Borboleta

"O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia. Albert Camus

Caminhava sem rumo, não sabia quem era, ou, o que queria. Não tinha nome, muito menos números de documentos, apenas tinha a intenção de algo. Minha causa era somente minha e de mais ninguém, não tenho transtorno mental, não sou depressivo, não tenho transtorno bipolar, não estou bêbado e nem drogado. Estou limpo.

Naquela tarde de Sexta-Feira, depois de muito andar, resolvi sentar em um banco de uma praça. Logo depois, senti uma sensação corporal de leveza, flutuei com meus pensamentos, chegando a conclusões de que minha vida não tinha graça. Era uma decrepitude social que me trazia ensejos. O engraçado que todo o dia sai em busca de uma trajetória melhor, infelizmente nada acontecia. Acabei esmaecendo, não tinha construído alicerces suficientes, por isso, vou arruinar.

Que mundo é este? Que sociedade é essa? Onde você tem que dar algo, para poder receber sem ser julgado. Tudo se concentra no dinheiro. Esta sociedade é ilegítima por pensar assim. A hierarquia latente nos seres humanos é hipócrita. Crer em Deus, obedecer algum superior, talvez combater pelo seu país. Predominâncias... Um mundo de insidiosos!

Foi então, que reparei em uma simples borboleta voava pela praça, ela tinha uma graça. Aneticamente ele era livre de tudo e de todos. Sua existencialidade era a dádiva dos deuses, o baterem de suas asas era maravilhoso. Acompanhando seu destino, ela acabou pousando em um banco do meu lado. Neste mesmo recinto havia um homem, ele trajava vestimentas brancas. O mesmo começou a olhar para a borboleta, soltou um sorriso puro. Depois ela morreu. Não sei por que ela faleceu. Caiu no chão, ela não mexia.

Aquilo pareceu ser meu sinal, o desfecho da sabedoria, da fé, da psicologia, da honra e do sentido da vida. Não viverei em uma sociedade que manda e desmanda, se viver vou destruí-la, não consigo morar nela, ou viver com suas leis. Portanto no final desta tarde, eu morrerei...

Pastor Goethe
Enviado por Pastor Goethe em 04/01/2011
Código do texto: T2709400