Mirabela - o amargo sabor do destino- Continuação -

E no domingo, cumprindo o combinado, Fabricia estava de volta á casa de detenção onde o preso da quadrilha de Mirabela estava detido.

Lá chegando, ela o procura com a falsa desculpa de ser a namorada do sujeito.

- Oi, Sacatraca! como você pode ver; eis-me aqui, cumprindo o prometido.

O homem a encara dando voltas em tôrno dela, como uma fera que necessita conferir a presa antes de devorá-la. Depois, balançando a cabeça positivamente lhe diz:

- Você está linda!

- Obrigada! mas me forneça logo este bendito endereço, por favor. E segurando-a pelos ombros, elevando a mão até o pescoço dela, ele afirma:

- Calma gata! Parece que está esquecendo o nosso trato. Este endereço é algo muito secreto, não pode ser entregue assim, a céu aberto. Temos que ir até o meu quartinho improvisado.

Não era dificil supôr até que ponto chegaria o caráter e a dignidade de Fabricia. Diante de sua ignomínia era fácil entender o tipo de mulher que alí estava. De uma frieza incalculável, chegando ao mais baixo nível e rendendo-se aos mais torpes dos limites. Capaz de vender a própria alma ao diabo por um simples capricho, ou até mesmo arriscando a vida por uma ambição descontrolada.

E apertando-a fortemente, o homem tem curiosidade em saber qual o seu real interesse no tal D.Vaggio.

- Você ainda não me disse para que quer saber do esconderijo do poderoso chefão.

- Coisa minha!

- Só sua não! Eu também tenho interesse neste assunto..

- Então! quero pedir a ele que liberte Mirabela e de quebra, falo de você também.

E no presidio em que estava Mirabela, a tensão era imensa. O esquema de fuga havia acontecido conforme o combinado pela detenta Florence e a carcereira Olga. Florence, Mirabela e outras presas haviam fugido a noite. Santiago que havia voltado lá, chegou muito tarde. Ele que tinha tanto a dizer, sentia agora o peso do ressentimento cair sobre sí. Somente agora conseguira entender que dentre todas as dores, a do remorso era a pior. Não! ele não deveria ter duvidado de um amor tão sincero quanto o que ela havia lhe declarado na visita anterior. Sente-se um inútil e em seu peito havia a estranha sensação de desperdício. Como se estivesse jogado fora toda a sinceridade que ela lhe demonstrara áquele dia.

Por um momento sente-se satisfeito e estranhamente feliz, afinal, ainda restava pelo menos um pouco daquela doce menina que outrora existiu. E isso não era um mero acaso, mas sim um fato. Afinal, aquela vida desgraçada e infeliz que ela agora estava levando, não foi por sua opção, mas contra a sua vontade. E isso era um exemplo de dignidade[ mesmo que uma dignidade obscura, perdida em meio a tantos erros e ações detestáveis], a dignidade de dar a sua vida em troca da vida da avó.

greice
Enviado por greice em 15/12/2010
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