A cidade - (3° parte do livro A vida na morte)
Quando atravessaram a porta dos infernos o que eles encontraram foi uma linda cidade. As casas, prédios e os templos tinham alguns detalhes em ouro. Não existe moeda corrente, tudo o que vale é o trabalho feito, com isso todas as pessoas eram felizes, tinham casa, alimento e uma paz que nosso herói não sabia explicar. Sempre tinha, na área entre a porta e o começo da cidade, uma comissão para receber os novos mortos, todos alegres, as mulheres pareciam aquelas de comercial de perfume, e isso o animou muito, os homens eram todos vestidos de terno, todos elegantes. Depois do encontro com os recepcionistas cada um seguira com um recepcionista, mas antes disso:
Desconhecido: A gente vai ser vê?
Herói: Sim, num futuro próximo.
Desconhecido: Certo, até mais então.
Herói: Até.
Ele era um senhor de idade, um pouco calvo, mas parecia ter uma saúde muito boa se não estivesse morto. Foi o que pensou o nosso
Herói sobre o seu recepcionista.
Herói: Estamos mortos?
Recepcionista: Tecnicamente sim.
Herói: O que faremos agora?
Recepcionista: Iremos conhecer a cidade e vê no que você quer trabalhar.
Herói: Pensei que depois da morte teria um descanso.
Recepcionista: Não, Como manter uma cidade sem trabalho? A diferença é que aqui você não passa fome e trabalha somente 4 horas por dia.
Herói: Seria ideal se o mundo fosse assim. Trabalhar quatro horas por dia e não oito ou mais e o resto poderia ser para o ócio produtivo, ou então, continuar trabalhando por vontade própria. Capitalismo selvagem é uma doença, mas essa idéia está tão impregnada na nossa cabeça que é difícil imaginar um mundo diferente.
Recepcionista: Aqui funciona mais ou menos assim. Nas horas vagas as pessoas dançam, bebem, cantam, namoram, escrevem, dormem. São felizes.
Herói: Seria Deus um homem mais evoluído?
Recepcionista: Chega de papo, vamos ao trabalho, conhecer a cidade.
Enquanto conversava com o nosso amigo morto velho, o Herói observava que estavam passando por uma pequena floresta que ficava em torno da cidade. Passado uns minutos, eles já observavam umas casas simples e bonitas, que foi explicado pelo recepcionista, era o lugar onde os mortos moravam.
Herói: É aqui onde eu vou morar?
Recepcionista: Sim
Herói: Que bonito.
Após passarem pelas aglomerações de vilas, finalmente, eles chegam ao centro, numa concentração de lojas e fábricas. O céu era azul, o ar limpo, as fábricas não poluíam e agradável de viver.
Herói: Então é aqui que vou trabalhar?
Recepcionista: Sim, é aqui. Antes vou te apresentar a uma nova família.
Herói: Como assim?
Recepcionista: Todas as casas estão ocupadas, melhor que viver na rua, né?
Herói: Sim, mas porque não constroem novas casas? Aqui vai parecer às prisões na terra?
Recepcionista: Não precisa, as pessoas voltam para terra, sempre.
Herói: Quer dizer que não tem descanso?
Recepcionista: Aqui você descansa.
Herói: Quando a terra for parecida com aqui iremos só mudar de dimensão?
Recepcionista: Você não tem escolha.
Herói: E você? Não vai para o outro lado?
Recepcionista: Tenho privilégio de escolher onde ficar.
Herói: Quer dizer que Deus também cria as elites, realmente, tenho que conversar com ele.
Recepcionista: Chega de papo, vamos conhecer a sua nova família.