Mirabela - o amargo sabor do destino - continuação-

Meia hora depois, a mulher volta pedindo que Fabricia a acompanhe: - Por favor! venha por aqui, o senhor Giorgio irá recebê-la.

Ao ouvir aquilo, Fabricia quase tem um surto de tanta felicidade, não consegue acreditar no que estava lhe acontecendo. Ela porém procura disfarçar sua emoção.

- A senhora ainda não me disse o seu nome!

- Me chamo Neide!

- Neide! você deve gostar muito de D.Vaggio, não?

- Claro! ele é como se fôsse o nosso pai!

E enquanto as duas caminham até chegar ao esconderijo, Neide se sente a vontade para conversar com Fabricia.

- Sabe, moça! se não fôsse pelo senhor Giorgio, meus filhos, meu marido e eu teriamos morrido, passamos muitas necessidades. Quando meu filho mais velho ficou doente, o senhor Giorgio comprou os remédios caríssimos. Ele é tão bom, que até dentadura que é coisa de luxo, ele mandou pôr em mim e no meu marido.

A mulher então abre a boca para Fabricia, mostrando a prótese já um tanto amarelada.

- Como você pode ver, nada disso aqui é verdadeiro. É tudo dentes falsos. Não fôsse o senhor Giorgio...

- É assim que você o chama? Giorgio?

- É o outro nome dele! Todos os meses, ele manda um motorista ir até a cidade e enche o nosso armário de compras. Meu filho mais velho vai junto para ajudar a trazer as compras.

Fabricia sente-se muito satisfeita ouvindo aquilo, ela estaria em poucos minutos, diante de um milionário. E a mulher que parecia ser tímida, desanda a falar: - Sabe, senhora Fabricia, quando meu filho ficou doente de hepatite, viajamos quase um dia inteiro até chegar a um hospital mais próximo. O senhor Giorgio bancou tudo.

As duas andaram por quase quinze minutos até chegar ao fundo do quintal. Aproximaram-se de uma abertura que havia no chão coberta com um tampo de ferro muito pesado. Com muito sacrificio, a mulher ajudada por Fabricia consegue levantar o tampo.

Depois, as duas descem por uma longa escada subterrânea. O esconderijo de D.Vaggio, era na realidade, nas profundezas da terra. Vinte metros abaixo do chão.

Depois de muito descerem as escadas, elas chegam a residencia subterranea de 400m2. Logo no hall de entrada havia uma figura de madeira de um músico e cantor de jazz Skip James que parecia saudar os visitantes.

O corredor de acesso ao interior da casa era uma galeria onde estavam expostos telas de Di Cavalcante, Tarsila do Amaral e Caulos.

Na sala havia um estandarte pintado pelo norte americano Roy Lichtensteim. Fabricia pôde observar o acervo tão interessante quanto indicativo das caracteristicas pessoais de D.Vaggio: Pinturas, livros, e os charutos que revelam o bom vivant que ele era.

Os livros eram um capitulo especial, ocupavam grande parte do espaço. Espalhados pela casa inteira grande volume de arte, arquitetura e fotografia. No escritório, as paredes foram tomadas por estantes que iam quase até o teto com obras de José Saramago, Carlos Drummond, Gore Vidal. E ainda a coleção de canetas Mont Blanc, guardada em um porta lápis de mogno.

Na sala, poltronas infláveis de plástico, sofá branco e tapete de pele de vaca. A elegancia das cortinas de palha de tábua ao arrojo das luminárias de policarbonato. Na suite, o colorido da tela de um amigo seu.

Fabricia olhava tudo, tão assustada quanto encantada. Que fascínio tinha aquele homem, quanto luxo, quanta cultura. Sinceramente ela estava sem palavras diante de tanto requinte e beleza.

greice
Enviado por greice em 18/12/2010
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