...conto o Conto?
___Conta, e eu te conto!
___Não sei...! Acho que não devo te contar.
___Por que não quer me contar?
___ Talvez seja porque eu ainda não sei contar bem.
___Por que você não começa assim: “tudo começou contando a um amigo o que eu não contaria a mais ninguém..., blá! blá! blá!” Que tal?
___ Vou tentar te contar: Tudo começou quando eu resolvi escrever um conto a respeito da vida de um “Contista”. Não tinha tanta inspiração no momento. Então resolvi contar outra estória que falasse sobre a arte de escrever contos. Mas como eu escreveria isso? Sabia que poderia escrever através de um conto. Só sei escrever qualquer coisa se a natureza textual for CONTO! Pois é, então comecei a pensar que quando escrevemos um Conto ele pode ter natureza autêntica de conto, ou, acaba virando um romance. Tudo bem. Para melhor resolver a situação decidi que em primeiro lugar deveria escrever o conto sobre o próprio conto e contar uma estória fantástica sobre o que é escrever um conto como um contista legítimo deve escrevê-lo! Várias tentativas, e nada!... Comecei a me achar um maior incompetente em contar como se deve escrever um Conto. Que coisa mais chata, não é? Aí eu comecei a ficar frustrado e fui me deprimindo até chegar o momento de achar que nunca mais eu escreveria nem um Conto de uma frase só! Mas acredito que sou capaz de superar isso. Resolvi buscar apoio nos próprios livros de contos que eu tenho guardado em meu escritório. Li todos e vi que não é um bicho-de-sete-cabeças, é apenas de uma: a minha!... Tomei coragem e acionei os dedos no teclado e fui escrevendo o mais esquisito conto que pude produzir. Chegando ao fim percebi que escrevi nada lógico. Aí foi que o ódio aumentou me tomando como um furacão e me lançando a um desafio de Titãs. Saí do computador, peguei lápis e um caderno, e em voz alta ditava os trechos do Conto e o escrevia. Não me importava se toda minha vizinhança achasse que enlouqueci, fiquei biruta! Não é que a coisa deu certo! Foi uma maravilha... Acabei escrevendo um Conto que dizia que um escritor após várias tentativas de escrever um conto quase acabou em um hospício. Mas a sua vontade era tão grande que conseguiu finalmente terminar o Conto.
___Fiquei feliz por você! Gostaria muito de lê-lo. Deve ter ficado fantástico!! Quando é que eu poderia pegar o material para ler?
___Nunca.
___Como nunca?
___É devido a nós dois está ainda aqui conversando.
___Mas o que tem a nossa conversa a ver com o conto?
___Sabe, eu queria não te dizer o porquê, mas, você faz parte disso tudo.
___Eu?
___Sim, você!
___Me explique, então?
___Você ouviu toda a minha narrativa a respeito de escrever um conto. A agonia que eu passei. E a solução que eu tomei e que acabou com todo o tormento. Certo? Só faltou um detalhe.
___Qual?
___Te pedir a autorização para ter colocar como personagem no que acabamos de vivenciar. O Conto que eu queria escrever é esse mesmo que eu acabei de criar diante de você! E só tenho que te agradecer por poder ter me ouvido e quebrado a minha crise de falta de inspiração momentânea. Qualquer dia a gente se esbarra de novo e eu lhe entregarei uma cópia do Conto. Eu te prometo isso.
Finalmente ele ficou feliz em poder escrever o seu Conto. E diante do espelho se despiu tirando a fantasia de um psicólogo. Foi para o seu escritório e digitou todo o conteúdo do seu melhor conto escrito até hoje. Mas, ainda não o editou.