Mirabela- O amargo sabor do destino - Continuação-

Algum tempo depois, seguindo o endereço que o preso Sacatraca lhe forneceu, Fabricia dirige-se em busca do misterioso D.Vaggio.

Foram mais de três horas viajando de ônibus, impaciente e em lamentações, a impressão que ela tinha era a de que nunca chegaria ao local de destino.

E finalmente, com as mãos trêmulas e suadas, ela chega, e desce do ônibus praguejando: - Oh! que desgraça de vida! ainda bem que é por pouco tempo que suportarei este miserê. Logo estarei lado a lado com o poderoso chefão.- E correndo contra o vento, ela acrescenta:

- Riqueza,glamour, status, aqui vou eu!!

Ela procura seguir passo a passo o caminho que lhe foi indicado. Uma longa estrada de barro muito enlamaçada e deserta, em cada um dos lados da estrada haviam cercas cobertas por matagais, dando a impressão de abandono. A estrada parecia sem fim, pois havia horas que ela caminhava e nada de chegar ao tal endereço. Já estava começando a desconfiar do tal Sacatraca. E se ele estivesse enganado-a? Não! isso não ficaria barato! Ele vai se ver comigo, se me enganou! pensava ela em cólicas.

Porém, ela finalmente avista a pequena casa de taipa a que Sacatraca se referiu. Era uma casinha muito simples, quase dentro do mato. Ao lado, alguns limoeiros e sobre eles, balancês infantis. Haviam algumas crianças sujas e barrigudas que corriam sem parar. No pequeno quintal haviam galinhas desembestadas atrás das outras e ainda um velho cão magro que se coçava o tempo todo dominado por pulgas. Bem no fundo havia um poço onde um jovem magro e cabeludo tentava a todo custo suspender o balde com água até chegar ao outro balde que parecia esperar ser abastecido.

"Não pode ser"! - Pensava Fabricia consigo- " Aquele sujeito só pode ter me pregado uma peça, D.Vaggio tão milionário que é, não viria para este ermo. O lugar aqui chega a ser mil vezes pior que Anistia".

Ela então, aproxima-se do portão e bate palmas. De repente,surge, vinda lá de trás da pequena casa, uma mulher baixinha e negra com os cabelos em desalinho. Usava um vestido velho de chita e calçava uns surrados chinelos. A mulher aproxima-se com uma vassoura na mão, pois estava varrendo o quintal da casa.

- Pois não! o que a senhora deseja?

- Gostaria de falar com D.Vaggio! ele se encontra?

Fabricia tomou cuidado para seguir direitinho o que lhe recomendara Sacatraca. Ela teria que se dirigir a mulher, como se tivesse certeza da presença de D.Vaggio ali. Como se ele já a conhecesse e soubesse da sua visita. Nada de perguntas do tipo: " É aqui que ele mora?" Ou: "Onde posso encontrá-lo?" Tudo deveria acontecer conforme o previsto. E a mulher encostando a vassoura no canto da parede fita-lhe um olhar desconfiado: - Quem é a senhora?

- Sou uma amiga dele!

A mulher tinha expressões rudes, falava pouco e de modos grosseiros.

- Que amiga? a senhora pelo menos tem nome?

- Me chamo Fabricia e sou muito amiga de uma outra amiga dele; a Mirabela.

A mulher observa-a,balançando lentamente a cabeça e esfregando o queixo como se desconfiasse de algo.

- Senhora Fabricia! como sabe que D.Vaggio está aqui?

- Por favor, senhora! não precisa se preocupar! eu sou do bem.

- Tem certeza? Não é da policia?

Ouvindo aquilo, Fabricia sente-se segura e convicta de que está na pista certa. E forçando uma falsa gargalhada, ela diz:

- Da policia? Que idéia mais estapafúrdia!

A mulher pede licença e se dirige até o esconderijo. Sabendo daquela estranha visita, D.Vaggio pede-a que encaminhe Fabricia até ele. Afinal, se ela estava ou não estava falando a verdade, o fato é que sabia do seu esconderijo, e ele agora a queria consigo. Não a deixaria mais sair dalí, para não correr o risco de ser descoberto.

greice
Enviado por greice em 18/12/2010
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