Mirabela- O amargo sabor do destino - continuação-

D.Vaggio encaminha Fabricia até o seu escritório. Ele senta-se em sua cadeira giratória e pede-a que sente-se na cadeira do outro lado de sua mesa.

- Então você é amiguinha de Mirabela?

- Sim, senhor!

- Ela lhe pediu que viesse aqui?

- Não, senhor! Na verdade, ela nem sabe que estou aqui!

D.Vaggio levanta-se com o charuto na boca, e pondo as mãos nos bolsos, começa a caminhar lentamente como se estivesse desfilando. Olha para cima e depois de mais uma baforada de fumaça, volta-se para Fabricia, já com o charuto na mão.

- Escuta, garota! veio aqui de livre e espontânea vontade?

- Claro! Não quer saber como cheguei até aqui?

Ele então, amassando o charuto no cinzeiro, volta e senta-se, pondo os pés por sobre a mesa e apoiando o queixo com os dois dedos, fita-a bem dentro dos olhos e diz:

- Não! já sei os métodos usados por tipinhos assim, como você, para conseguirem o que querem!

- Como assim?

- Não se faça de desentendida! Estou acostumado a lidar com pessoas malandras da sua laia. Se Mirabela não lhe deu o meu endereço secreto, imagino que, de uma forma muito suja você o conseguiu.

Ela baixa lentamente a cabeça, meio sem jeito.

- Não sei do que o senhor está falando!

D.Vaggio levanta-se e, muito irritado, soca a mesa com muita força, fazendo tremer todos os objetos que estavam em cima. E começa a esbravejar: - Detesto quando tentam me fazer de idiota! Diga logo o que quer!

Fabricia estava muito assustada!, não esperava uma reação tão agressiva daquele homem. E novamente, baixando a cabeça como que sem coragem de encará-lo, lhe diz: - É que eu queria trabalhar para o senhor!

Ouvindo aquilo, D.Vaggio franze a testa e encolhe os olhos, como se não estivesse ouvindo bem.

- O quê?

- É isso mesmo! Eu gostaria de trabalhar para o senhor!

O homem irrita-se mais ainda, e forçando uma gargalhada irônica, responde: - Não! depois de tudo o que aconteceu; Depois da captura daquela irresponsável da Mirabela; do risco que estou correndo, ainda tenho que enfrentar uma situação destas. É brincadeira!!

De repente, ele perde o controle, e sacudindo a cadeira em que Fabricia está, força-a a levantar-se.

- Levante-se logo daí! Vamos, levante-se!

Com os olhos lacrimosos, ela o encara: - O senhor está me mandando embora?

- Claro que não! daqui você não sai mais!

De repente, Fabricia se enche de coragem e o encara:

- O senhor está sendo injusto comigo! Eu poderia lhe ajudar muito! E batendo no peito, ela continua: - Eu sim! eu poderia ficar no lugar de Mirabela. Eu poderia chefiar muito bem a sua quadrilha, e..

- .. Familia!!

- Familia, quadrilha, seja lá do que fôr que o senhor chama este bando de ladrões..

- .. O quê?

- É isso mesmo! O senhor nem parece o homem esperto que aparenta ser! como pode? contratar uma mosca morta como a Mirabela para chefiar a sua familia. Sendo que aquela lá, sempre foi mais burra do que uma porta. O senhor contratou a pessoa errada! Se tivesse escolhido a mim no lugar dela, eu lhe garanto que não teria caido nas mãos da policia com tanta facilidade, como ela caiu.

O homem começa a aplaudi-la, de repente: - Bravo!! Vejo que você é uma mulher decidida! Gosto de pessoas assim: vulgar, sem caráter, mas com muita atitude!

Muito satisfeita, e com um sorriso no rosto, ela pergunta:

- E então? estou contratada?

E batendo de leve em seu ombro, ele responde-lhe: - Vou pensar no seu caso!

greice
Enviado por greice em 24/12/2010
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