Sangue de Dragão - Cap. 20

--- Por um Fio ---

A terra se ergueu aos pés do guerreiro licantropo. Tudo aconteceu muito rápido e Gunta não teve chance de usar seus reflexos aguçados, pois uma coluna de terra o levou às alturas e se desfez assim como surgiu, rapidamente. Não tendo nenhum apoio onde cravar suas garras e se segurar, Gunta caiu e, mesmo no ar, conseguiu enxergar seu oponente no chão. Era um mago, vestindo uma elegante armadura de couro reforçado e portando uma espada à cintura. Ele estava com uma das mãos erguida, comandando o elemento terra.

Era Farmenis.

Erguendo a outra mão e realizando movimentos vigorosos, Farmenis fez brotar do chão duas enormes mãos de terra. Elas se chocaram contra o corpo em queda de Gunta num bater de palmas poderoso. O guerreiro licantropo recebeu o impacto de uma tonelada de terra e veio ao solo quase desmaiado. Quando tentou se erguer, já totalmente grogue, recebeu o golpe de misericórdia. Uma das mãos se desfez enquanto que a outra se fechou num punho cerrado e desferiu um forte soco no inimigo. Gunta foi arremessado a mais de trinta metros de distância, quebrando galhos, raízes e derrubando duas árvores pelo caminho.

Orogi acompanhou toda aquela ação agachado e com uma mão no peito ensangüentado. Farmenis se aproximou dele e o encarou. Orogi desviou os olhos e olhava para onde Gunta tinha sido jogado, farejando o ar para sentir se seu oponente ainda estava apto a lutar. O instinto de proteção ao seu mestre falou mais alto. Os sangue de dragão tinham essa prioridade incutida magicamente em suas mentes.

---- Aquela fera não é mais problema! Precisamos saber se os outros precisam de ajuda. Encontre-os --- disse o mago Farmenis. Orogi farejou o ar mais uma vez e levantou as orelhas pontudas para uma direção, como um cão. Logo em seguida saiu em disparada, sendo seguido por Farmenis.

A trinta metros dali, em meio aos destroços, Gunta ainda respirava....respirava lentamente.

Enquanto isso, não muito longe dali, em meio à floresta, outros combates se desenrolavam ferozmente. Os elfos e os sangue de dragão que iniciaram a contendo no solo já tinham acabado suas lutas, com resultados iguais. Uma morte para cada lado.

Kel-Doma, o elfo que restou de pé, estava para dar o golpe final no sangue de dragão que ainda vivia, mas teve seus planos frustrados quando quatro membros da Centúria apareceram acompanhados por três soldados do reino. Agora não era mais mano a mano, mas sim oito contra um.

---- Desista elfo --- disse um dos magos ---- não tem a mínima chance contra todos nós.

Kel-Doma sabia disso. Apesar de possuir poucos ferimentos, a superioridade numérica dos inimigos decretaria facilmente sua derrota. Mas Kel-Doma também sabia que os magos não faziam prisioneiros e que seu destino era a morte. Portanto, era necessária uma saída de emergência.

Kel-Doma jogou um rolo de pergaminho no chão aos seus pés. O pergaminho explodiu em fumaça branca e logo em seguida o elfo não mais se encontrava ali.

---- Maldito seja! Ele usou um pergaminho de transportação --- disse um dos centurianos.

---- Mas pelo que nós aprendemos, essa mágica tem um médio alcance, ou seja, ele ainda esta em alguma parte da floresta --- falou outro mago.

---- Não temos tempo de procurá-lo. Nossas ordens são para proteger os idiotas dos sangue de dragão. Ainda bem que chegamos a tempo de salvar este aqui. Infelizmente o outro não teve tanta sorte --- o mago se aproximou da garota morta e a encarou.

---- Bom, é para isso que servem mesmo. Ela fez bem seu trabalho. Agora vamos embora daqui.

---- Nós nem tivemos a oportunidade de testar nossas habilidades. Será que o Azura já entrou em combate?

---- Difícil saber. Mas coitado do oponente que o enfrentar --- disse um dos magos sorrindo.

E assim os membros da centúria saíram descontraídos, deixando para trás o corpo inerte de uma garota de treze anos.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 03/01/2011
Código do texto: T2706536
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