Sou um tarado! E Daí?

Prólogo:

Observem que escrevi: “SOU UM TARADO” e não “sou o tarado”. Tarado é um adjetivo! Em várias ocasiões eu já afirmei que não quero e tampouco desejo ser considerado um substantivo insulso. Prefiro ser, por um breve instante, um amalgamado de propósitos edificantes, um adjetivo lírico, querido, útil e necessário, embora incompreendido.

Ser um tarado não significa, necessariamente, ser um sonhador devasso, doido e desequilibrado cheio de volúpia que “só pensa naquilo”. Prefiro ser adjetivado UM TARADO a ser um hipócrita mal-amado sofrido, enrustido; um recalcado ou homófobo com obsessões pouco ou não resolvidas; um bem ou malcasado com a síndrome de corno manso, ordeiro e pacífico.

No Aurélio encontrei e gostei do que li:

a. (Adjetivo).

1 Bras. Que apresenta perversão, esp. sexual; DEPRAVADO; DEVASSO.

2 Bras. Pop. Que tem interesse exagerado por algo; OBCECADO: É tarado por carro antigo.

3 Que tem falhas; DESEQUILIBRADO.

4 Fig. Que apresenta falhas ou defeitos.

5 Que é marcado com o peso da tara .

sm. (Substantivo masculino).

6 Aquele que apresenta perversão, esp. sexual: O tarado do parque foi preso e condenado.

7 Aquele que tem interesse exagerado por algo.

[F.: tara + -ado.]

Mas também encontrei em pesquisa aleatória o seguinte:

adj. (Adjetivo).

1. Pesado com desconto de tara.

2. Que tem marcado o peso da tara.

3. Que ou aquele que é degenerado ou desequilibrado sexual. 4. Gir. Apaixonado; fascinado; fissurado.

5. s.f.(a) tarada. 1- O caminhão está tarado.

2- A embarcação está tarada.

3- Foi abordada por um tarado.

4- Sou tarado por uma loura.

Sobre a palavra TARADO Caetano Veloso canta e decanta:

“Gosto de ficar na praia deitado.

Com a cabeça no travesseiro de areia.

Olhando coxas gostosas pro outro lado.

Das mais lindas garotas e também das mais feias.

Porque são todas gostosas e sereias.

Pro meu olhar de supremo tarado. tarado.” - (Caetano Veloso / Jorge Mautner).

Os diletos leitores e excelsas divas leitoras haverão de querer saber em qual sentido sou um tarado. Ah! Isso é ótimo. Essa curiosidade me fascina. Consegui despertar esse interesse e responderei sem nenhum receio de contaminar minha gênese.

Sou um tarado por uma loira! Sim. Uma loira bem gelada. A marca? Não temo estar fazendo propaganda gratuita: Bohemia pela confiabilidade e qualidade do produto. Escrevo "um tarado" e não "o tarado" porque sem sombra de dúvida há dezenas de centenas de milhares de outros tarados recônditos por esse esse mundão afora.

Ela (A loira gelada), objeto de minha tara não grita e tampouco geme, igual a minha dulcíssima Analu quando está sendo empalada, sem dizer onde ou quando quer, embora eu muito precise ouvir isso dos seus lábios em forma de flor - para enaltecer minha libido -, o quanto deseja ser bebida, amada, lambida, degustada, penetrada de inopino por raros momentos sublimes, sem-fim.

Nas madrugadas frias ou quentes, nos dias gelados ou chuvosos, no verão, no inverno... Que importa? A loira gelada será acompanhada de QUEIJO, seja o gorgonzola, minas, frescal, prato, parmesão... Queijo de coalho comprado na Feira da Prata ou Feira Central... Depois das seis primeiras garrafas de 600 ml o tira-gosto é o que menos importa.

Minha amiga e doce menina-moça Analu adora batatas fritas para acompanhar até um bom Promis DOC Toscana 2006 (Ca' Marcanda/Gaja). Fazer o que? Há gosto pra tudo. Há quem goste até de não fazer nada ou tudo, igual ao Caetano Veloso quando canta: "Gosto de ficar na praia deitado. Com a cabeça no travesseiro de areia. Olhando coxas gostosas...".

Existe uma sublime exceção: A santa e quase já promovida à santíssima não necessita de nenhum refinamento para provar sua feminilidade, pois ela é exageradamente educada, faceira, jovial, entusiasta e extremamente feminina!

Analu sabe ser como a descrevi no texto "A amante perfeita". Sem ser grude, pegajosa (coisa que homem nenhum gosta), é: Voraz, incansável, batalhadora, despudorada, tarada por sua origem feminil comprovada.

CONCLUSÃO:

Também posso afirmar que sou um tarado porque no texto “abaixo a hipocrisia”, publicado no Recanto das Letras, escrevi solene:

“Esse amor vil, bandido, inconsequente,

sublimado por vontades inconfessáveis,

castiga-me ao fazer emergir desejos secretos,

fazendo vir à tona pecados doidos, prazeres

ousados apenas nos sonhos obsessivos.”

“- Deixa-me esgotado física e mentalmente uma demorada felação,

o amor espontâneo, atrevido; quando todas as torpezas de outrora

são permitidas; onde tudo o que antes era praticado às escondidas,

hoje é visto e sentido na produção de espasmos sexuais dignificantes.".