Mirabela- o amargo sabor do destino - continuação-
Enquanto isso, Fabricia chega em casa sorridente. Já passava das vinte horas, seus pais estavam muito nervosos. Ela entra cantando e cheia de disposição para ajudar aos pais no bar que detestava.
- Pai, mãe: o que querem que eu faça? hoje eu estou muito feliz, vou ajudá-los no que for preciso.
O senhor Ananias, seu pai, a repreende de forma grotesca:
- Espera um pouco! de onde a senhorita vem a estas horas? e o que andou aprontando por aí para vir assim tão prestativa? você não gosta de trabalhar aqui!
- Nossa! que falta de confiança. Será que o senhor não gosta de me ver feliz?
- Em se tratando de você, Fabricia, pode-se esperar tudo.
- Bem! eu vou me trocar, depois volto para ajudar a vocês aqui.
A senhora Paroquisa a observa com um certo ar de preocupação, afinal, conhecendo a filha como conhecia, sabia que ela estava aprontando alguma.
E santiago também chega em casa, porém revoltado e apreensivo. Ao subir as escadas, é impedido pela mãe que o chama:
- Santiago! onde esteve, filho?
- Por aí! com licença, mãe, vou descansar. Estou muito cansado.
Chegando em seu quarto, ele chora copiosamente. Está desorientado, sem saber o que fazer. Anda de um lado a outro esmurrando paredes e chutando os móveis do quarto. De repente, bate fortemente no peito como que odiando aquele sentimento que teima em lhe desafiar. O amor que sentia por Mirabela estava alí, impregnado como raiz no fundo da terra, um amor forte que chegava a lhe doer o peito.
Na cadeia, Mirabela também sofria. Ela não se conformava com a desconfiança de Santiago. Estava menos suscetivel quando ele a acusava de criminosa, afinal, ela realmente era uma criminosa. Até a acusação de falsa e interesseira, ela suportou. Mas, vulgar ela sabia que não era, a sua reputação era, talvez a única coisa que conseguiu se salvar em meio a tantas atrocidades cometidas por ela. Tinha sido muito fiel a Santiago, mesmo que isso não fizesse muito sentido, ela foi fiel até o fim. Até porque o interesse de D.Vaggio e sua quadrilha por ela era de cunho comercial, no sentido mais amplo da palavra.
E enquanto divagava isolada num canto a soluçar, eis que Florence, se aproxima:
- O plano está quase no ponto, não há muito tempo para pensar. Se você vai fugir com a gente, tem que resolver logo! e então?
Mirabela ergue os olhos vermelhos quase não entendendo muito do que se tratava.
- O quê?
Florence abaixa-se até ela, que estava sentada no chão, e encorajando-a lhe diz:
- Ânimo mulher! pare com esta choradeira, ah! quanta fraqueza! Decida: vem com a gente ou não? nosso plano já está feito, só falta colocá-lo em ação.
- Podem contar comigo!