Sangue de Dragão - Cap. 28
--- As Tropas Avançam ---
Por um momento um silêncio invadiu o acampamento das tropas do norte, que se encontravam perfiladas. Todos olhavam para o céu com grande curiosidade. A lua estava completamente encoberta pela sombra e a região de Menizaia ficou mais escura. Mais tochas foram acesas para compensar a falta de luminosidade, e suas luzes amarelas davam um ar místico ao lugar.
O silêncio foi interrompido quando uma corneta tocou, dando a ordem sonora para que os soldados e magos se preparassem. O general Aldus desfilou em revista às tropas ao lado de alguns oficiais e se colocou à frente de todos.
---- Durante dez anos estamos lutando para expulsar as hordas de bestas da floresta de nosso reino. Antes eles eram muitos e assombravam várias localidades, várias cidades e povoados. Mas com coragem e determinação conseguimos nos sair vitoriosos em todas as batalhas. E agora, na ponta mais distante da nossa pátria, nos encontramos às portas do seu último território, que se encontra em algum lugar depois dos picos nevados. Desesperadamente eles colocaram sua última defesa na planície Sathar e, numa manobra de coragem e loucura, conseguiram tomar nossos quatro fortes que protegiam esta área.
Todos prestavam bastante atenção às palavras do general, que estavam carregadas de vontade. Olhando tudo aquilo, Orogi só pensava nas palavras de Ymara. Queria que esta guerra sem sentido acabasse logo, que essas feras da floresta fossem derrotadas e ele pudesse retornar para Taram e voltar a sua vida normal. Neste momento, diante do perigo mortal, a Ordem da Magia parecia ser um lugar bom de viver, mesmo diante do que passou.
Pelo menos podia contar com a presença, mesmo indiferente, do mestre Farmenis ao seu lado. Ele estava logo atrás e segurava seus ombros. Aquilo lhe dava uma sensação de segurança. Queria que sempre fosse assim.
---- Chegou a hora de limparmos essa escória do Reino do Norte! --- continuou o general Aldus ---- Confio plenamente nos senhores! Sei que são os melhores! Chegou a chance de provarem isso para vocês mesmos! Portanto, à vitória! --- gritou para as tropas.
---- À vitória! --- responderam todos.
A corneta tocou mais uma vez e as tropas do reino do norte começaram a se movimentar, divididas em quatro grupamentos que adentraram a floresta na direção do inimigo nas margens do rio vermelho. O regimento de arqueiros ia à frente, seguido logo atrás pelos magos controladores. Compondo a segunda parte do ataque, vinham a Centúria e os soldados norteanos.
Dois principais objetivos moviam os quinhentos homens que buscavam retomar Menizaia das mãos inimigas. Para as forças do Rei, a destruição de criaturas que durante muito tempo ousaram desafiar o maior reino do mundo. Para a Ordem da Magia, acabar de uma vez com aquele que pode estar liderando as bestas da floresta e fornecido conhecimentos mágicos valiosos ao inimigo. Uma traição gravíssima.
Arlam Fucalt, o perigoso mago também conhecido como O Renegado, deveria morrer.
Por cima do exército do norte uma coruja sobrevoa em círculos, silenciosa, invisível aos olhares dos homens lá embaixo. De repente, parte velozmente sobre a floresta. Em minutos chega ao seu destino, pousando no braço do seu amo.
---- Bem vindo querido amigo --- disse o homem-lobo ---- Que notícias me trás do sul? --- o licantropo alisa carinhosamente a cabeça da ave e fecha os olhos. Ao abri-los de novo, revela uma expressão tensa.
---- O que a mente de Haunn lhe revelou Gunta? --- perguntou outro licantropo.
---- O inimigo se mexe. Vem com força total. Avise aos líderes de campo para se prepararem para o inevitável.
---- Sim senhor --- respondeu o guerreiro. Logo, Kiron, o líder dos centauros, e Lantara, a líder dos arqueiros élficos, já estavam realizando seus preparativos.
Gunta fez um movimento com o braço e Haunn alçou vôo.
---- Vá, meu amigo. Avise ao nosso Gai-Khan que os guerreiros de Greenmória enfrentarão o inimigo esta noite.