Mirabela- O sabor do destino - continuação-

Continuação do capitulo anterior .....

O pânico toma conta de Mirabela que corre desesperada pela casa entregue aos gritos, chamando pela mãe e a avó. Ela segue rumo ao quarto. Lá chegando, vê a mãe, a senhora Albertina deitada na velha cama. O quarto tinha um forte cheiro fétido de urina que se misturava com o cheiro do môfo. Muita sujeira pelo chão.

Ao lado da cama o velho criado mudo com um copo sujo, algumas caixas de remédios, cascas de frutas pelo chão e formigas que desfilavam com algumas baratas. A senhora Albertina encontrava-se em estado calamitoso. Estava esquelética com algumas bolhas pelo rosto. A cama enxarcada de urina. O odor que dali exalava era insuportável. Estava de uma forma tão deteriorada que a impressão que se tinha era a de um cadaver em vida. O abandono era geral, ela estava fraca.

De tanto tossir, já não tinha mais forças para sustentar a tosse que vez por outra voltava a insistir em lhe maltratar. O muco viscoso que expelia era seguido de muito sangue. Ao lado da cama havia um balde que quase cheio conservava-se imóvel como que a esperar por mais uma vasta quantidade do muco verde e avermelhado que ela talvez ainda tivesse força e disposição para eliminar ali.

Tristeza não muito pior foi ver no canto da parede dobrada, como que tivesse vida própria a esperar por um cumprimento, a velha cadeira de rodas da avó demonstrando que ela já não mais se encontrava neste mundo.

Diante de tudo aquilo, Mirabela põe as duas mãos na cabeça andando desenfreada de um lado a outro. Não sabia se chorava ou se gritava. Não tinha reação! Sua primeira atitude foi invadir a cama da mãe, tomá-la nos braços, beijá-la e abraçá-la. A voz da senhora Albertina estava fraca e com um tom embargado. Quase não se podia ouvir de tão baixa, mesmo assim, Mirabela conseguia ouvir algumas palavras.

- Você voltou, filha?

Chorando muito, dominada pelos soluços, ela murmura:

- Mãe, oh mãe! O que aconteceu por aqui?

Levantando lentamente a cabeça, a senhora Albertina lhe pergunta baixinho:

- Não vai mais ficar presa, filha? veio para ficar comigo?

- Nunca mais eu vou te deixar, mãe!

Ela afasta-se e com a ajuda de Santiago limpa todo o quarto, joga fora todos os lençóis velhos. Fazem uma verdadeira faxina em toda a casa. Santiago promete assumir todos os compromissos com hospitais e medicamentos, já que a senhora Albertina estava vivendo da caridade de vizinhos e amigos. Mais uma vez o ódio toma conta do peito de Mirabela ao ver a mãe naquele estado. E outra vez ela pensa em D.Vaggio, pois sabia que aquela situação também era por culpa dele. E impaciente, ela resmunga:

- Maldito! Acabou com minha familia! De certa forma, matou a minha avó! Ah! mas ele me paga, eu não vou deixar isso barato! Estou contando os dias em que vou acabar com a vida daquele desgraçado!

greice
Enviado por greice em 24/01/2011
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