Mirabela- O amargo sabor do destino -Continuação -
E cada vez mais, Mirabela torturava o senhor Manuel. Dizendo-lhe que seus dias estavam contados. Alimentava-o muito mal, ele estava vivendo somente a base de sopa. Certa tarde, ela chega ao cativeiro.
- Olá! sabe que dia é hoje? dia 15. O senhor lembra quando eu falei que do dia15 o senhor não passaria?
E dando voltas em tôrno dele, ela continua..
- Então, o dia da sua morte é hoje.
O velho fica branco e por pouco não desmaia, sentindo o frio da lâmina em seu pescoço. Mirabela, porém cai na gargalhada. Depois volta-se para ele:
- Pensando bem.. é melhor adiar esta morte para amanhã..
Ouvindo aquilo, o senhor Manuel respira aliviado e suando muito frio, lhe diz com uma voz ofegante:
- Eu sou diabético e hipertenso, dependo de medicamentos. Estou me sentindo muito mal, há dias que não tomo meus comprimidos. Por favor, tenha compaixão...
Ela continuava dando voltas pela casa com a arma na mão..
- E o que o senhor sugere?
- Por favor, liberte-me. Eu prometo que não denunciarei você.
Mais uma vez, Mirabela solta uma gargalhada estridente:
- Então o senhor continua achando que eu ainda sou aquela troucha? que eu sou aquela bobinha ingênua que o senhor chamou de golpista e despudourada? Acredita mesmo que eu seria tão idiota a ponto de deixá-lo ir embora, para quando sair daqui me denunciar na primeira delegacia que encontrar pela frente? nada disso! a sua saida daqui é direto para o inferno.
O velho homem tenta apelar para o sentimentalismo, acha que talvez a emoção a convença: - Pense que sou o pai do Santiago, o homem que você ama..
Ele quase consegue comovê-la, porque ao ouvir aquela frase, ao ouvir o nome de Santiago, Mirabela para por um momento. De repente inúmeras recordações povoam-lhe a mente e ela quase que permite que uma lágrima escôrra de seus olhos.
Porém, muito rapidamente torna a atual postura. E mais uma vez, dirigindo-se ao homem, ela lhe diz:
- Agora o senhor se lembra disso, não? por quê não me disse isso no dia daquela festa? no dia em que fez questão de me humilhar? pois agora, o senhor saiba que eu amei de verdade o seu filho. Eu tinha amor verdadeiro por ele e nenhum interêsse no maldito do seu dinheiro.
Neste momento, o senhor Manuel a encara com um olhar piedoso, e humildemente lhe pede desculpas: - Queira desculpar-me menina. Infelizmente eu, assim como milhões de pessoas por este mundo afora, não conseguimos enxergar nas pessoas, certos valores tão preciosos. Temos dinheiro, e como temos medo de perder o dinheiro que obtemos, passamos a acreditar que qualquer pessoa menos favorecida, só irá se aproximar da gente por interesse no nosso dinheiro. Mas, infelizmente a ganância não nos deixa ver que não é bem assim. Mas, me diga, o que a transformou nesta pessoa fria e cheia de ódio? por acaso foi o fato de não ter conseguido ficar com Santiago? responda-me..
Ela afasta-se lentamente, e com os olhos lacrimosos responde:
- Chega deste papo! O senhor já falou de mais por hoje..
Mas o senhor Manuel ignora a sua ordem e continua..
- Menina Mirabela, não adianta você tentar forçar uma personalidade que não tem. Você não é esta pessoa que tenta aparentar. Você é doce, meiga..
- CHEGAA! o senhor não vai me ludibriar com estas palavras de merda. Cala esta boca!
- Tudo bem! mas você sabe que estou certo.