A PEDRA FILOSOFAL
“Intu sola fient ruina manifesta.”
Um dia, um velho alquimista recebeu a visita de um amigo a quem não via há muito tempo. Feliz pelo reencontro, o alquimista resolveu mostrar-lhe o mais profundo dos seus segredos: a pedra filosofal, composto químico capaz de transformar metais comuns em ouro. Tomando um objeto de metal que o amigo lhe entregou, o alquimista derramou sobre ele um estranho pó de cor negra, e o artefato se transformou no mais puro ouro que ele jamais vira.
O amigo ficou fascinado por aquela transformação e a noite, não conseguiu dormir. Sor-rateiramente, levantou-se, foi até o laboratório do alquimista, pegou o pote onde ele guardava o pó milagroso e fugiu. No caminho, enquanto fustigava o cavalo, só conseguia pensar em quão rico ficaria, transformando em ouro todos os objetos metálicos que tinha em casa.
Hoje, no lugar onde ficava a casa daquele homem, só existe uma enorme e profunda cratera. Ninguém soube explicar o que houve, mas todos, naquela cidade, até agora se recor-dam da grande explosão e das altíssimas chamas que consumiram aquela casa. Os pedaços do corpo daquele homem tiveram que ser recolhidos a quilômetros de distância, e muitos deles até hoje ainda não foram encontrados.
***
Os antigos cavaleiros medievais, guardiães e protetores do Santo Graal, diziam que ele não se manifestava a quem não tivesse o coração puro. Assim, para encontrar o Santo Graal, não adiantava a nobreza da linhagem, a força e a coragem, se o espírito não fosse puro e isento dos sete pecados capitais: inveja, ira, usura, gula, lascívia, preguiça e avareza.
Da mesma forma, os alquimistas diziam que a pedra filosofal não poderia ser encontrada por quem não tivesse se purificado devidamente no processo operatório, tornando seu espírito tão puro quanto a matéria que ele trabalhava no crisol. Por isso, a alquimia, mais que uma operação química que procurava decompor o metal trabalhado até atingir a sua "alma", era uma "missa", um ritual, uma prática para religiosa, que buscava, antes de tudo, purificar o espírito do próprio operador.
Pedra filosofal, Santo Graal e Reino dos Céus são sinônimos da mesma alegoria. Todas são realidades simbólicas que estão dentro de cada um de nós, mas só se manifestam se nós formos dignos dela. Por isso Jesus disse: Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus face a face.
Os alquimistas, em suas manipulações, descobriram duas coisas: a pedra filosofal, arte-fato místico que transforma metais comuns em ouro e a consciência do operador em puro es-pírito, e a pólvora, composto químico que emancipa a guerra e torna inútil o valor pessoal do soldado. Ambos são compostos que apresentam as mesmas propriedades. Mais ou menos mercúrio, menos ou mais enxofre. Tanto podem dar a vida quanto causar a morte. É a forma e a finalidade com que os usamos que nos dá este ou aquele resultado.
Que Deus ilumine as nossas escolhas, pois são elas que fazem da alegria ou da tristeza, o piso do nosso caminho pela vida.
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* Só o interior torna a reína manifesta
“Intu sola fient ruina manifesta.”
Um dia, um velho alquimista recebeu a visita de um amigo a quem não via há muito tempo. Feliz pelo reencontro, o alquimista resolveu mostrar-lhe o mais profundo dos seus segredos: a pedra filosofal, composto químico capaz de transformar metais comuns em ouro. Tomando um objeto de metal que o amigo lhe entregou, o alquimista derramou sobre ele um estranho pó de cor negra, e o artefato se transformou no mais puro ouro que ele jamais vira.
O amigo ficou fascinado por aquela transformação e a noite, não conseguiu dormir. Sor-rateiramente, levantou-se, foi até o laboratório do alquimista, pegou o pote onde ele guardava o pó milagroso e fugiu. No caminho, enquanto fustigava o cavalo, só conseguia pensar em quão rico ficaria, transformando em ouro todos os objetos metálicos que tinha em casa.
Hoje, no lugar onde ficava a casa daquele homem, só existe uma enorme e profunda cratera. Ninguém soube explicar o que houve, mas todos, naquela cidade, até agora se recor-dam da grande explosão e das altíssimas chamas que consumiram aquela casa. Os pedaços do corpo daquele homem tiveram que ser recolhidos a quilômetros de distância, e muitos deles até hoje ainda não foram encontrados.
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Os antigos cavaleiros medievais, guardiães e protetores do Santo Graal, diziam que ele não se manifestava a quem não tivesse o coração puro. Assim, para encontrar o Santo Graal, não adiantava a nobreza da linhagem, a força e a coragem, se o espírito não fosse puro e isento dos sete pecados capitais: inveja, ira, usura, gula, lascívia, preguiça e avareza.
Da mesma forma, os alquimistas diziam que a pedra filosofal não poderia ser encontrada por quem não tivesse se purificado devidamente no processo operatório, tornando seu espírito tão puro quanto a matéria que ele trabalhava no crisol. Por isso, a alquimia, mais que uma operação química que procurava decompor o metal trabalhado até atingir a sua "alma", era uma "missa", um ritual, uma prática para religiosa, que buscava, antes de tudo, purificar o espírito do próprio operador.
Pedra filosofal, Santo Graal e Reino dos Céus são sinônimos da mesma alegoria. Todas são realidades simbólicas que estão dentro de cada um de nós, mas só se manifestam se nós formos dignos dela. Por isso Jesus disse: Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus face a face.
Os alquimistas, em suas manipulações, descobriram duas coisas: a pedra filosofal, arte-fato místico que transforma metais comuns em ouro e a consciência do operador em puro es-pírito, e a pólvora, composto químico que emancipa a guerra e torna inútil o valor pessoal do soldado. Ambos são compostos que apresentam as mesmas propriedades. Mais ou menos mercúrio, menos ou mais enxofre. Tanto podem dar a vida quanto causar a morte. É a forma e a finalidade com que os usamos que nos dá este ou aquele resultado.
Que Deus ilumine as nossas escolhas, pois são elas que fazem da alegria ou da tristeza, o piso do nosso caminho pela vida.
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* Só o interior torna a reína manifesta