Defensores do Paraíso : Kan Raruh Rarath

É noite. O céu parece estar desabando em águas gélidas.

No fim de uma densa floresta, se encontra apenas um homem. Atrás dele, centenas de corpos formam um longo tapete rubro misto de sangue e chuva, à sua frente um penhasco servindo de palco para uma imensa tela de sombras e raios. Seus cabelos não voam ao vento, estão pesados, molhados pelas gotas grandes e geladas que são violentamente arremessadas do céu, velozes e torrentes.

Em sua mão uma espada longa, que outrora se encontrava vermelha, mas agora sua lâmina se mostra límpida e cândida, como se houvera sido purificada pelas águas celestes. Em seu rosto podia se observa uma expressão triste onde deveria haver felicidade por ter vencido sozinho um exército de mais de cem homens. Ao invés disto, lágrimas se misturam a água que escorre por seu rosto, e uma grande angústia o faz lançar um grito terrível que mais parecia um grotesco animal urrando de dor e ódio sobressaltando até mesmo os apavorantes trovões.

Seu nome? Este é uma representação de seu maior sonho, que em uma língua já esquecida traduz-se: "Aquele que tem nome de quem vive, mas está morto."

A raposa e Germano Lopes

Ilhéus, 14 de Janeiro de 2011. Bahia.