Mirabela - O amargo sabor do destino - continuação-
CAPITULO XIII
Deitada em seu leito enquanto amargava as dores que a doença lhe causava, o corpo frágil e esquelético já quase sem forças, a senhora Albertina lentamente balbuciava frágeis palavras. Sabia que, necessitava mais do que nunca confabular com a filha, que do seu lado fitava-lhe olhos ansiosos, e atentos ouvidos se faziam escutar-se o que de mais interessante aquela tão frágil figura tinha a lhe dizer.
Levantando lentamente os olhos para fitarem a filha Mirabela, ela inicía o seu desabafo:
- Mirabela, durante muito tempo eu fui injusta com você, filha! só pensei em mim! hoje encontro-me muito arrependida.
Mirabela tenta falar alguma coisa mas a mãe a interrompe:
- Espere! deixe-me continuar! eu sempre classifiquei você como uma ignorante e tola. Reconheço que cometí um grande erro. Eu não deveria nunca ter subestimado você daquela maneira...
De vez em quando a tosse a dominava tentando impedi-la de continuar. Mesmo assim, com muito esforço ela continuava.
- ... Você filha, tinha a inocência e a pureza. E eu odiava isso! E.. como num castigo, ví você perder tudo isso de forma violenta. Você tinha que perder a sua inocência de uma forma lenta. A vida iria mudando o seu comportamento aos poucos e transformando em bons aprendizados. Mas não!
Outra vez a tosse a domina, mas ela continua firme.
- .. A vida foi muito rude com você filha! e eu me sinto culpada..
Ouvindo aquilo, outra vez o ódio toma conta do peito de Mirabela, e ela pensa: " A vida uma ova! aquele maldito do D.Vaggio sim! ele desgraçou a minha vida. " E ela continua com o seu pensamento odioso: " Calma Mirabela! Você vai assassiná-lo!"
- .. Filha! desde que soube de tudo, venho tomando isso como um castigo. Um castigo sobre o qual você teve que pagar por mim.. por minhas más palavras e por meus maus sentimentos..
A crise de tosse é pior desta vez e ela passa a cuspir sangue. Mirabela tenta interrompê-la de continuar.
- Por favor mamãe! não fale muito, fique calma! a senhora não tem culpa de nada. Como a senhora mesma acabou de dizer, a vida quis assim!
Com muito esforço, a voz bastante embargada, ela continua:
-..Eu preciso continuar.. a sua avó sempre teve razão! eu fui mesmo uma egoista querendo que você soubesse que seu pai permanecia vivo e..
Mirabela assusta-se por um momento.
- Quer dizer então que vocês sempre souberam que meu pai estava vivo e nunca me disseram nada?
- Sim! eu sempre quis lhe contar tudo, mas a sua avó preferiu poupar o seu sofrimento.
De repente Mirabela levanta-se e dando passos lentos, desabafa:
Sinceramente! não sei quem estava mais errada: se a senhora querendo me fazer engolir á seco uma dura realidade, ou se a vovó me encobrindo o direito de conhecer a verdade. Isso ela sempre fez, já era dela mesmo. Me poupar dos sofrimentos como se conseguisse fazer isso a vida toda!