo o conhecimento que obteve e disse:

- Eu não posso aceitar, poderia ter muito poder se acertasse, mas minha vida vai além, por mais que eu não tenha muitos bens, eu preciso viver para ver meus netos sorrindo!

- Bem, seu desejo é uma ordem - Disse o sultão - Então, meu caro Belchior, qual é minha idade?

Agora, toda aquela confiança de Belchior se tranformou em procupação, por mais que entendesse de magia, ele não tinha a mínima ideia da resposta, as chances dele eram mínimas, mas agora era tarde para se arrepender, conhecendo a idade da magia, respondeu:

- Você pode ter cento e quarenta e dois anos!

O Sultão fez uma cara descontente, e no instante seguinte, Belchior era uma estátua. O abajur se apagou, e o Sultão desapareceu.

Boa parte das decisões precisam de muito tempo para pensar, afinal, a partir delas as pessoas traçam seu futuro, as vezes tentar escalar muito rápido o leva até a queda, é importante viver e acreditar que a mágica existe, mas acima da mágica está o trabalho!

Derek Matthews
Enviado por Derek Matthews em 14/02/2011
Código do texto: T2792389
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