O Espelho da Verdade- Parte IV
Espelho da Verdade- Parte IV
Minoko caiu no chão, desarmada, e sua espada estava fincada na areia da beira da lagoa.
Rei apontava a espada para ela, quase roçando-a em seu nariz.
-Eu não acredito!Eu não acredito que esta criança conseguiu me desarmar desta maneira com um só golpe!
Mutsumi bocejou:
-Mas já?Já perdeu tão rápido assim?Ih, mas como você é fraca, heim?Um golpezinho elementar destes...uaaaaaah, que sono!
-Eu não perdi ainda! Agora eu fiquei com raiva !
-Mestra, posso brincar um pouco mais com ela?
-Pode, Rei, deixa ela ganhar um pouco, para variar...
-O quê?Me deixar ganhar?Esta pirralhinha, que mal saiu das fraldas?Ah,eu não vou ser humilhada deste jeito não!Não mesmo!Agora você vai ver, sua pivetinha mal-educada e arrogante!
-Uooooh! Bocejou a menina.
Sem aviso,Minoko deu uma rasteira na garotinha, enquanto saltava ágilmente para tentar pegar a espada dela de volta.Mas Rei também saltou,e não só não caiu, como pegou a outra espada primeiro e cruzou as duas perigosamente em volta do pescoço de Minoko.Se quisesse, podia fácilmente ter-lhe cortado a cabeça em fração de segundos.Minoko estava irremediávelmente imobilizada.Qualquer movimento que fizesse, sua carótida ou sua jugular seriam cortadas, provocando-lhe a morte certa.
-Renda-se de uma vez.Você não é pareo nem para uma aprendiz como ela,imagine então para aquele cavalo do Seisaro!
-Eu não vou me render! Eu não vou ser humilhada por uma criança!
-Minoko, você já foi humilhada.Duas vezes.Reconheça sua derrota.Eu também conheço esgrima. Não há como escapar daí.Rei foi brilhante !Disse Shinobu.
Minoko sentia vontade de chorar, ao ver o sorriso arrogante de Rei, que gargalhava dela com gosto.
-Você não é de nada, escrava !Ahahahahah!ahahahahahahah!E a menininha limpou um dos pés na barriga de Minoko, depois na cara dela, sujando-a de barro e areia.
Minoko cerrava os dentes, furiosa, tão furiosa que raios saíram de suas mãos e deram um choque na menina,que se arrepiou toda, como num choque elétrico, teve os cabelos chamuscados e foi jogada para trás,tonta, cambaleando.
Delicadamente Minoko tirou as espadas de perto do seu pescoço, e rosnando e bufando como um cachorro colérico, falou para a menina:
-Sua cadela!Vadia! Como ousa me chamar de escrava?Como ousa pisar em mim, no meu rosto, como ousa me humilhar deste jeito?Eu vou te ensinar uma lição!Os raios saíram das mãos dela de novo e se intensificaram e atingiram a menina em cheio, que gritava de dor.
-Pare !Pare agora mesmo !Disse Mutsumi, agora brava, agarrando Minoko por trás, e levantando-a do chão, girando nos calcanhares ,para que ela ficasse de costas para a criança.Se Minoko tivesse continuado mais um pouco, a garotinha teria certamente morrido queimada viva.O corpo dela estava cheia de queimaduras, algumas de segundo grau.Rei estava caída no chão, desmaiada, e Shinobu a amparou em seu colo.
Mutsumi continuou segurando Minoko até que os raios cessassem.Quando ela se acalmou, a espadachim acertou-lhe um tremendo tapa na cara.
-Como você ousa fazer uma coisa destas com uma criança?Você quase a matou, sua incosequente!Irresponsável! Eu teria te matado na hora se ela tivesse morrido!Você não vai treinar mais nem com ela , nem com ninguém.Se você não sabe admitir sua derrota, não merece ser treinada.Não vou ensinar a uma covarde, que usa magia, bruxaria contra uma criança!Você não tem vergonha, sua vaca, prostituta, vadia, vagabunda?E ainda vem xingar uma menininha de vadia, sua indecente?Quem é você para ofender à ela e à mim desta maneira?
Minoko, ajoelhada em frente a ela, só chorava.Cometera um erro terrível, e pusera tudo a perder, por ter perdido a cabeça!Mutsumi tinha toda a razão, e ela estava muito, muito envergonhada.Com olhos marejados,pegou uma espada e a apontou para a própria barriga.Ia cometer o suicídio ritual japonês, o harakiri!
Porém, Rei acordou,e ainda fraca, no colo de Shinobu,disse em tom fraco,com lágrimas nos olhos:
-Não...não deixem que ela se...ela se mate...eu vou treiná-la...por favor...Mu...Mutsumi-sensei, perdoe à ela,deixe-a vi....viver...por favor...
.Também comovida,sua mestra arrancou a espada das mãos deMinoko e a jogou longe, agarrou-a pelo colarinho do kimono, levantou-a no ar, e jogou-a no chão com violência.
-Você teve sorte.Se não fosse pela nobreza e magnânimidade de Rei, você já estaria morta1Se você não tivesse se matado, eu teria cortado fora sua cabeça!Nunca mais, nunca mais use esta maldita mágica,ou bruxaria, sei lá, contra a minha aprendiz,ou vai se ter comigo, entendeu?Agora você deve sua vida a ela, então não lhe resta mesmo qualquer honra ou outro caminho do que o da humilhação:à partir de agora você será a escrava de Rei, que te usará como quiser, e obedecerá à todas as ordens dela e minhas, cegamente,por mais humilhantes que sejam,e ela te treinará se ela quiser.Agora levante-se, ajoelhe-se diante dela, agradeça à ela e beije-lhe os pés e a reconheça como sua dona e Mestra.Ela será chamada por você daqui por diante como Mestra, ou Rei-sensei,caso ela queira mesmo te treinar.Só porque ela me pediu, eu a perdôo e a poupo, mas esta será sua punição!E não haverá uma segunda chance,entendeu?
Minoko, desolada,humilhada e deprimida,obedeceu.Ajoelhou-se até encostar os braços e mãos e a própria cara no chão, e beijou os pés da criança, jurando fidelidade e lealdade à ela, reconhecendo-a como sua dona e Mestra,jurando protegê-la também.
-Mutsumi-sempai, as meninas me falaram que ela tem o dom da cura, deixe-a usar a magia dela para curar a Rei.
-Tudo bem, Shinobu.Pode curar sua Mestra,mas ai de você se você a machucar mais, heim?
Minoko tomou a menininha nos braços,tocou em uma das feridas, e a aura envolveu a criança, que começou a flutuar no ar.Um beijo em sua testa começou a transferência de parte de sua energia de vida para a garotinha, que começou a ter sua queimaduras curadas uma à uma, a febre intensa que ela estava passou, e,como depois de pedir que sua mestra perdoasse à Minoko,ela tinha desmaiado de novo, acordou e recobrou a consciência, e em poucos minutos estava bem de novo,forte e saudável.Mutsumi abraçou sua protegida com carinho, assim que ela pousou no chão de novo.Todas estavam aliviadas.
Rei levantou-se e disse:
-De pé, escrava.Dê-me um banho na lagoa, agora! E não deixe cair água nas minhas orelhas !
-Sim, Mestra...
Disse Minoko.Nem parecia aquela aventureira intrépida e orgulhosa de antigamente.
-E quanto às amigas dela?
-Traga-as amanhã. Explique o que aconteceu à elas, e as ensine o caminho para cá.Minoko vai ficar conosco dia e noite, mas as demais podem ficar vindo pela manhã e voltando para a casa ao escurecer.
Shinobu voltou sozinha para casa.Ao chegar, contou tudo às meninas, que ficaram chocadas.Então, um guarda do Castelo do Suserano chegou e pregou na parede da porta da loja de armas o cartaz de "procuradas".Por sorte, as meninas estavam todas para dentro, mas Shinobu viu e foi ter com as meninas:
-Vocês viram isto?Vocês estão sendo procuradas, e estão até oferecendo um a recompensa enorme pela cabeça de vocês!
-Ah, não ! Shinobu-sempai, você vai...denunciar a gente?
-Não, Fushiko, não vou.Fiquem tranquilas. Eu gosto de vocês, e preciso de vocês trabalhando aqui comigo.Mas agora, tem este raio deste treinamento...eu não posso liberar todas de uma vez...bom, vamos fazer o seguinte:combinem um rodízio entre vocês, e a cada dia irá uma lá para o treinamento,ficar pela manhã,na hora do almoço volta, aí outra vai à tarde, e assim vai indo.Vejam entre vocês quem vai amanhã.Eu irei ficar levando cada uma de vocês até lá todos os dias até que aprendam o caminho.
-Mas, e se alguém vier aqui e nos reconhecer?E se a expedição punitiva chegar e nos encontrar?
-Ah, tranquilo,Namya.Olhem lá na estrebaria:tem um fundo falso com um túnel que sai nos fundos da cidade.Vocês podem se esconder, ou mesmo fugir para lá.Se precisarem fugir, procurem pela Mutsumi.Ela irá defendê-las, ela é uma muher muito direita.
-Fico mais tranquila agora,Shinobu-sempai.
-Ótimo, Kareni, então...olha esta fole! Você está deixando o forno esfriar! Namya, já deu a segunda forja nas pontas de flexa?Não?Está esperando o quê?E você,Fushiko, porque parou de martelar esta ponta de lança?Depois ainda tem que cuidar daquele monte de espadas que estão no forno!Olha lá, não vão deixar passar do ponto! Trabalhando, gente, trabalhando !
Depois que Shinobu saiu da forja e foi para o balcão da loja,Fushiko murmurou, irritada:
-Megera! Só sabe mandar! Por que não põe a gente para vender?
-Ah, linda,só quer trabalho fácil, não é,sua preguiçosa?Replicou Kogyo.
-Ah, é, é?Para você é fácil, você estava no balcão vendendo até agora...
-Oras, o que posso fazer se sou boa vendedora? Se quer saber, a Shinobu tem sido muito boa comigo.Agora me dê licença, que ela me pediu para tomar conta da Arumi!
-Kogyo, sua folgada! Vai para a cama com ela, então!Só pega servicinho fácil,protegidinha da mamãe!
-Bleeeé!Kogyo mostrou a língua para ela e disse:
-Já fui, sua boba!E quer saber?Adorei!
-Já esqueceu a Minoko,Kogyo?Você não se dizia apaixonada por ela?
-Eu amo ela, ou melhor, o Narumeshi.Mas como ela não está mais aqui para aplacar meu fogo, vai a Shinobu mesmo !Só que vê se fica quieta e não conta nada para ela, heim,Fushiko?
-Que você é infiel?Pode deixar, não conto, mas você me deve uma, e vou cobrar de você hoje à noite.
-Ei, Fushiko,está me traindo?Você não disse que era a minha namorada? Disse Namya, envergonhada.
-Não, Namya, pode participar também, hoje nós três vamos nos deitar uma com a outra e fazer amor a noite inteira, certo?
-Fushiko!Namya ficou ainda mais envergonhada.Na verdade ela estava morta de medo que Shinobu as pegasse em flagrante de novo.
Enquanto isto, Minoko sofria tristemente.O treinamento imposto por sua dona e mestra era rigoroso como ela nunca supôs que uma criança de dez anos fosse capaz.Mas Rei era compenetrada e aplicada,e também altamente disciplinada, e a cada vez que Minoko errava uma postura, saía da concentração ou falhava num golpe, apanhava de chicote.Rei tinha um quê de perversidade: exigia que Minoko ficasse o tempo todo nua, mesmo quando estava frio, e nos poucos intervalos, exigia brincar de cavalinho. montada nas costas de Minoko,que tinha de ficar de quatro, com uma coleira e uma corda no pescoço, e Rei acertava as costelas dela sem dó com os pés e chicoteava as costas e as pernas dela o tempo todo, exigindo que andasse mais depressa.Se deixasse a menina cair, o castigo era pior.
Rei às vezes usava de um remo de madeira para crianças, com o qual espancava sua escrava nas pernas , braços e costas , às vezes até por meia hora inteira.
Mas, apesar de toda a humilhação, Minoko aprendia, e aprendia.
No dia seguinte, Fushiko veio aprender, mas o treino dela era bem mais condescendente.
Enquanto isto, naquela manhâ , Arumi chegou correndo no balcão da loja e disse a Kogyo :
-Samurais ! Um monte deles ! Eu vi, eu vi, eles estão chegando !
Alarme dado, as meninas trataram de fugir para o esconderijo de Mutsumi o quanto antes.
Quando as meninas chegaram no esconderijo de Mutsumi, foram recebidas pela própria.Mas o que chamou a atenção delas foi a cena que viram: Minoko andando de quatro pela areia, com uma menininha de dez anos sentada em suas costas como se estivesse a cavalo, com um chicote numa das mão, espancando as nádegas de sua amiga com chicotadas e esporeando-a com os calcanhares nas costelas com força o tempo todo, e Minoko, com uma coleira no pescoço e arreios qual cavalo, e a menina em cima , gritando:-Anda, cavalo preguiçoso! Vai escrava!Mais depressa!
Todas ficaram chocadas-nenhuma delas jamais suporia que Minoko pudesse se submeter à tamanha humilhação!Suas nádegas sangravam, pois o chicote tinha pregos nas pontas, e ela estava com o corpo coberto de feridas e cicatrizes, além de hematomas vermelhos e roxos pelo corpo todo.Lágrimas saíam de seus olhos.Ao v-las, Rei desmontou e as recebeu:
-Oi! Como vão?Tudo bem?Vamos começar nosso treinamento?
-Mas...o que está acontecendo aqui...por que você está tratando à ela assim, Rei-sensei?
-Ora, ela é minha escrava,Namya! E chutou Minoko com toda a força.O chute acertou o seio esquerdo dela, e ela ,que ainda estava de quatro, caiu no chão gemendo de dor.O seio ficou até inchado!
- Entendi.Shinobu -san já tinha me falado sobre isto comigo, mas eu não sabia que você a tratava tão mal deste jeito.Sabe, Rei-sensei, machucar as pessoas é feio,não é correto tratar as pessoas assim.
-Ela não é uma pessoa, é uma escrava!Ela me deve a vida, então posso fazer o que eu quiser com ela,Namya.
-Olha, não é bem assim. Escravos são pessoas também. E mesmo escravos precisam ser bem tratados, ou não serão vivos por muito tempo. Até quando você acha que ela irá aguentar desta maneira?Seja mais boazinha com ela, por favor, Rei-sensei, eu gosto tanto de você, eu tenho certeza de que você não é malvada, não é verdade?
-Tudo bem, Namya-san, já que você me pediu com carinho, eu vou ser gentil com ela.Escrava,levante-se, você já não é mais cavalinho.Pode tirar a coleira e os arreios.
Minoko, toda dolorida, levantou-se, toda estropiada.De suas nádegas, vários fios de sangue corriam pelas suas pernas.
-Por que você não interferiu ,Mutsumi-sempai?
-Por que ela tem o direito de tratar sua escrava como quiser, afinal, ela foi má com a Rei, Fushiko.
-Mas ela já não foi punida o bastante?
-Isto quem decide é a própria Rei. Ela é a dona da Minoko, eu não interfiro,Fushiko.Agora, porque vieram todas de uma vez?Não foi bem isto que a Shinobu combinou comigo!
-É que a Expedição punitiva chegou na cidade, Mutsumi-sempai.Eles estão procurando por nós,e tivemos de fugir para cá.
-Muito bem, se eles vierem aqui, eu e a Rei daremos conta deles para vocês, se precisar,Kareni.Bom,começem o treinamento.Rei-san, pode começar a treiná-las.
-Sim, Mestra!Você não, escrava, você agora vai descansar. Depois eu a chamo.
-Sim, minha Mestra.Respondeu Minoko, de cabeça baixa.
Enquanto isto na cidade, os Samurais, liderados por Seisaro, chegaram na loja.
-Shinobu-dono?Disse o samurai, com sua armadura refulgalnte.Era notório, pela riqueza dela, que ele era rico e poderoso.
-Sim, Excelência?
-Os habitantes desta aldeia me disseram que a senhora abriga em sua loja um bando de criminosas fugitivas, e até as empregou como ferreiras, é verdade?
-Eu?Eu não as conheço! Como elas são?
-Senhora, por favor, não minta ! Homens, vasculhem e revirem a casa!
-Não vão encontrar ninguém aqui.
-Mamãe, estou com medo destes homens feios...Disse Arumi, agarrada numa das pernas de Shinobu.
-Muito bem, já que quer escondê-las, vou ter de tomar providências mais radicais.Disse Seisaro,e, rápido como um raio, pegou a menininha de seis anos no colo.Munido de uma adaga, ele a colocou no pescoço da menina.
A autoconfiança de Shinobu desabou na hora.
-Minha filha ! Me devolva minha filha !
-Se não me contar onde estão as criminosas, eu mato sua filha na sua frente !Homens, segurem-na.Tirem as roupas dela, vamos estuprá-la!
-Não! Naaaão!
Os gritos desesperados de Shinobu não adiantaram. Na frente de sua filha ela foi estuprada em série por seis homens, enquanto Seisaro, absolutamente frio, continuava segurando a criança nos braços, que chorava sem parar.Depois que seus homens terminaram o "serviço",ele disse calmamente:
-Isto foi uma punição por você ter abrigado e estar protegendo aquelas vadias.Agora fale, ou não me responsabilizo pelo que meus homens possam fazer com sua filha,inclusive sexualmente, e se ela sobreviver, a mato na sua frente!E aí, vai falar ou não?
A crueldade de Seisaro parecia não ter limites !Diante de uma perspectiva tão mosntruosa,Shinobu não teve alternativa.Delatou as garotas e seu esconderijo.
-Muito bem, então elas foram buscar proteção com aquela prostituta da Mutsumi, elas caíram na armadilha direitinho.Homens, levantem o alçapão, vamos lá punir aquelas vagabundas ! E você, sua vaca, pode ficar com sua filha.Ela ainda está intocada.Por enquanto.Mas, se não obedecer minhas ordens,não a pouparei da próxima vez.
-Tomara que te matem ! Você e seus homens! Corja de covardes,ordinários !
Disse Shinobu, agarrando sua filha nos braços.
-Calada, prostituta !Disse Seisaro acertando-lhe um tapa violento no rosto, e entrou túnel adentro com seus homens.
Shinobu, desesperada, chorava aos cântaros e sua filhinha, traumatizada, também.
No esconderijo, repentinamente, Mutsumi mandou pararem o treinamento.
-Vocês, garotas, escondam-se.Vem vindo alguém aí! Eu sinto o fedor do Seisaro de longe, e ele está chegando!Rei-san, pare o treinamento, pegue sua espada, agora é para valer!
Minoko, Fushiko, Kogyo, Namya e Kareni se esconderam numa caverna num monte abaixo do platô onde ficava a lagoa.
.Os samurais chegaram.
-Muito bem, sua cadela,onde estão aquelas criminosas?
-Muito educado, Seisaro-san, já ir me tratando com tanto carinho assim logo de cara.Não está satisfeito com a última surra que te dei?Acho que eu devia ter te matado naquela época!Lembre-se que esta cadela aqui morde, mas morde para matar !
-Você não respondeu minha pergunta! Homens, cerquem-nas.Preparem-se para o combate!Eu acho que vou estuprá-la de novo, como fiz daquela vez, mas desta vez vou fazer meus homens se divertirem à vontade com você, como acabei de deixar eles fazerem com a Shinobu.Você nem imagina o estado que ela ficou ! Ahahahahahahah!
-Canalha, sem vergonha ,ordinário! Ainda se diz honrado!Meu gostinho você nunca mais vai ter, e nem pense em se aproximar da minha protegida, que é como se fosse uma filha para mim !Você vai pagar por seus crimes, seu desgraçado, eu vou colocar o cabo da minha espada dentro do seu traseiro para você sentir o que faz com as mulheres, seu monstro !
-Ah, é?Ah, então vamos ter mais uma para nós divertir!E depois de vocês duas, vamos nos divertir com aquele bando de prostitutas que você está protegendo também !
-Só por cima do meu cadáver,seu pervertido sem vergonha ! E garanto que isto será impossível ! Aaaaaaaaa!E Mutsumi atacou, Rei também.
Seisaro, no entanto era um Mestre, e apesar de Mutsume ter aprendido muito sózinha, inclusive novas técnicas e estilos, sabia que ele não era um adversário a subestimar.Ela era famosa por sua invencibilidade, mas,ela mesma sabia que esta provinha de sua inteligência, mais do que sua técnica apurada e refinada.
Como num bailado, as lâminas afiadas bailavam e o barulho metálico de seus choques entre si ressoavam pelas montanhas.Mutsumi correspondia bem à velocidade crescente dos golpes de seu oponente, mas sabia que não poderia ganhar só na técnica.
Enquanto isto, Rei lutava com outros Samurais.
De início, ao ver que ela era uma criança, eles a atacaram brincando, rindo na cara dela, e os que assim fizeram pagaram suas temeridades com a vida, trepassados implacávelmente pela lâmina da menina, que dançava sua dança da morte para os sobreviventes, que passaram a respeitá-la bem depressa, e começaram à lutar pela sua sobrevivência, desesperadamente.Rei era genial com a espada, apesar da pouca idade, um verdadeiro fenômeno, rápidamente foi matando um a um,e agora, só Seisaro estava vivo ainda.
Então ela pôde descansar e observar a luta de sua Mestra.
Também Mutsumi iniciou sua técnica da "dança da morte" em volta de Seisaro, mas ele era superior em técnica aos outros samurais, de um modo que conseguia, ainda que com dificuldade, rechaçar os golpes precisos dela.
Os silvos das espadas rasgando o ar estavam furiosos,e ambos já tinham ferimentos superficiais no rosto, braços e pernas.Mas, ela raciocinou que, se ele era superior a ela em técnica e conhecimento, afinal, fora seu Mestre, ela teria de usar sua inteligência para pegá-lo de surprêsa e forçá-lo a baixar sua guarda.O mesmo truque que ela usara para ganhar dele na última vez ela não poderia usar, pois ele não cairia de novo na mesma cilada, então, propositalmente, deixou parte do kimono cair, expono um dos seios.Ao ver o olhar excitado e o sorriso baboso dele, ela percebeu sua distraçao, e de um só golpe, o desarmou.O golpe cortou-lhe fora a mão direita.Um segundo cortou a esquerda também.E ele urrou de dor !
Ele caiu ajoelhado no chão, berrando de dor, com o sangue jorrando em jatos.
Ela, insensível á dor dele, colocou a ponta da espada na cara dele e disse:
-Agora você vai pagar pelos seus crimes!Agora você vai pagar caro ,muito caro pelo que fêz á minha amiga Shinobu!
-Não, pelos deuses, por favor...
-Seu traste!Não está pronto para morrer?Agora você tem mêdo?Você não se diz honrado?Não, um monstro como você não merece uma morte honrada.Você não vai morrer ainda, primeiro irá sofrer o que afligiu às mulheres.Rei, amarre-o, imobilize os braços dele e as pernas também.Meninas, venham ajudar !
Nossa trupe saiu do seu esconderijo.
-Todas juntas, vamos levantá-lo e colocá-lo naquele galho de 'arvore.Disse Mutsumi, depois de despi-lo, rasgando o kimono dele e retirando sua armadura.
Depois que ele ficou pendurado, ela seguiu dando ordens:
-Minoko, desamarre as pernas dele. Você segura uma e a Fushiko segura a outra.Isto. Agora abram as pernas dele.Rei, onde está aquela pedra pesada?
-Ali, mestra.
Mutsumi pegou a pedra, amarrou à uma corda e amarrou a outra ponta na genitália dele.A pedra devia ter um sessenta kilos, e quando Mutsumi largou a pedra, a genitália dele foi arrancada.Ele urrou de dor, e o sangue jorrava copioso!
-Isto não foi nada, seu sem vergonha ! Agora você vai sentir o que as mulheres sentem ao serem estupradas!Kogyo, traga aquele galho de árvore ali.
Ela pegou,era um galho de mais de um metro de comprimento, e que tinha mais de vinte centímetros de espessura.Mutsumi o pegou na mão e deu a volta por trás de Seisaro, enquanto as meninas seguravam suas pernas abertas.
-Não, por favor, isto não! Por favoooor! Nãaaaaaao!Ele berrou, desesperado, mas Mutsumi não quis saber. Introduziu o galho com toda a força no orifício entre as nádegas dele, enquanto mais duas meninas o seguravam pelos ombros.
-Ele urrou de dor, e fios de sangue começaram a jorrar, e la continuou, e mais de um terço do galho já estava dentro dele, que urrava e chorava, e ela gargalhava da dor dele, pondo mais e mais fôrça.A dor foi tanta que ele acabou desmaiaindo.O ventre dele inchou, sinal de séria hemorragia interna.O galho tinha perfurado os intestinos dele.
Só então ela o soltou.Como o corpo dele ainda amarrado,arrastou o corpo dele até a entrada da cidade, onde pediu a um lavrador que colocasse o corpo do Samurai desmaiado e mortalmnete ferido numa carroça, e ordenou que fosse levado ao Castelo do Xogum.O lavrador assim o fêz e partiu.Mutsumi sabia que ele logo ia morrer pela perda de sangue, mas que seria uma morte lenta e dolorosa,além de humilhante.Ao chegar de volta ao esconderijo, foi recebida com palmas por todas as meninas, pela punição exemplar que dera ao samurai corrupto e pervertido.Então todas foram ver Shinobu, e contaram à ela o destino de seu algoz.
Emocionada, Shinobu abraçou Mutsumi e chorou copiosamente, dizendo:
-Obrigada,Mutsumi-san, muito obrigada...
-Só fiz o que era justo,minha amiga, só o justo. Ele teve o castigo que merecia, os outros homens também.A Rei a vingou para você, foi ela quem matou os que a violaram !
-Obrigada também, Rei-san.
Agora que nossa trupe vira do que a pequena Rei era capaz, a respeitavam mais do que nunca!
-Vamos então voltar para o esconderijo, e vamos comemorar nossa vitória !Disse,abrindo um largo sorriso, Mutsumi, que continuava invencível!
Lá chegando, a "festinha" foi organizada.
Depois de assarem um porco inteiro na fogueira,elas,com muito sakhê nos copos,voltaram a conversar:
-Mutsumi-sempai, porque não liberta a Minoko?Não faz mais sentido, é humilhante, é degradante para ela.Olha, nem parece ela, ali, encolhida num canto, deprimida...
-Só a Rei pode libertá-la, se ela quiser,Namya.
-Ah,mas, ela já não recebeu castigo o bastante, está toda machucada, magra, costelas de fora...
-Ela tem que merecer,Namya-sempai.Assim Mutsumi-sempai me ensinou.
-Posso dar uma sugestão, Rei-san?Se ela tem que merecer, porque não a liberta depois que terminar o treinamento?
-Se ela me vencer, no teste final do treinamento,ela não será mais minha escrava,Kareni-sempai.Só que não vai mais poder usar magia, claro.
-Você jura,Rei-san?
-Eu juro.Palavra de Samurai,Kareni-sempai!
Minoko estava escutando tudo. Um raio de esperança iluminou sua alma, e então ela jurou à si mesma que iria se esforçar ao máximo para ir até o fim do treinamento e conquistar novamente sua liberdade.
Meses se passaram, de intenso treinamento.Dia e noite as meninas se revezavam aprendendo a mais fina arte da esgrima.Como Minoko era a que mais treinava, pois as demais tinham de se revezar para ajudar a Shinobu na loja e na forja,mas ela não, ela tinha o tempo todo para treinar duro, e nas lutas ela sempre vencia as demais.
Mas, em Osaka, o Xogum não estava parado.Quando Seisaro chegou quase morto, e contou o acontecido,o Xogum, ao ver seu vassalo morrer na sua frente,resolveu que isto não podia ficar assim, e Seisaro e outros excelentes samurais não podiam ter morrido em vão, tinham de ser vingados, e as "bandidas" tinham de ter uma punição exemplar.Mas não queria por mais em risco seus homens novamente.Resolveu contratar ninjas secretamente, para assassiná-las na base da covardia, de surprêsa, sem que ninguém visse.Ordenou a um de seus vassalos que fosse procurar os ninjas e fizesse um acordo secreto para com eles, e ele ofereceria uma fortuna a eles.Mas ele não queria ninjas comuns, queria os melhores dos melhores, então seu vassalo partiu à cavalo para a cidade de Sapporo, do outro lado do Japão.E o tal vassalo estava demorando a trazer a resposta dos assassinos profissionais.
Neste meio tempo, o treinamento das garotas finalmente terminou.
Agora era chegada a vez de Minoko lutar com Rei outra vez, desta vez, pela sua liberdade.
Todas as meninas, além de Shinobu, Arumi e Mutsumi, fizeram questão de assistir a luta e torcer.Namya e Kogyo eram as que mais incentivavam Minoko, com palavras alentadoras:
-Minoko!Ganbatê!Ganbatenê!
Minoko estava frente à frente com Rei, e sua pose agora era orgulhosa e auto-confiante.Ela ia dar tudo de si naquela luta, e estava firmemente determinada a vencer aquela menininha, que era uma verdadeira demônia da esgrima, capaz de derrotar até mesmo samurais adultos e altamente experientes.Minoko tinha estudado cuidadosamente toda a técnica de Rei, procurando seus pontos fracos, e ela acreditava ter encontrado um, e tinha bolado um golpe secreto, que ela inventou quando não tinha ninguém olhando, para usar como último recurso.Seu olhar para Rei era de águia !
Minoko e Rei se encaravam desafiadoramente.
A coisa estava demorando, porque ninguém queria dar o primeiro golpe.
Fushiko, impaciente, resolveu fazer as coisas começarem logo de uma vez, e deu um empurrão nas costas agora musculosas e rijas de Minoko, fortalecida em seus músculos depois de tanto treinamento.
Ao dar este passo à frente, Rei, como era esperado reagiu, e sua espada zumbiu, cortando o ar rápida como um raio!
Minoko interceptou o golpe,e revidou, e as espadas giravam e dançavam seu ballet da morte no ar, os assovios das espadas rasgando o ar chegavam a soar sinistros.
Mas até então, ninguém se machucou.Ainda.
A velocidade dos golpes foi aumentando mais e mais, e o pequeno porte e a agilidade superior da menininha dificultavam muito a tarefa de Minoko.Ela sabia que não poderia vencer na base da velocidade e da agilidade,mas que sua oponente, não "dançava" a sua volta à toa, gastando energia sem necessidade.Durante o treinamento Minoko tinha aprendido a importância de preservar a energia e o fôlego durante o combate.Mas ela sabia que sua força física era bem maior do que a da criança-prodígio com quem lutava,então,procurava só se defender dos golpes e arremeter pouco, mas com muita força.Claro que Rei percebeu sua estratégia, e procurava evitar os golpes fortes, e sabia muito bem que não podia "travar" uma espada na outra, pois perderia.Como os braços de Rei eram mais curtos, ela tinha de se aproximar mais, portanto se expor mais, e Minoko sabia que não podia deixar a menina se aproximar muito, pois senão ela perderia a vantagem de lutar mais de longe, e aí a agilidade maior e o corpo menor de sua oponente faria com que brechas em sua guarda fossem exploradas.Já Rei tentava se aproximar mais e mais.
Vendo que sua oponente estava conseguindo se aproximar e os golpes estavam ficando cada vez mais curtos de sua parte,inesperadamente, Minoko teve uma idéia:
Quando suas espadas se cruzaram, próximas ao seu peito, ela súbitamente saltou e deu uma cabeçada em Rei, e ao passar por ela, a golpeou com o cabo da espada nas costas.
Rei,surpreendida, caiu de boca no chão e engoliu areia.
Minoko então arrancou a espada da menina da mão e a jogou longe, pegou -a no colo e a imobilizou com um abraço!
A menina esperneava, mas, claro,não conseguia se soltar.
-Tudo bem, Rei-san, você perdeu.Acabou a luta.Disse Mutsumi, divertida.
-Assim não vale !Foi um golpe sujo, um golpe baixo!Isto não faz parte da esgrima, Mestra!
-Não, mas é algo que um oponente poderia te fazer.Você tem de estar preparada para tudo num combate. Mas tanto você como a Minoko lutaram muito bem,e declaro Minoko como a vencedora.
Rei baixou os olhos. Aquilo soou como uma ordem,uma humilhação,ainda assim ela engoliu em sêco o seu orgulho,e reconheceu sua derrota.
Minoko a colocou no chão e a soltou.
-Você está livre, Minoko-san, não é mais minha escrava.Por favor desculpe pelo jeito que a tratei.
-Não há o que desculpar,Rei-sensei, eu aprendi muito com você.No fundo você é uma menina boa, apenas é levada e arteira como qualquer criança, e só queria a minha atenção e não sabia como consegui-la.Eu é que tenho muito o que lhe agradecer, pelo tanto que você me ensinou, muito obrigada por tudo,Rei-sensei.Amigas?
-Amigas !Disse Rei, correndo a abraçá-la e dar -lhe um beijo no rosto.
Na verdade, tudo o que Rei precisava era de amor e carinho, se sentir querida.
Ao abraçar a menina, Minoko sentiu uma estranha sensação.Era como se ela se sentisse mãe daquela menina tão sofrida e carente, e um profundo vazio se fez sentir em sua alma,algo que a parte masculina de sua mente não conseguia entender, mas que a parte feminina sentia muito forte,como um instinto avassalador e irresistível,que conseguia ofuscar a parte masculina completamente.Vontade de ser mãe!
Uma lágrima caiu dos olhos de Minoko, ao encarar aqueles olhinhos infantis de perto e dizer:
-Filha...
Ninguém sabia explicar,mas houve uma empatia tão forte, tão repentina, que Rei percebeu, e seus olhinhos marejaram imediatamente, e ela balbuciou, nervosa:
-Mamãe...
As duas começaram a chorar copiosamente no ombro uma da outra, o que emocionou e comoveu profundamente a todas ali.
Mutsumi em especial estava tocada, pois há anos criava a menina, mas nunca tinha conseguido uma empatia tão grande com ela assim.Em seu rosto, a expressão da mais profunda mágoa lhe marcava o rosto, que se esforçava para não chorar, pois não queria parecer fraca diante das outras.
À partir dali, Rei e Minoko seriam unha e carne,mais amigas do que nunca !
Embora Minoko não fosse mãe dela, nem Rei, a filha, elas se comportavam exatamente como se fossem,e como se já se conhecessem há muito tempo!
Mas aquele tempo estava terminando.Agora Minoko , e somente ela, iria treinar com Mutsumi, e acabar de completar seu treinamento.Depois, Minoko sentia que deveria seguir em frente,pois não queria ficar parada lá.
Agora as garotas trabalhavam para Shinobu, enquanto Minoko treinava duro.Nos poucos momentos de folga,ela e Rei brincavam juntas, passando a impressão à Mutsumi de que Minoko tivesse nascido mulher e sido mulher a vida toda, pois brincava como se fosse uma menina de dez anos,e a própria Minoko ia descobrindo todo um lado novo e escondido da aparentemente feroz e arrogante Rei;uma menina delicada, sensível,carinhosa,gentil,brincalhona, cheia de vida,alegre,afável,doce e amorosa.Elas continuavam se chamando de "mãe" e "filha", o tempo todo, para a profunda inveja e vazio existencial de Mutsumi, que a noite ficava pensativa,refletindo sobre em quê ela tinha errado na educação daquela menina que ela tinha pegado para criar há alguns anos atrás,à qual ela tinha se afeiçoado tanto.Era a mãe adotiva, mas percebia que cada vez mais Rei se afastava dela, e se aproximava de Minoko.Às vezes ela tinha de espantar pensamentos peçonhentos e invejosos da cabeça, tipo "nem mulher ela é direito, e conquistou minha filha","acho que vou ter de matá-la para ter minha filha de volta","eu não devia a estar treinando";mas ela sabia que derrotar Minoko só iria afastar sua filha ainda mais dela,e pior, poderia ter de enfrentar a fúria assassina de sua própria filha e discípula, e , além de saber que adversária formidável Rei era, ela não podia nem pensar em enfrentar Rei numa luta de verdade até a morte,nem muito menos ter de matá-la com suas próprias mãos-preferia se deixar matar por ela do que ter de fazer isto.Na verdade-conclusão a que chegava todos os dias- não havia o que fazer:Minoko e suas amigas não tardariam a ir embora,e certamente Rei iria querer ir com elas.Mas ela não poderia ir, apesar da receptividade das meninas, pois doía-lhe ver sua filha ser mais de uma quase desconhecida do que sua.Mas sabia que Rei precisava, e ansiava por liberdade, e não poderia tolher isto dela-filhos são criados para o Mundo, não para os pais,e devem seguir seus próprios caminhos.
Enfim, o último dia de treinamento de Minoko chegou, e no dia seguinte, ela e as meninas iriam partir.Rei já tinha expressado claramente sua intenção de se juntar à elas.A noite estava programada uma festa no esconderijo,para comemorar o aniversário de onze anos de Rei.
Porém, depois do último treinamento completado, e depois de descansar um pouco, Minoko e Rei foram buscar lenha para a fogueira num bosque próximo.
Foi quando viram uma garota, aparentando quinze ou dezesseis anos de idade sendo massacrada por um bando de dez homens muito mal encarados.Ela levava uma sacola com jóias e moedas,que roubaram dela, e ela estava sendo abusada por eles,de mão em mão,mãos estas que lhe rasgavam as roupas e lhe faziam mão boba por todo o corpo.Se as duas não agissem logo, o estupro em série logo começaria.
-Ei, vocês aí!Porque não mexem com alguém do seu tamanho?
-Huum, ela é melhor do que esta daqui!Disse um dos homens, e passou uma faca pelo pescoço da moçinha, cortando-lhe a jugular.O sangue espirrou forte, com alta pressão, e ela tombou morta.
-Vocês vão pagar por isto, ah, se vão !Disse Minoko, sacando sua espada.Rei também sacou a dela.
-Mãe, deixa eles comigo, vai ser fácil !São só bandoleiros de estrada, não lutam nada.
-Filha, melhor lutarmos juntas, eles são muito fortes!
As duas, já cercadas pelos homens, prepararam-se.Seus algozes tinham facas, porretes,paus e pedras. Um tinha uma arma que Minoko nunca tinha visto na vida:um revólver.
-Venham nos enfrentar, seus covardes!
-Chefe, posso ficar com a menininha?Eu adoro estuprar menininhas !
-Ela é sua.
Disse o chefe dos bandoleiros ao seu comandado.
-Jamais! Jamais vão tocar em um fio de cabelo da minha filha ! Jamais !Disse Minoko, atacando com ferocidade, e olhar de lobo ao dar o bote.
Dois dos homens tombaram mortos.Rei também atacou, matando mais dois fácilmente.
-Vocês vão pagar por isto !Vou vingar meus homens! Esta arma eu roubei de um soldado do Exército do Imperador,e espadas nada podem contra ela !
Tiro !
-Aaaaaaaahn!
-Fiiiilhaaaaa!
Um pequeno corpo tomba para trás.Uma poça de sangue se faz por trás de suas costas e mancha o chão da floresta.
-Filhaaaaaaaa!Nãaaaaaaao!Berrou Minoko, desesperada!
O tiro tinha atingido o pulmão direito, e a varado de fora a fora, e com a perda de sangue, a pressão caiu demais e ela desmaiou.
Agora o olhar de Minoko tinha a expressão de um tigre caçando. Ela rosnava por entre as lágrimas,com uma cara medonha e sua mão incrispou-se no cabo da espada.
Mas dois dos homens estavam atrás dela, e a seguraram pelos braços.Um terceiro aproveitou-se que ela estava prêsa e tirou as roupas de Rei e começou a estuprá-la enquanto ela agonizava, sem consciência.Ao ver o corpo da "filha" sendo brutalmente violado, sacudido para frente e para trás, a raiva subiu-lhe à cabeça mais ainda,e ela passou a enxergar tudo vermelho.Adquiriu uma fôrça sobre-humana, repentinamente, desvencilhou-se dos dois homens, e alcançou a espada que era de Rei.
Com uma espada em cada mão, ela saltou no ar como um tigre, girou em volta do seu próprio eixo, e as cabeças de todos os bandidos voaram longe, arrancadas pelas lâminas afiadíssimas!Todos eles tombaram mortos.
Ela então correu para a filha.Agora não havia apenas o buraco da bala: os ossos da bacia da menina estavam separados entre si e as pernas, com os músculos rasgados pela excessiva brutalidade do bandido, não se fechavam mais, e tudo naquele meio estava arrombado e destruído, com torrentes de sangue escorrendo pelas pernas.
Minoko, se sentindo culpada, debruçou-se em cima do peito da filha e chorou escandalosamente, com uma dor que parecia fazer seu coração pesar toneladas, um vazio na alma que lhe doía como as chagas do inferno,insuportáveis,e a culpa lhe pesava na consciência, como se ela tivesse uma prensa enorme na cabeça, esmigalhando-lhe o crânio!
Foi então que sua orelha, mergulhada no kimono aberto ensopado de lágrimas e sangue,percebeu o som de batimentos cardíacos muito fracos, e que pareciam estar fraquejando! Rei estava morrendo !
Minoko só então lembrou-se de seu poder de cura mágico.Se havia ainda uma fagulha de vida naquele corpinho delicado de menininha, havia uma esperança!
Munida da mais forte e autêntica vontade, esperança e amor,ela decidiu tentar salvar a garotinha da morte.Ela levantou o corpo da menina, ainda pingando sangue, o abraçou, e com as mãos nas costas da criança ela orou para que fosse salva.E concentrou-se na tarefa de transmitir mais um pouco de sua vida à da menina.Imaginou fazer fluir por suas mãos o amor e o carinho que tinha por ela por suas mãos até o coração da menina.Em sua mente, Minoko e Narumeshi davam-se as mãos e uniam-se num beijo,transmitindo, ambos, seus amores de mãe e pai para a menina, de todo o coração.
Eis que a mágica realmente começou a fluir, e envolveu o corpo da garotinha numa aura mágica de um azul muito intenso e brilhante.
Um beijo na testa da menina, e lágrimas escorreram para dentro da boca dela,levando mais mágica do amor familiar diretamente ao cérebro da menina.
Minoko depositou o corpo no chão, e fez um corte no dedo anular da mão esquerda,e o fio de sangue correu pela boca da menina.Então o fio se transformou em uma torrente, e foi devolvendo à criança o sangue perdido.
Foi quando Minoko novamente abraçou o corpo da menina ainda inerte.
Então um frêmito começou a percorrer aquele corpo infantil, e os olhinhos começaram a se revirar por baixo das pálpebras fechadas,denotando que o corpo sentia dores, e espasmos se propagavam pela criança em ondas.Minoko notou que Rei tinha dificuldade de respirar, como se estivesse sufocada.
Ela então virou-a de costas para si, e dava pancadinhas em suas costas, com a cabeça da menina para baixo, e gritava:
-Respira! Respira pelo amor dos Deuses !Respiraaaaa!
E as lágrimas rolavam rosto abaixo de Minoko,desesperada.
Só então uma nova convulsão assaltou ocorpo da menina, e ela começou a vomitar sangue, muito muito sangue.
Mas na verdade aquilo era um bom sinal, pois mostrava que ela estava expulsando o sangue acumulado nos pulmões.Quando finalmente parou, o coração começou a bater mais forte, e a respiração, antes difícil e desesperada, agora era leve e ritmada.
Rei finalmente abriu os olhos e recuperou a consciência.
-Rei!Oh, Rei! Filha, minha filhinha! Seja bem vida à Vida, meu amor !
Depois de tossir um pouco, e cuspir um pouco de sangue residual, Rei soltou sua voz fininha de criança:
-Obrigada,mamãe....obrigada!
-Ai, Rei!
E Minoko a abraçou forte,acariciando seus cabelinhos ao vento.
Depois de se recuperar e parar de chorar, ela disse à menina:
-Vamos recolher logo esta lenha e vamos voltar ao acampamento!
Depois da lenha recolhida, as duas voltaram ao esconderijo, onde toda a trupe, acrescida de Mutsumi ,Shinobu e sua filha, as esperavam.
Mutsumi ficou horrorizada quando viu a filha adotiva com o kimono todo ensopado de sangue.Minoko então contou a todas o acontecido, e todas foram unânimes em abraçar Rei, lhe dar os parabéns e cercá-la de carinho.
-Minoko-san?Eu nunca, nunca vou ter como lhe agradecer por salvar minha criança!
Por favor, tome isto como um pequeno agradecimento!
Depois de dizer estas palavras, Mutsumi tomou Minoko de assalto, e beijou-lhe profundamente a boca.
Após uma certa surprêsa, e de ficar com os olhos arregalados,Minoko se entregou ao beijo, e a beijou como só um homem o faria.Dali há pouco começou a mão boba por todo o corpo da guerreira, que, surpreendentemente, não deu bola, e continuou no beijo, até que Kogyo, enciumada, disse:
-Eeee, este beijo não vai terminar não?Isto aí está muito longo para um beijo de agradecimento!
As duas finalmente terminaram o beijo.Na verdade a preocupação delas era das crianças estarem vendo, mas elas estavam distraídas, brincando de pega-pega entre si, e nem reparando.
Então seguiu-se a festa, teve bolo e refrescos, e doces típicos japoneses.Rei, que amava doce de feijão, se lambuzou de tanto comer !
Amanheceu novo dia, e finalmente era dia da despedida.A encomenda do Suserano foi entregue, e Shinobu pagou o salário a toda a trupe, que agora tinha novamente um bom dinheiro para viajar.Na porta da loja, elas se despediram de Shinobu,sua filha e Mutsumi.
A despedida de Rei para com sua filha adotiva foi comovente.As duas choraram muito, mas Rei realmente queria se unir a trupe, e pediu desculpas e agradeceu à sua verdadeira mãe adotiva.
-Não se esqueça nunca, filha, de que tem alguém aqui que a ama muito, e sempre estará ao seu lado para te proteger!
Era a prmeira vez na vida,que Mutsumi chamava Rei de filha.
-Nunca vou me esquecer de você , mamãe.Um dia vou crescer, e poder protegê-la também! Eu te amo, te amo muito...mamãe!
Ao ouvir aquelas palavras doces, não apenas Mutsumi, mas todas elas, se comoveram profundamente com o significado daquele gesto tão profundo.Mas para Mutsumi, aquilo foi especial,pois também Rei nunca tinha chamado Mutsumi de mãe antes.
Finalmente se despediram.
Mutsumi viu todas elas indo embora, e a poderosa guerreira samurai, forte e rígida como uma rocha,desabou a chorar desabaladamente nos ombros de Shinobu, que a tentava consolar sem sucesso, e por horas ficaram abraçadas uma à outra.Mutsumi nunca tinha se sentido tão sozinha na sua vida, e aquela depressão toda iria demorar à passar.
Agora toda a trupe estava livre de novo, e agora, com o acréscimo de Rei.Caminhando pelas estradas afora iam conversando, mas ali também um coraçãozinho de criança ia dividido.Ela sentia que tinha duas mães, que a amavam, e que ela amava profundamente, e sentia a insegurança do imprevisível do futuro...
Elas não sabiam, mas os Ninjas do Xogum não demorariam a encontrá-las.
Estavam há poucos dias de caminhada de Kyoto, e iriam ver pela primeira vez em suas vidas uma cidade grande e lendária, e muitas aventuras ainda estavam por vir!
Caminhando pela estrada, nossas heroínas conversavam entre elas:
-Fushiko, sabe o que estou pensando agora?
-Um bom prato de arroz com curry?
-Não,Namya, nada disso!Vocês repararam que depois que passamos por aquela aventura no capinzal, que não foi só o Kinji quem sumiu?Onde estará a Chitose?
-Chitose?É mesmo !Agora é que reparei! Depois do duelo com o Seisaro,eu achei que tínhamos encontrado todas da nossa turma, mas eu me esqueci da Chitose...
-Acho que ela ficou para trás, Minoko.Lembra que todas nós, morrendo de fome fomos parar na casa da Shinobu?Pois é, eu me lembro, ela foi a última a se levantar e ficou para trás.Mas a gente estava com tamanha fome, e tão preocupadas cada uma com nossa própria sobrevivência,que nem nos lembramos dela !
-Puxa, que chato, ela deve estar fula da vida com a gente por tê-la deixado para trás e termos nos esquecido dela !
-Deve mesmo,Kareni, se é que ela ainda está viva...se é que não acabou morrendo de fome no capinzal...
-Vira esta boca para lá,Fushiko!Respondeu Kareni, irritada.
-Mamãe, quem é Kinji e Chitose?
-Ah, Rei, Kinji é um agente secreto do Xogum de Nagoya, e era apaixonado por mim.Depois da nossa batalha no capinzal, o covarde fugiu e desapareceu.Já a Chitose é uma mocinha muito bonita e boazinha, filha de um estalajeiro que a gente conheceu, e ótima arqueira,ela participou com a gente da Batalha do Capinzal, e acabou ficando para trás, e se perdeu da gente,é uma pena, pois ela é uma boa amiga.
-Ah, entendi, mamãe.Mas o tal do Kinji não merecia a senhora, porque era um covarde, fugia da luta...
-Senhora...Disse Fushiko entre risinhos, para depois explodir:-Ahahahahahahahahah! Esta é boa ! Chamou a Minoko de velha ! Ahahahahahahahahahah!
Minoko ficou furiosa:
-Fushikooo! Quer apanhar?É uma questão de respeito, agora eu sou a mãe adotiva dela e,a segunda mãe na verdade, pois a primeira sempre vai ser a Mutsumi- sensei,e o modo dela falar é apenas uma expressão de respeito por mim!
-Sim...senhora!Ahahahahahahahahahah!
Minoko, enfezada, e saindo fumacinha pelas orelhas, lhe deu um cascudo na orelha.Rei, imitando a mãe, pisou com toda a força no pé de Fushiko.
-Aaaai! Doeu, pombas !Está bem, desculpem, vocês duas!
O resto da trupe deu risadas, enquanto Fushiko pulava numa perna só de dor.
-Ei, olhem lá na frente:tem uma moça, caminhando com um monge budista lá na frente!
-Oras, Namya,o que uma garota tão jovem está fazendo junto a um bonzo careca no meio da estrada?Estranho...
-Eu também acho esquisito, Kareni, mas, reparem bem, ela não lembra a Chitose?
-É, agora que você falou, o cabelo, a estatura, lembram muito à ela mesmo,Kareni !
-Então é só adiantar uns passos e perguntar para ela,Kogyo!Chitooooseee!Gritou Fushiko.
A moça virou a cabeça, ao ouvir o grito escandaloso no meio da estrada.Ao ver a trupe,ela imediatamente abriu um sorriso!
-Mas é ela mesma ! Que coincidência incrível!Disse Minoko, correndo a abraçá-la !
Todas as outras também correram para ela.
Depois de devidamente cumprimentada, Chitose, com seu kimono fino e elegante, disse:
-Bom dia, garotas ! Que saudades ! Há quanto tempo não nos víamos !
-Seja bem vinda, Chitose!Desculpe-nos por nos termos esquecido de você!
-Imagine, Minoko!Bom, deixem-me apresentar meu Mestre; Este é o Monge Arqueiro Toppei , um grande Mestre na arte do arco e flexa.Ele fazia parte de uma Seita budista de monges arqueiros, lá de Sado, e viaja pelo Japão em busca de conhecimento.Quando estávamos morrendo de fome no capinzal, eu acabei desmaiando e ficando para trás, e Toppei-sensei me achou e me levou à cabana dele, e me tratou como uma filha.Me deu comida, e depois que contei a minha estória e de vocês, ele teve a gentileza de me oferecer para me treinar na arte do arco e flexa, já que ele viu que eu tinha um bom potencial, e me treinou em todas as técnicas desta arte marcial maravilhosa, sem falar que me fez ler muitos e muitos livros, me ensinou a arte da caligrafia e da poesia,enfim, me abriu os olhos!
-Huuum, tem certeza de que não está apaixonada por ele, Chitose?
-Imagine, Fushiko, deixe de ser maldosa !Ele é como um pai para mim, não é mestre?
-Sim, minha jovem.Chitose-san é uma aluna muito dedicada e esforçada, e um dia será uma grande arqueira.Tem talento! Sem falar que é grande poetisa, dona de grande sensibilidade ! E ela me falava muito da senhorita, Minoko-san!
-Oh, é...é mesmo,Toppei-sempai?
Respondeu Minoko, toda envergonhada, o que deixou Kogyo louca de ciúmes outra vez.
-Sim, mas falou muito de todas também, não sejamos injustos! Estamos indo para Kyoto, não gostariam de nos fazer compania?Eu tenho de encontrar um velho amigo lá, e Chitose -san não queria ficar sozinha, por isto veio comigo.
-É...pode ser...Respondeu Minoko.
-E Minoko,quem é esta garotinha linda, que fica agarrada em você como se fosse sua filha?
-Ah, Chitose, é minha filha adotiva, a Rei. Vamos continuar caminhando juntos, que vou te contar a estória dela, na verdade, tudo o que aconteceu depois que nos separamos...
(Por continuar)