Mirabela - O amargo sabor do destino - continuação-
Santiago prometeu á senhora Albertina levá-la á um hospital e dar-lhe toda assistencia médica, mas, esta recusou, dizendo preferir morrer em sua própria casa. Depois de um banho na senhora Albertina e toda a casa limpa, Mirabela senta-se na cama para uma conversa com a mãe. Apesar da fraqueza que a consumia, a senhora Albertina ainda conseguia balbuciar algumas palavras.
Mirabela fita a cadeira de rodas desmontada no canto da parede e sem conseguir pronunciar qualquer palavra, olha para a mãe com os lábios trêmulos e os olhos rasos d'agua, percebendo que a ausência da avó era definitiva. A mãe balança a cabeça afirmativamente como que adivinhasse a pergunta que ela queria fazer.
- É isso mesmo, filha! sua avó já não existe mais!
Ela chora copiosamente lembrando dos doces momentos em que vivera ao lado da avó. Dos seus ensinamentos, das suas lições de vida.
Depois levanta-se, pega a cadeira e monta-a chorando muito. Em seguida senta-se na cadeira e recostando-se, chora cada vez mais revirando-se como que acarinhasse a velha cadeira de rodas da avó.
Subitamente, levanta-se com o rosto inchado de tanto chorar, o nariz avermelhado e a respiração ofegante, senta-se no chão, ao lado da cama da mãe e soluçando muito pergunta-lhe:
- Do quê morreu a minha avó, mãe?
Lentamente e com muito sacrificio, a mãe lhe responde:
- Da mesma doença que eu em breve também morrerei, da maldita tuberculose!
Sem suportar ver tanta desgraça em sua frente, a ausência da avó e o estado terminal da mãe, ela abraça-se á Santiago cada vez mais revoltada.
- É tudo culpa daquele maldito do D.Vaggio!
Santiago toma-a nos braços apertando-lhe a cabeça em direção ao seu peito numa forma de tentar consolá-la, mas esta estava irredutível.
- Eu vou matar aquele desgraçado, isso já chega a ser uma questão de honra!
- Calma, Mirabela! não vale a pena se desesperar, meu amor!
Se desvencilhando dele, os cabelos cobrindo-lhe o rosto e dominada pelo ódio, ela afirma:
- Vale a pena, sim, Santiago! É através deste meu ódio e deste meu desespero, que cada dia obtenho mais forças para consumar o que há tempos venho planejando: assassinar aquele infeliz!